ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 29º

Política

Válido até 2028, acordos de isenção fiscal com MS reforçam delação da JBS

"Foram feitos alguns termos de acordos, alguns legítimos e outros não para concessão de créditos", diz delator

Aline dos Santos | 25/05/2017 12:47
Dono da JBS denunciou troca de incentivo fiscal por propina em Mato Grosso do Sul. (Foto: Marcos Ermínio)
Dono da JBS denunciou troca de incentivo fiscal por propina em Mato Grosso do Sul. (Foto: Marcos Ermínio)

Com validade até 2028, duas dezenas de documentos relativos a incentivos fiscais entre a JBS e o governo de Mato Grosso do Sul foram entregues à PGR (Procuradoria-Geral da República) pela JBS.

Na versão do dono de uma das maiores indústria de alimentos do mundo, Wesley Batista, a renúncia fiscal era trocada por propina que totalizou mais de R$ R$ 150 milhões. A denúncia é que o esquema começou em 2013, com repasse de 20% do valor de isenção.

“Vários incentivos são legítimos e, se não me falha a memória, um dos termos de acordo não foi cumprido, foi simplesmente para reduzir o pagamento. Os outros, em que pese que o investimento era legítimo, você só conseguia o termo de acordo se pagasse", resume Wesley Batista.

Ao fim do depoimento na delação premiada, Wesley entregou cinco Tares (Termos de Acordo de Regime Especial): 149/2007, 657/2011, 862/2013, 1028/2014 e 1103/2016. Todos em nome de “relevantes interesses econômico, social ou fiscal”.

O primeiro documento data de 17 de dezembro de 2007 e prevê outorga de crédito correspondente a 75% do valor do imposto recolhido por DAEMS (Documento de Arrecadação do Estado de MS).

O incentivo foi firmado com a empresa Bertin para frigorífico em Campo Grande, na BR-060, que depois foi incorporado pela JBS. O investimento da empresa era de R$ 150 milhões. O Tare 149 teve três termos aditivos entre 2010 e 2012.

O termo 657 é relativo à unidade em Naviraí e foi feito em 27 de setembro de 2011. O benefício fiscal de crédito outorgado corresponde a 75% do montante total do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pelas saídas futuras de gado em pé a qualquer unidade da JBS fora do Estado, resultando em R$ 120 milhões. Entre 2011 e 2014, foram sete termos aditivos, sendo o quinto com previsão de isenção fiscal até 2028.

No termo de acordo 862, assinado em 9 de agosto de 2013, é destacado os benefícios dos incentivos. “A concessão de incentivos fiscais tem se mostrado vantajosa para o Estado tanto que, após a concessão dos benefícios fiscais mediante o Termo de Acordo nº 657/2011, a JBS incorporou ao seu patrimônio sete novos empreendimentos neste Estado (seis frigoríficos e um curtume)”. Foram quatro termos aditivos entre 2013 e 2015.

O documento 1028/2014 data de 26 de dezembro de 2014 e assegura validade de incentivo para 2016. O termo de acordo 1.103 é de 13 de janeiro de 2016. Dos 21 documentos anexados à delação, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) assina a maioria e três têm assinatura de Reinaldo Azambuja, atual governador.

Dos termos, somente um, o primeiro aditivo ao Tare 149, foi assinado por Joesley Batista, um dos donos da JBS, sendo os demais com Valdir Aparecido Boni, “homem forte” da empresa na região Centro-Oeste.

“O Estado tinha prerrogativa de conceder incentivos fiscais e em função do acerto de propina, foram feitos alguns termos de acordos, alguns legítimos e outros não para concessão de créditos presumidos”, relata Valdir aos procuradores da operação Lava Jato. No vídeo, ele detalha os acordos. 

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, os documentos entregues pelos delatores estão em fase de análise. A considerar o procedimento adotado na delação de executivos da Odebrechet, as denúncias podem resultar em pedidos de investigação, separando pessoas com e sem foro privilegiado, ou arquivamento.

Outro lado – O ex-governador André Puccinelli ainda não se manifestou sobre as denúncias. Reinaldo Azambuja diz que vai “até o fim” para provar que não recebeu propina e que atuou para aumentar os valores pagos em impostos pela JBS.

Nos siga no Google Notícias