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Diversão

Na terra do churrasquinho, bar com buchada de bode, tapioca e cangaceiro faz 6 anos

Ângela Kempfer | 26/09/2011 12:16
Pernambucano vendeu Belina e montou bar, depois de trocar Recife por Campo Grande.
Pernambucano vendeu Belina e montou bar, depois de trocar Recife por Campo Grande.

O bar com tapioca e buchada de bode chama a freguesia pelo colorido na fachada. As figuras dos cangaceiros, estampadas na parede do prédio na Vila Jacy, são apenas o começo do turismo, sem sair do cerrado. Com nordestino é assim: não importa a distância, a festa continua.

Dentro, há rede, santos, bandeirolas e outros elementos da cultura nordestina que transformaram a pequena tapiocaria e um ponto especial de Campo Grande. O dono, o “Pernambucano”, lá pelo meio da noite veste o chapéu de couro, pega a garrucha e sai pelas mesas oferecendo cachaça.

Há 6 anos, ele vendeu uma Belina velha, abriu uma portinha na rua José Paes de Faria, 77 (a Rua do Laticínio) e começou a vender tapioca na terra do churrasquinho. “Foi complicado. O povo chegava aqui dizendo: ‘se a tapioca estiver geladinha, desce uma’. Confundiam com a cachaça Ypioca”.

Cachaça Mata Vampiro, com alho.
Cachaça Mata Vampiro, com alho.

Romero Bastos Quirino, o Pernambucano, é performático. Sabe do peso comercial do que é diferente. Ele capricha no sotaque e inventa. Com a garrucha nas mãos diz que é do “SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente. Quero saber se tem alguma reclamação”, aponta a arma em uma brincadeira que sempre rende gargalhadas.

Ele veio para Campo Grande há 8 anos, depois de conhecer o Pantanal. “Fiquei louco pela cidade. Há um ditado que diz que é do inferno que se conhece o paraíso”, lembra ao comparar Campo Grande a Recife, capital que deixava o pernambucano estressado.

Depois de 2 anos vendendo motos, perdeu o emprego e ao experimentar uma tapioca na feira, resolveu investir no negócio. “Fui comendo tudo que eu trouxe para cá, carro, até celular eu vendi. Então comi a tapioca na feira, ruim pra danar, e fiz a proposta para minha esposa, para abrir a tapiocaria”.

Com a propaganda de boca a boca, vieram os clientes, as reportagens em diferentes jornais e os colaboradores. Artista plástico de Porto de Galinhas (PE) pintou a fachada e o interior. Clientes doam suvenir que trazem de viagens ao nordeste e, assim, o bar fica cada vez mais nordestino.

“Trouxe a literatura de cordel, que eu adoro”, comenta Milton Giacomini, freguês com vários livretos na mão, colocados lado a lado para quem quiser experimentar também as histórias em rimas.

Ao som de Zé Ramalho e Dominguinhos, o garçom passa com caldo de mocotó e entrega ao trio de amigos sentado em uma das mesas, em dia de bar lotado. Dois deles são nordestinos, mas moram em São Bernardo dos Campos (SP) e trabalham na instalação de um laticínio em Terenos.

O metalúrgico Pedro Gomes descobriu o local há 6 meses e agora a parada é certa quando está em Campo Grande. “Todo dia é dia de nordestino e de coisas do Nordeste”, justifica.

A conversa é interrompida pelo grito. “Quem quer pinga de Caju?”. De graça, começa a degustação de pinga. Tem verde, amarela, branquinha, com lagosta, camarão e até de alho.

“Esta aqui é a Toma Vergonha. Político sempre bebe quando vem aqui, mas acho que tá vencida”, brinca o dono. Também tem a Juízo, a Mata Vampiro e uma infinidade de nomes na rodada gratuita de água ardente.

Rita Lee nordestina.
Rita Lee nordestina.
Amigas em final de tarde na Tapiocaria.
Amigas em final de tarde na Tapiocaria.

A turma da AACC (Associação de Apoio das Crianças com Câncer”) já adotou a tapiocaria como ponto de encontro.

“Tenho um pé em João Pessoa. Antes tinha cangas penduradas para decorar, ele evoluiu muito”, avalia Miriam Correa, que depois de um dia de trabalho sentou com a amiga para um fim de tarde nordestino.

“Quando começamos a vir, havia cadeiras de fio, em volta de uma árvore. Na festa junina, de repente ele (Romero) puxou a quadrilha e todo mundo empurrou a cadeira e saiu dançando”, conta Fernanda Oliveira.

Uma das preferências da clientela é a tapioca de carne seca com pimenta, uma delícia realmente. Também há camarão, cuscuz, queijo coalho e até caranguejo. O preço, nada muito alto.

O Lado B levou 7 pessoas para conhecer o lugar, comeu bastante e ainda voltou com 3 tapiocas para casa e a conta foi de R$ 152,00, pouco mais de R$ 21,00 por pessoa.

No dia 8 de outubro, Dia do Nordestino, o bar terá forró ao vivo, com o trio Forró no Ar, com zabumba, sanfona e triângulo.

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