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Faz Bem!

Médico, restaurante, psicóloga. Ufa! Quem fez bariátrica precisa de disciplina

Liziane Berrocal | 27/04/2015 06:56
Uma bolsa cheia sempre a mão.
Uma bolsa cheia sempre a mão.

Desde que comecei a escrever sobre minha vida antes e depois da bariátrica aqui no Lado B, muitas pessoas passaram a enviar mensagens, e-mails e perguntas sobre como é a minha rotina após a cirurgia. Quem acompanha, já sabe que no começo eu vivi do céu ao inferno em alguns copinhos e que a escolha do meu médico e toda equipe foi fundamental. Mas o dia a dia mesmo, quem disser que não muda, estará mentindo.

A questão é que você tem que se adaptar. Eu, por exemplo, sempre tive uma rotina super atarefada. Tenho dois empregos, escrevo para três veículos semanais diferentes, faço faculdade à noite, sou esposa, tia e tenho dois dálmatas.

Antes da cirurgia, meu medo maior era sentir fraqueza nas pernas e não conseguir dar conta de tudo que tenho para fazer diariamente. Em resumo, não é isso que acontece e com 16 dias eu já estava pronta para o trabalho e trabalhando sem fazer grandes esforços, claro. Mas se eu disser que minha rotina hoje é igual a de antes eu estarei mentindo e, como aqui é um espaço para jogar a real, tem dias que o negócio é tenso.

A palavra chave é disciplina. A primeira coisa que muda é em relação a comida. Mesmo quando a dieta fica sólida (estou com quase quatro meses, então estou comendo quase de tudo) é complicado encontrar um restaurante que o tempero seja realmente natural e quem tem vida corrida, pode encontrar dificuldades.

Eu, por exemplo, almoço no mesmo restaurante que almoçava antes, o Maximus, onde sei que a comida não tem pimenta, a dona é uma fofa e me diz o que tem glúten ou não e sempre tem várias fontes de proteínas no cardápio. E o melhor, lá dá para comer por quilo. Mas por via das dúvidas, onde eu vou carrego comigo uma lancheira térmica com o que eu posso comer, até para não me arriscar em comer algo e passar mal.

Remédios? Para quem sofria até para tomar um anador, agora comprimidos, cápsulas e complementos são partes do meu dia a dia e estão na bolsa, na cômoda, na gaveta do escritório, na mesinha do computador, com bilhetinhos grudados para não esquecer. As vitaminas devem ser tomadas a risca conforme prescritas e os medicamentos seja para proteger o novo estomago ou para controlar a ansiedade fazem de você uma pessoa melhor, e eu digo isso por experiência própria (risos).

Outro lance que pega é que médicos passam a fazer parte da sua rotina. Lógico que isso para quem segue o tratamento à risca como eu estou seguindo. Quando fiz minha primeira consulta psicológica para a bariátrica há alguns anos o psicólogo questionou: “Você está preparada para ser paciente para sempre?” Aquilo pesou muito, e hoje eu entendo que é verdade.

Bom, vou falar para vocês da rotina de médicos. Ao sair do hospital o retorno é para tirar o dreno, de 7 a 12 dias depois, com o cirurgião gástrico. Depois, se for mulher tem a visita com o ginecologista, já que após a bariátrica a possibilidade de gravidez fica latente e é recomendável engravidar somente após dois do procedimento. A visita ao cirurgião fica mais espaçada com o tempo, por exemplo, agora vou ver o meu somente de dois em dois meses. E já tenho agendada a volta a endocrinologista, para que sejam refeitos os exames.

Ufa? Pensa que acabou? Agora vem a parte melhor. Existem outros três profissionais envolvidos na parte clínica que são companheiros sempre e sempre. Eu que tinha aversão a nutricionista, me apaixonei pela Mariana Corradi Gouveia que me atende e com ela aprendi que meu corpo é meu templo e precisa ser bem alimentado. E também é com nossas conversas quase diárias via whats e nossos encontros quinzenais que eu percebi que a cirurgia bariátrica é uma reeducação alimentar que conta com a ajuda preciosa de um estômago menor e que mesmo comendo menos, eu posso redescobrir o prazer de comer.

E também entra na jogada a psiquiatra. Sim, é preciso sim ter acompanhamento, para controlar ansiedade, para tratar da saúde mental e para se preciso buscar ajuda em caso de alerta vermelha. Há muitos casos em que a compulsão por comida muda para o alcoolismo, drogas ou compras, por exemplo. Esse controle é fundamental. Nesse caso, os encontros também são quinzenais, para controlar reações medicamentosas, conversar e ver como está o andamento das coisas.

E para terminar, vem o que eu considero a melhor parte desse processo todo. O relacionamento sério com a psicóloga. Se você tem algum problema com esse tipo de profissional, eu te digo, reveja os conceitos porque vai ser quase vital no processo todo. Eu tenho uma que foi eleita por mim após passar por algumas. O nome dela é Eliane Nichikuma e nossos encontros são duas vezes por semana onde ela me recebe com um sorriso e me coloca para pensar, ou como diz abrir as gavetas, e me dá a mão nesse novo caminhar que estou tendo com o novo corpo e a nova alma.

Então, se alguém que passar pela bariátrica, tem que pensar em como encaixar tudo isso no seu dia a dia. Claro que cada paciente tem sua rotina, outros talvez não precisem de algo tão intenso ou tem também aqueles que preferem tentar sozinhos. Eu prefiro não me arriscar e seguir cada recomendação que meus médicos passam. E se dizem que são feitos dois procedimentos um no estômago e outro no psicológico, eu digo que na verdade também são feitos furos na alma... Só que isso é conversa pra outra coluna...

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