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Meio Ambiente

Expedição leva 425 mudas de pau-santo para área indígena Kadiwéu

Ação une pesquisadores, comunidade e brigadistas para recuperar locais degradados

Por Kamila Alcântara | 21/11/2025 14:55
Expedição leva 425 mudas de pau-santo para área indígena Kadiwéu
Pesquisadores em mata da Terra Indígena Kadiwéu, no Pantanal (Foto: Divulgação)

Uma expedição formada por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), brigadistas do PrevFogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e indígenas da comunidade Kadiwéu está em campo até 24 de novembro para restaurar áreas afetadas por incêndios na Terra Indígena Kadiwéu, no Pantanal.

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Uma expedição formada por pesquisadores da UFMS, brigadistas do PrevFogo/Ibama e indígenas Kadiwéu está realizando o plantio de 425 mudas de pau-santo no Pantanal. A ação visa restaurar áreas afetadas por incêndios na Terra Indígena Kadiwéu e preservar esta espécie ameaçada de extinção.O projeto Elegigo, desenvolvido ao longo de quatro anos, representa um marco na conservação do pau-santo, árvore rara encontrada no Brasil apenas no Pantanal chaquenho. A espécie é fundamental para a cultura Kadiwéu, pois sua resina é utilizada na produção da cerâmica tradicional da comunidade.

A missão prevê o plantio de 425 mudas de pau-santo (Bulnesia sarmientoi), árvore rara e ameaçada de extinção, valorizada há gerações pelas mulheres Kadiwéu na produção da cerâmica tradicional.

As mudas são resultado de quatro anos de estudos do projeto Elegigo, desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia da Intervenção da UFMS. De acordo com a coordenadora da iniciativa, professora Letícia Couto, a pesquisa une ciência, cultura e conservação. “O pau-santo é uma espécie de grande importância socioeconômica e cultural. Sua resina dá o tom preto característico do grafismo das cerâmicas elaboradas pelas mulheres do povo Kadiwéu. É um patrimônio do Pantanal, do Chaco e de Mato Grosso do Sul”, afirma.

A árvore, encontrada no Brasil apenas no Pantanal chaquenho, é considerada globalmente ameaçada. Letícia explica que os primeiros registros nacionais de fruto e flor da espécie surgiram apenas durante o projeto, em 2022 e 2023. “Vimos em nossos estudos que as projeções de mudanças climáticas são avassaladoras para essa espécie. Restaurar hoje significa evitar que ela permaneça nas listas de maior risco e garantir que outras espécies também sejam preservadas”, diz.

O trabalho de campo foi construído junto à comunidade indígena desde a coleta de sementes até a produção das mudas. Crianças participaram de oficinas e cada uma delas deu nome a uma muda que agora volta ao território. “Esperamos ver essas plantas crescendo nas áreas prioritárias e também perto das casas das ceramistas, para facilitar o acesso e fortalecer a cultura”, explica Letícia.

Durante a pesquisa, a equipe enfrentou dificuldades como o acesso remoto às populações de pau-santo, geralmente em áreas alagadas ou atingidas pelo fogo, e a raridade da floração e frutificação. Após diversas expedições, 163 indivíduos foram localizados, georreferenciados e monitorados. O empenho levou à primeira produção nacional de mudas viáveis da espécie.

Os plantios serão feitos em regiões indicadas pelos próprios indígenas e mapeadas com apoio do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e de brigadistas do PrevFogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) do Ibama. O projeto tem financiamento internacional do GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) Terrestre e apoio de instituições como a Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), a Prefeitura de Campo Grande e organizações indígenas.

Para a UFMS, a iniciativa representa um avanço científico e social. “A ciência que representamos é essencial para pesquisas que podem ajudar outras regiões do mundo. É conhecimento aplicado com retorno direto à população. Fazemos pesquisa para as pessoas e esse é o papel da nossa universidade”, termina Letícia Couto.

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