ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 22º

Consumo

Alunos são escravos de marcas em performance sobre o consumismo

Adriano Fernandes | 16/05/2018 21:36
Roupas de "marcas" vestiam os escravos do consumismo, durante o manifesto no Shopping Campo Grande. (Foto: Reprodução Facebook)
Roupas de "marcas" vestiam os escravos do consumismo, durante o manifesto no Shopping Campo Grande. (Foto: Reprodução Facebook)

Performance de alunos do curso de Artes Visuais da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) gerou burburinho por onde passou nesta quarta-feira (16). Seja nas ruas do Centro, ou pouco antes de serem “convidados a sair” do Shopping Campo Grande, treze alunos traziam no semblante a submissão, como roupas de marcas famosas acusadas de usar mão de obra em condições análogas à escravidão.

A performance “Consumo humano” é resultado da disciplina Poéticas Contemporâneas do curso, e fazia uma crítica contundente ao consumismo nosso de cada, por meio da provocação. E conseguiu.

Vestidos com sacolas de indústrias como Apple, M.Officer e C&A, os alunos falavam de decadência e tristeza no vislumbre dos preços e vitrines. Do sentimento de dependência que clientes alimentam pelo consumo, explica o grupo.

Pelo shopping, o trabalho durou cerca de dez minutos, antes de chamar a atenção, não só dos clientes, mas também da equipe de segurança. Mas a abordagem, até certo ponto esperada pelos atores, também fazia parte da proposta.

Aluno dá vida a "zumbi" olhando as vitrines. (Foto: Reprodução/Facebook)
Aluno dá vida a "zumbi" olhando as vitrines. (Foto: Reprodução/Facebook)
Alunos sendo escoltados por segurança durante a performance, no shopping. (Foto: Reprodução Facebook)
Alunos sendo escoltados por segurança durante a performance, no shopping. (Foto: Reprodução Facebook)

“É necessário compreender que a performance é um gênero artístico e ela envolve um conceito, uma ideia, e através dessa ideia materializada, pretende causar um certo estranhamento em um ambiente e nas pessoas”, comenta o professor Paulo Duarte Paes, responsável pelo trabalho dos alunos.

“É um gênero que pressupõe o inesperado, caso precisasse de uma autorização para acontecer, não seria arte”, acrescenta Paulo. Com a permanência negada no shopping, os alunos seguiram para o Centro.

Depois do Shopping, a Afonso Pena, Rui Barbosa, 14 de Julho e Barão do Rio Branco, dentre outros cruzamentos foram palco dos estudantes.

Alunos por cruzamento da Afonso Pena, no Centro. (Foto: Reprodução Facebook)
Alunos por cruzamento da Afonso Pena, no Centro. (Foto: Reprodução Facebook)

A primeira reação de quem passava, segundo o professor era de espanto, mas o resultado saiu como o esperado. “Algumas pessoas acharam até que era propaganda ao ver eles vestidos com as marcas, mas a maioria delas conseguia captar essa nossa crítica ao consumismo”, comemora.

Paulo conta que o trabalho foi resultado de cerca de dois meses de pesquisa dos alunos do 7º semestre, voltados especificamente à escritores da arte da performance. Inédito até hoje, o trabalho ainda pode ser apresentado pelos estudantes no Festival de Inverno de Bonito, deste ano. 

Além de professor há dez anos na universidade, Paulo também é coordenador do curso de Artes Visuais da UFMS.

Nos siga no Google Notícias