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Meio Ambiente

Em março, Pantanal registra maior número de queimadas dos últimos 16 anos

Foram 602 focos de incêndio na região no mês passado, sendo 347% maior que no mesmo período de 2004

Lucia Morel | 03/04/2020 16:51
Incêndios se alastram pela planície e próximos meses devem ser ainda piores. (Foto: Sociedad Boliviana de Derecho Ambiental)
Incêndios se alastram pela planície e próximos meses devem ser ainda piores. (Foto: Sociedad Boliviana de Derecho Ambiental)


Março registrou o maior número de queimadas no Pantanal dos últimos 16 anos, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), analisados pela Wetlands International no Brasil, ONG (Organização Não Governamental) dos Países Baixos especializada em áreas alagadas.

Os números revelam que houve 602 focos de incêndio na região no mês passado, sendo o resultado 547% maior que o registrado no ano passado, quando ocorreram 93 focos e 327% maior que o recorde de até então, que ocorreu em 2004, quando 141 queimadas haviam sido registradas no bioma.

Infográfico: Wetlands International no Brasil
Infográfico: Wetlands International no Brasil

Detalhes da organização indicam que as poucas chuvas, aliadas ao tempo seco e à radiação térmica contribuíram com o quadro.

O Campo Grande News já apontava nessa direção em matéria do dia 25 de março, que mostrava que o Corpo de Bombeiros em Corumbá teve que antecipar a ativação da Sala de Situação, realizada todos os anos, a partir de abril, para acompanhar a questão das queimadas.

O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros e coordenador da Defesa Civil do Estado, Fábio Catarineli, explica que grande parte desse fogo é causado por ação humana. “Estatisticamente falando, cerca de 90% dos incêndios são causados pelo homem”, destaca.

Além disso, afirma que também contribui para esse cenário de recorde em queimadas no Pantanal a falta de chuvas ou, sua baixa intensidade, quando ocorrem. Também prejudicam o combate aos incêndios o difícil acesso às áreas que registram os focos.

Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) foram 48mm de precipitação durante o terceiro mês de 2020, sendo que a primeira chuva aconteceu no dia 13 de março e na última semana do mês foi registrado apenas 6mm. No mesmo período do ano passado choveram 58mm.

Infográfico: Wetlands International no Brasil
Infográfico: Wetlands International no Brasil

PRÓXIMOS MESES – O pico de casos de incêndio é setembro, segundo o coordenador, mas já este mês, as chuvas começam a ocorrer ainda menos, o que deve agravar a situação. “O pico das queimadas é setembro, mês pouco chuvoso e quando acontecem os grandes incêndios florestais, mas já estamos desenvolvendo ações para diminuir impacto deste ano”, pontua.

Algumas medidas já estão sendo adotadas para tentar reverter esse março atípico: a Sala de Situação Integrada, em que órgãos federais e estaduais se juntam no monitoramento e realizam ações de fiscalização, prevenção e combate ao fogo; o Plano de Estiagem, que também foi antecipado e divulgado pelo Corpo de Bombeiros na última quarta-feira (1º) e campanhas de conscientização estão sendo preparadas.

“Somente a conscientização das pessoas de que temos que proteger e preservar o meio ambiente trará frutos. Leva alguns anos para esses números diminuírem, mas temos fé que isso irá acontecer”, analisa Catarineli.

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