"Foge da capacidade humana", diz presidente de instituto sobre fogo
Antes a mais crítica, Paraguai-Mirim está sob controle, enquanto fogo explode na região do Abobral
O horizonte é vermelho em vez de escuro nas noites do Pantanal, enquanto sua vegetação queima como em nenhum outro junho dos últimos 22 anos monitorado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
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Já dura quase um mês o combate a focos críticos em diferentes áreas, principalmente as que estão do lado sul-mato-grossense do bioma, como confirmam satélites acompanhados pelo Lasa (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Nesta manhã (20), bombeiros e brigadistas se concentram principalmente na região conhecida como Abobral, próxima da Estrada Parque Pantanal e do Rio Miranda. Dá para ver no vídeo acima como a situação extrema dificulta o trabalho por lá.
Descontrole - Presidente de IHP (Instituto Homem Pantaneiro), uma das organizações que soma forças a órgãos oficiais para livrar o bioma das chamas, Ângelo Rabelo afirma que "foge da capacidade humana" o combate a todo esse fogo. Fora do controle também estiveram os incêndios em 2020, quando quase 4 milhões de hectares do Pantanal foram perdidos, conforme dados da Lasa, e inúmeros animais foram carbonizados.
O Corpo de Bombeiros tem usado aeronaves para monitorar e lançar água nas áreas inflamadas, mas mais reforços são necessários, pede Rabelo. O Governo de Mato Grosso do Sul declarou nesta semana que novas aeronaves e ajuda internacional são parte dessa resposta.

O presidente do IHP ao menos dá o alento que está controlado o fogo que consome desde o fim de maio a região do Paraguai-Mirim, próxima de comunidades ribeirinhas. Mesmo assim, brigadistas continuam a postos para apagar os focos e prevenir o ressurgimento.
A Abobral fica em outro ponto e começou a queimar depois. "É algo que surpreende. Focos explodem em vários lugares ao mesmo tempo e isso dificulta a chegada dos bombeiros e brigadistas", diz Rabelo.
Ele lembra que uma ponte chegou a cair na tarde da última terça-feira (18) na Estrada Parque que cruza a Abobral, e virou cinzas.
O presidente do IHP acrescenta que fazendeiros dessa região estão auxiliando no combate criando aceiros (faixas sem vegetação que impedem o avanço do fogo).
Rabelo rebate ainda a ideia de que áreas protegidas estão mais suscetíveis às chamas. "Não é uma informação correta. Nessas reservas, se mantém estrutura preventiva e há presença humana. Este ano, o fogo tem começado nas margens de rios e não está excluída a mão humana [como causa]", finaliza.
Cinco frentes e mais ajuda - A assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou que, hoje, a corporação está atuando em cinco frentes principais no Pantanal, inclusive com o apoio de caminhonetes, lanchas e drones.
Há homens na região do Paraguai-Mirim; na Curva do Leque, próximo ao Porto da Manga; em Abobral; na Bahia Negra; e próximo à aldeia Kadiwéu, na região do Barranco Branco. As margens do Rio Paraguai, no município de Ladário, também recebe equipe desde ontem (19).
O Prev-Fogo do Ibama (Instituto do Meio Ambiente) e o Exército são outro reforço de combate às chamas este ano. De acordo ainda com o Corpo de Bombeiros, até fuzileiros navais da Marinha ajudam.
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