Embora tenha filiado Delcídio, Zeca é contra Jerson no PT
Os militantes mais antigos do PT, também chamados de históricos, não concordam com a posição manifestada pelo senador Delcídio do Amaral (PT), nesta terça-feira (12), de que o partido estaria de “portas abertas” para o deputado estadual Jerson Domingos (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa. Jerson tem sido criticado no PMDB por apoiar, declaradamente, Delcídio para a sucessão do governador André Puccinelli, embora os peemedebistas tenham Nelsinho Trad como pré-candidato ao governo do Estado.
“Não, concordo”, afirmou o vereador e ex-governador Zeca do PT, ao ser indagado se apoiaria a opinião de Delcídio de que Jerson teria espaço garantido no PT, caso tenha de deixar o PMDB. “Eu concordo que eventual apoio eleitoral do Jerson é bem-vindo. Acho que numa disputa eleitoral dessa magnitude não se escolhe o apoio. Todo apoio é apoio. E Jerson tem grande representatividade eleitoral”, opinou.
Para Zeca, a filiação seria incompatível do ponto de vista ideológico. “Jerson não tem nada a ver com o PT. E nem Jerson quer isso. É outro comportamento ideológico, político”, afirmou o vereador petista.
Questionado, porém, se a situação envolvendo uma possível filiação de Jerson Domingos ao PT não seria semelhante à do próprio Delcídio há mais de dez anos, quando deixou o PSDB para se tornar petista, Zeca respondeu: “Era outro momento histórico. O PT era menos resistente. Foi importante ter uma figura de peso. Delcídio representou isso naquele momento”.
Zeca e o deputado federal Vander Loubet, naquela época braço direito do tio e seu principal articulador político, foram os artífices da filiação, que gerou protestos e inclusive recurso à direção nacional do PT. “Naquela época houve questionamento ideológico, mas o Delcídio se acostumou com o PT nestes últimos 10 anos”, afirmou Zeca.
Filiado ao PT há mais de 20 anos (desde 1989), a ex-secretária estadual de Educação Elza Jorge se lembra bem do episódio. “Quando Delcidio foi filiado ao PT, teve recurso que foi decidido no Diretório Nacional do PT”, lembrou a professora.
Quanto à possibilidade de filiação de Jerson ao PT, Elza Jorge não vê essa alternativa como viável. “Não temos essa discussão do PT, em nenhuma instância”, afirmou a ex-secretária, observando que haveria uma nítida dificuldade ideológica. “Sem nenhum demérito do Jerson, ele tem as opiniões dele e nós temos as nossas”, ponderou.
Na opinião dela, mesmo Jerson não iria se sentir à vontade migrando para o PT. Para Elza, é preciso também considerar a importância de se respeitar a fidelidade partidária. “Se ele tem opinião diferente do que tem o PMDB, o mais certo é que esteja fora do PMDB. Mas daí a ser do PT há uma distância enorme”, disse.
Caso fosse imposta a filiação de Jerson ao PT, a ex-secretária prevê a mesma resistência que ocorreu quando Delcídio ingressou no partido. “Os mecanismos não mudaram. Com certeza, se aqui na Executiva estadual se aprovar, cabe recurso ao diretório estadual e depois ao nacional”, finalizou.