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Política

Efeito de feriadão na eleição causa polêmica e divide prefeitos em MS

Lidiane Kober, Aline dos Santos e Hélio de Freitas | 22/10/2014 17:06
Prefeitura da Capital não deve emendar feriadão (Foto: Marcos Ermínio)
Prefeitura da Capital não deve emendar feriadão (Foto: Marcos Ermínio)

Os efeitos do feriadão de quatro dias na eleição do próximo domingo (26) vem causando polêmica, principalmente nos bastidores políticos, e dividem prefeitos sul-mato-grossenses. Para uns, preocupa a possibilidade de muitos servidores públicos aproveitarem a única folga prolongada do semestre para viajar e aumentar o índice de 20,53% de abstenção, registrado no primeiro turno.

No início desta semana, o governador André Puccinelli (PMDB) decretou ponto facultativo na próxima segunda-feira (27) e alongou para quatro dias a folga do feriado do Dia do Servidor Público, comemorado na terça (28). A decisão foi copiada pelo TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), pela Assembleia Legislativa e por algumas prefeituras.

O rumo dos prefeitos, inclusive, seria motivo de empenho de postulante ao cargo de governador. Nos bastidores políticos, circula informação de que um dos candidatos estaria apelando a aliados para não repetir a decisão do governador por temer menos gente nas urnas. A proposta defendida é reproduzir decisão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que transferiram o feriado para sexta-feira (31).

Presidente da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), o prefeito de Anastácio, Douglas Figueiredo (sem partido), informou que a tendência natural é seguir a decisão de Puccinelli. “A nossa orientação é acompanhar o governo estadual, porque a prefeitura fica com as portas abertas e o Estado com as portas fechadas e gera um descompasso”, justificou.

Questionado sobre os reflexos da decisão nas urnas, ele reconheceu a possibilidade de aumentar o número de faltosos. “Infelizmente, pode contribuir com eventual abstenção. Por esse prisma, nos preocupa, mas cada prefeito toma a sua decisão”, avaliou. “Em Anastácio, acredito que a maioria fique no município, que tem recursos pesqueiros, ou faça deslocamentos para cidade próximas”, completou.

Quarto maior colégio eleitoral do Estado, Corumbá é outro município que optou pelo feriadão de quatro dias. “Estávamos aguardando o Estado, que se definiu e vamos fazer também”, informou o prefeito Paulo Duarte (PT).

Para o petista, “já ouve abstenção no segundo turno sem que houvesse nenhum feriado”. Ele porém, também reconhece a chance de o índice crescer. “Pode ter impacto nas classes mais altas. Para o trabalhador de forma geral, acho que não, porque é fim de mês”, emendou. Só em Corumbá, são quatro mil funcionários públicos municipais.

Por outro lado, os dois maiores colégios eleitorais do Estado, Campo Grande e Dourados, decidiram não emendar o feriadão. Na edição de hoje do Diário do Município de Dourados, saiu decreto transferindo do dia 28 para o dia 31 de outubro o feriado dos servidores públicos.

Titular da Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais de Campo Grande, Rodrigo Pimentel adiantou ao Campo Grande News decisão do prefeito Gilmar Olarte (PP) de não emendar a folga. “Hoje pela manhã, o prefeito disse que não irá emendar, mas ainda não decidimos se o feriado será terça ou sexta”, relatou.

Abstenção - No dia 5 de outubro, primeiro turno das eleições gerais, quase 30% (29,1%) dos eleitorado sul-mato-grossense não votou, ou seja, mais de 500 mil pessoas aptas a exercer o voto não o fizeram. A maior parcela, 20,53% não compareceu aos locais de votação, outros 8,48% preferiram votar em branco ou anularam seu direito na urna eletrônica.

“As eleições de 2º turno tem, de maneira geral, uma abstenção maior, na casa dos 5% em relação ao 1º turno. Mas, não acredito que por conta do feriado esse percentual seja alarmante”, pondera o cientista política Tito Machado. Só o Governo do Estado, conta com 66 mil servidores.

O candidato do PT ao Governo do Estado, senador Delcídio do Amaral (PT), revelou que já começou um trabalho, durante a propaganda eleitoral gratuita, para incentivar o eleitor a comparecer às urnas.

“Vamos fazer um esforço grande para motivar, e tentar diminuir abstenções, nulos e brancos. Chegamos a 30%, é muito. Não podemos obrigar ninguém a fazer as coisas. Isso aconteceu, se não me engano em 2008, em uma eleição no Rio de Janeiro. O Sérgio Cabral (então governador) deu ponto facultativo e ganhou o Eduardo Paes (candidato à época e hoje prefeito), ele ia disputar contra o Gabeira (ex-deputado Fernando Gabeira), candidato da zona sul, do pessoal mais elitizado, que viajou no feriado. Ganhou o Paes”, lembrou Delcídio.

Representante do PSDB na disputa, Reinaldo Azambuja está em dúvida quanto aos reflexos do feriadão na eleição. “Acho que essa abstenção do primeiro turno, 20% de abstenção e 10% de brancos e nulos, são pessoas que não acreditam na politica, estão decepcionados e deixaram de votar", analisou. "O feriado, pode atrapalhar, mas cada um tem seu dever cívico, por isso, acho que não será fator determinante. O que nos preocupa é esse número de 30%”, concluiu o candidato.

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