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Comportamento

Usando linhas e agulhas, Betho se reinventou após 3 meses na cadeira de rodas

Depois de fraturar o fêmur e ficar imóvel em uma cama sem poder trabalhar, o cabeleireiro encontrou no crochê e costura um jeito de continuar criando.

Kimberly Teodoro | 23/01/2019 08:34
Com agulhas e linhas, Betho cria arte unindo tecidos que são peças únicas (Foto: Kimberly Teodoro)
Com agulhas e linhas, Betho cria arte unindo tecidos que são peças únicas (Foto: Kimberly Teodoro)

Nas mãos de Betho, agulha, linha e tecidos coloridos agora são bonecos de pano, bolsas e até lembrancinhas de casamento artesanais. O cabeleireiro redescobriu um talento de infância e a capacidade de criar arte com pontos firmes depois de ficar 3 meses em uma cadeira de rodas, se recuperando de acidente de bicicleta.

“O acidente foi em dezembro, bem na época das festas e por causa do recesso dos médicos e da fila de espera, fiquei 1 mês internado com gesso da cintura para baixo depois de fraturar o fêmur. Mesmo com a cirurgia, foram mais 3 meses na cadeira de rodas sem conseguir colocar o pé no chão e sem poder trabalhar, era um momento delicado em que tudo o que eu sabia fazer parecia não ter utilidade”, explica.

Betho é apelido que virou nome artístico de Humberto Olmedo, de 39 anos. Cabeleireiro há cerca de 20 anos, ele deixou a cidade natal, Amambaí, ainda na juventude para procurar novas oportunidades aqui em Campo Grande. Começou a viver da tesoura e esqueceu o talento de criança.

O investimento nas máquinas industriais foi recente, até ano passado Betho usava uma máquina de costura de mesa (Foto: Kimberly Teodoro)
O investimento nas máquinas industriais foi recente, até ano passado Betho usava uma máquina de costura de mesa (Foto: Kimberly Teodoro)

“Quando eu era mais novo, nunca tive amizade com as crianças da minha idade, mesmo os da escola eram apenas colegas. Sempre gostei de conversar com pessoas mais velhas e essa vizinha pintava, eu comecei a fazer aulas de pintura com ela, mas foram poucas aulas, porque eu morava no interior o dinheiro era pouco. Mesmo assim fizemos amizade, e conversávamos todas as tardes enquanto ela fazia crochê, aprendi olhando ela fazer”, conta.

Depois do acidente, veio o primeiro tapete e Betho nunca mais deu descanso para as agulhas. Além do barbante também passou a comprar metros de tecido para panos de prato e levá-los à costureira que fazia a barra e o acabamento para ele pintar e fazer bico de crochê. Deu tão certo que ele resolveu investir em um máquina de costura reta, dessas comuns para pequenos consertos caseiros e fazer ele mesmo a barra dos panos de prato.

Companheiros de costura, o gato Chico e a cadelinha Isabela estão sempre por perto (Foto: Kimberly Teodoro)
Companheiros de costura, o gato Chico e a cadelinha Isabela estão sempre por perto (Foto: Kimberly Teodoro)

As primeiras tentativas tinham emendas tortas e acabamentos soltos, mas com a prática os detalhes ganharam o cuidadoso toque da perfeição.

Hoje Betho voltou a trabalhar no salão de beleza, onde passa a maior parte do tempo, mas não tem planos de abandonar a costura. Os fins de semana, feriados e dias de folga são dedicados ao ateliê que ele mantém em casa, na companhia do gato Chico e da cadelinha Isabela, que além do carinho com o dono também são fonte de inspiração, já que ele adora animais (principalmente os gatos).

O quarto de paredes brancas é simples, muito organizado e decorado com trabalho do artesão. Para o futuro, Betho pensa em investir no próprio ateliê, alugar um espaço maior para receber alunos em casa, e ensinar o oficio da costura para outros artistas que ainda estão descobrindo o próprio talento. 

Cada peça é rica em cores e detalhes, carregando um pouquinho do espirito do costureiro, que apesar de reservado é alegre e cuidadoso na hora de escolher a composição dos tecidos, fechos, alças, e todo o tipo de aviamentos. Para ele, trabalhar com criação não tem uma fórmula,"A costura é um conjunto, meu estilo é mais colorido, mas harmonizado. Procuro unir isso aos gostos e preferências das minhas clientes, tento conhecer cada pessoa e desenvolver uma coisa bonita que leve a personalidade de quem encomendou", explica Betho, que também conta se inspirar em fotografias que encontra na internet e sempre visitar feiras de artesanato em São Paulo para trazer novidades.

Para o artesão, mais do que o retorno financeiro que hoje complementa a renda do salão de beleza, costurar é gratificante, principalmente ao ver a expressão de quem recebe as peças, "O prazer de entregar um trabalho e ver a pessoa sorrir e dizer o quanto gostou é uma sensação de realização única", conta.

Os bonecos de panco saem em torno de R$ 80, as bolsas por cerca de R$ 90, tudo depende do tecido e do material usado, com cada molde feito sob encomenda, Betho nunca fez duas peças iguais, o que para ele faz parte do encanto de trabalhar com artesanato. "Mesmo que uma cliente olhe as fotos e diga que quer uma bolsa igual, o modelo sai o mesmo, mas o resultado final é original", diz.

Para acompanhar o trabalho de Betho e encomendar peças, siga o perfil dele no Instagram @bethoolmedo.

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