Após anos em bares, Karina Marques vive nova fase cantando em alto-mar
De Campo Grande ao Mediterrâneo, cantora sul-mato-grossense agora faz carreira em navio
A cantora Karina Marques sempre foi presença certa nos bares e eventos de Campo Grande. A voz inconfundível que transita pela MPB, bossa nova e rock agora ecoa em alto-mar, diante de plateias que falam línguas diferentes, mas se encontram na universalidade da música. Jornalista e psicóloga por formação, cantora e compositora por vocação, a artista campo-grandense atravessa uma fase inédita, viver da música em um navio de cruzeiro no Mediterrâneo.
RESUMO
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A cantora Karina Marques, conhecida em Campo Grande, agora se apresenta em cruzeiros no Mediterrâneo, após um reencontro com um amigo do setor. Com formação em jornalismo e psicologia, ela ampliou seu repertório de 80 para 250 músicas e se preparou intensamente para a nova fase. A rotina a bordo inclui ensaios, apresentações e a convivência com uma equipe multicultural. Apesar das saudades e desafios, como a falta de internet, Karina valoriza as experiências e o reconhecimento internacional. Ela planeja continuar sua carreira, sempre com Campo Grande como seu porto seguro.
A ideia de cantar em alto-mar não nasceu de um planejamento de carreira, mas de um reencontro. Em fevereiro do ano passado, Karina encontrou o amigo Rodrigo Amém, veterano do mercado de cruzeiros. Ele foi ouvi-la cantar e lançou a pergunta que mudaria sua rota: “Você já pensou em tocar em navio?”
“Eu nem sabia que essa possibilidade existia. Fiz um cruzeiro no Brasil em 2009 e só vi bandas inteiras. Não sabia que contratavam voz e violão. Mas quando ele falou, aquela semente ficou. Eu vinha sentindo necessidade de dar uma guinada na minha carreira e aquilo parecia perfeito: viajar o mundo, fazer o que eu amo e ainda ser bem paga por isso”, conta.
Obcecada pela ideia, Karina montou um projeto de trabalho. Estudou inglês, aumentou seu repertório internacional de 80 para 250 músicas, contratou consultoria de uma cantora experiente nesse mercado e gravou todo o material exigido. Pouco depois, recebeu o convite de uma agência italiana para embarcar em uma rota pelo Mediterrâneo.
A preparação foi dura: exames médicos, vacinas, certificados de segurança, mala às pressas. “Foi uma prova de fogo para minha ansiedade. Sempre me considerei tranquila, mas ali minha saúde mental foi colocada à prova. Só relaxei de verdade quando toquei na primeira noite no navio.”
A vida em alto-mar
Hoje, Karina divide seus dias entre ensaios silenciosos na cabine, descidas rápidas nas cidades e as apresentações noturnas que dão sentido à jornada. Toca em média três horas por dia. O resto do tempo é preenchido por regras rígidas de convivência, nada de jeans ou tênis fora da cabine, sempre com crachá à mostra.
“Aprendi a viver sem internet, sem TV, sem arroz com alho do jeito que a gente gosta, sem carro e sem meus amigos. Mas ganhei outra família aqui. São brasileiros, italianos, indianos, árabes, africanos. Todo mundo se entende, mesmo falando línguas diferentes.”
Cantar em um navio é enfrentar desafios inusitados. “Às vezes o navio balança de repente e a música continua”, diz. Mas a maior diferença está no público. Em uma noite, espanhóis cantam boleros com ela. Em outra, brasileiros se emocionam com “Conselho”. Houve também o casal que celebrou 50 anos de casamento com sua trilha sonora.
Esses encontros fazem parte de um repertório que não para de crescer. Karina embarcou com 259 músicas e já soma quase 300. “Estou sempre tirando músicas novas porque ninguém aguenta o mesmo set. Isso me faz crescer como artista todos os dias.”
A rotina é atravessada por pequenas renúncias. A saudade da família, dos amigos e até do próprio gato. A ausência da comida de casa, da conexão à internet. Mas também por descobertas únicas: “A cor do mar da Grécia é de um azul que eu nunca tinha visto na vida. A cada porto, uma surpresa.”
Além de Veneza, Kotor, Mykonos, Santorini, o que marca Karina é a certeza de que escolheu o caminho certo. “Ver meu trabalho reconhecido do outro lado do mundo não tem preço. Volto para casa com um adjetivo novo: bravíssima!”
Ela planeja seguir em mais contratos, fazer um pé de meia e continuar vivendo experiências que a música proporciona. Mas não esconde que Campo Grande continua sendo o porto seguro. “É a minha terra. É para onde sempre vou voltar. E quero levar tudo que aprendi aqui para dividir com o meu público aí”, finaliza.
Karina tem compartilhado sua experiência e curiosidades no Instagram.
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