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Diversão

Família percorre bairros com circo, palhaços, magia e sonho de ser grande

Ângela Kempfer e Viviane Oliveira | 09/09/2011 17:05
Palhaço e a dança das cadeiras em quinta-feira de sessão. (Foto: Pedro Peralta)
Palhaço e a dança das cadeiras em quinta-feira de sessão. (Foto: Pedro Peralta)

Quatro pessoas são suficientes para horas de apresentação. Quem faz os espetáculos são 2 irmãos e as esposas. O Circo Irmãos Perez chama atenção no bairro Tiradentes pela simplicidade. A rotina da família é um mês em cada bairro da cidade, com ingressos a R$ 5,00 e, quando as coisas vão mal, abre a sessão carona e acompanhante não paga.

Apenas 8 lâmpadas e 2 refletores fazem a iluminação para o espetáculo que dura 2 horas do tipo tradição que resiste apesar das dificuldades. Não há arquibancadas, só 240 cadeiras de ferro, muitas delas enferrujadas. O figurino também não tem glamour, a maquiagem é o maior capricho dos artistas.

O grupo é aqui mesmo de Campo Grande e nunca fez outra coisa na vida. O pai, Paulo Vitor - o palhaço Caroço, ainda acompanha os filhos, mas aos 60 anos (todos vividos dentro do circo) agora só administra o negócio.

A mãe se divorciou do pai, mas ainda vive com a família. Sueli, de 52 anos, é a responsável pela venda de pipoca e de tudo mais que um circo tradicional pode oferecer. Ela mora em um pequeno trailer, enquanto o ex-marido vive no trailer ao lado. “A única coisa que temos em comum hoje é a paixão pelo circo”, comenta.

Capricho...
Capricho...
no ônibus que é moradia para família de artistas.
no ônibus que é moradia para família de artistas.
Público em platéia improvisada do circo dos irmãos Perez.
Público em platéia improvisada do circo dos irmãos Perez.

A casa de Wagner, de 34 anos, o caçula da família, e da esposa Nayara, de 20, é um ônibus, com alguns pequenos luxos, como ar condicionado e decoração no quarto improvisado do filho. Tudo com muito capricho.

A família quer ser maior e ganhar o Brasil. “A maior satisfação é montar o circo em um bairro e ver a lona bonita”, comenta Wagner. “Trabalhar em circo tem de gostar, amar, porque não é fácil. Mesmo que quisesse fazer outra coisa, não saberia, minha profissão é o circo”.

O filho Arthur, de apenas 3 anos, já é palhacinho. A mãe do menino é a mais animada da trupe. “Meu sonho é ver o circo crescer”. Para ajudar, faz mágicas, dança árabe e também palhaçada. “Sempre tive paixão, mas nunca imaginei trabalhar em algum”, conta a jovem Nayara que passou a ser artista depois de se apaixonar pelo apresentador Wagner, cantor e também palhaço.

Hugo, de 36 anos, o mais velho, é o palhaço Pitchula e também globista. A esposa Renata, de 21 anos, mãe de Ana Clara de 2 e Lara de 4, prepara as meninas como palhacinhas e acompanha a cunhada no bailado, na magia, além de fazer acrobacias em tecidos. Falante, ela explica a rotina de quem escolheu a vida itinerante.

Palhaço Caroço, o pai.
Palhaço Caroço, o pai.
Wagner e as acrobacias.
Wagner e as acrobacias.
Hugo, palhaço Pitchula.
Hugo, palhaço Pitchula.

A lona segue na ronda artística pelos bairros em uma carreta, que a cada parada também serve de moradia para Renata e a família. “Antes, há 2 anos, a gente tinha de pagar frete para levar a lona”, lembra Renata.

A trupe roda apenas os bairros de Campo Grande, por considerar as viagens muito caras. Quando a região “é boa”, diz Renata, a renda chega a R$ 2 mil por semana, garante.

Nas despesas do circo, há 3 funcionários e em alguns bairros até o aluguel do terreno e os cães de estimação Valente e Neguinha . A remuneração individual é de acordo com venda de produtos. “Eu faço maça do amor, o que vender, o dinheiro é meu”, explica Renata.

Para reforçar o orçamento, a cama elástica também é alugada nos intervalos do espetáculo.

Na sessão de quinta, cerca de 40 pagantes, uma noite boa para a realidade difícil dos artistas que teimam em manter a tradição circense.

A professora Waldelis Araújo, de 41 anos, levou o neto Daniel de 4 anos e o sobrinho Pedro de 5, que pela primeira vez foi ao circo. “Gosto desses circos em bairros porque é pertinho e barato. Gostei mais da mágica do paletó e da mala”, diz a moradora do Arnaldo Estevão de Figueiredo.

O Globo da Morte, que encerra a apresentação, impressionou Daniel. “Não machucou o piloto? Como ele consegue fazer aquilo? Vó, quero voltar amanhã de novo”, falava o menino sem parar.

As sessões são de segunda a segunda, sempre 20h30, com 2 horas de espetáculos. Aos domingos são duas sessões às 16h e 20h30.

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