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Consumo

Barbearia de quase 50 anos espera ter vida mais longa que a Playboy

Adriano Fernandes | 21/11/2015 07:12
Disponilizar as edições da Playboy na Barbearia São José, foi a forma adotada para atrair os clientes.(Foto:Gerson Walber)
Disponilizar as edições da Playboy na Barbearia São José, foi a forma adotada para atrair os clientes.(Foto:Gerson Walber)

Antes de largar o oficio e ir se dedicar à vida tranquila no campo, Milton Rodrigues Pereira, ou o “Baixinho Barbeiro”, como era conhecido, fez das revistas Playboy uma das marcas registradas da Barbearia São José, aberta em 1968 na Avenida Afonso Pena.

O artifício para atrair o público masculino é o mesmo desse tipo de estabelecimento mundo afora, mas em Campo Grande, a São José é uma das poucas a preservar essa tradição de macho.

Hoje quem toca a barbearia é o filho de Milton, Alexandre Pereira e, com o anúncio do fim da versão brasileira da revista a partir de 2016, os próximos meses vão marcar também o fim da tradição instituída por “Baixinho”. Também para por aqui a quantidade de situações curiosas em decorrência do fascínio por mulher pelada nas páginas da Playboy.

As revistas só nunca agradaram o público feminino.(Foto:Gerson Walber)
As revistas só nunca agradaram o público feminino.(Foto:Gerson Walber)

A barbearia é mais antiga que a revista de 40 anos e nunca houve a preocupação em colecionar as edições. Mas a memória ninguém apaga. Alexandre se lembra de uma época em que a barbearia era ponto de encontro de estudantes da região.

O "boca a boca" fez a popularidade crescer entre os adolescentes, mas o motivo, claro, era as revistas. “Vinham aqui, muitas vezes só pra olhar a Playboy. Eles contavam para os amigos: lá no meu barbeiro tem mulher pelada... e vinham todos. Esse aqui é um deles”, brinca apontando para o cliente sentado em uma das 3 cadeiras de barbeiro.

O cliente em questão é o corretor de imóveis Claudio Oliveira Sobral, que há pelo menos 30 anos frequenta a barbearia.

Na manhã da última sexta-feira ele estava por lá, iniciando o corte e olhando a edição de novembro da revista, com a "Índia Fitness" na capa da penúltima edição da Playboy.

A São José também fez parte da história da família dele. “Além de mim, já foram clientes aqui meu pai, avô... Eu me lembro quando meu pai me trazia aqui na barbearia. Tinha uns 13 anos”, diz.

O atual proprietário conta que teve cliente que chegou a adiar o corte, pelo atraso na edição da revista. “Tinham sempre que conciliar, o corte com dia de uma nova edição. Se não tivesse Playboy, os clientes não vinham”, brinca Alexandre.

Há anos existe a tradição de manter as edições da Playboy na barbearia.(Foto:Gerson Walber)
Há anos existe a tradição de manter as edições da Playboy na barbearia.(Foto:Gerson Walber)

Já entre as mulheres, o sucesso é o inverso. Teve marido que já foi proibido de frequentar a barbearia, garante Alexandre. “Por ciúmes, uma vez, a namorada de um cliente foi embora e deixou o cara aqui, com a revista dele”, recorda.

O dono lembra que colecionar as revistas nunca foi um hobby. "São só entretenimento dos clientes, entre um corte e outro". Com o passar dos anos, muitas edições foram parar no lixo, mas as recentes ainda estão por lá, nas poltronas de espera.

O fim da Playboy não vai derrubar o movimento pela barbearia, mas os clientes lamentam. “Com tanto mulher bonita por ai. Parar porque néh!?”, avalia Claudio, as gargalhadas, enquanto o colega de longa data, finalizava o corte.

O anuncio do fim da circulação da Playboy foi feito nesta semana pela editora Abril, distribuidora da revista no Brasil. Além da marca, as revistas Men’s Health, Women’s Health também deixam de circular. A decisão foi tomada devido a uma provável crise do segmento, em relação a concorrência de sites pornográficos.

A Barbearia São José fica na Avenida Afonso Pena, 713. O corte custa R$ 25,00 e a barba R$ 20,00.

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