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Capital

Na 1ª audiência sobre morte de estudantes, emoção e fórum lotado

Nícholas Vasconcelos e Viviane Oliveira | 17/12/2012 16:59
Acusados chegaram algemados para a primeira audiência sobre morte de universitários. (Foto: Viviane Oliveira)
Acusados chegaram algemados para a primeira audiência sobre morte de universitários. (Foto: Viviane Oliveira)

Revolta e indignação marcaram a primeira audiência do caso dos universitários Breno Luigi Silvestrini de Araújo, de 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, de 19 anos, nesta segunda-feira (17) na 3ª Vara Criminal, no Fórum de Campo Grande.

A juíza Eucélia Moreira Cassal convocou 18 testemunhas de acusação e cinco de defesa, que lotaram a entrada da sala da audiência. A delegada responsável pelo caso, Maria de Lourdes Cano, da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos) participou da audiência.

Os acusados Rafael da Costa Silva, 22 anos, Weverson Gonçalves Feitosa, 22 anos, Raul Andrade Pinho, 18 anos, Edson Natalício de Oliveira Gomes, 22 anos, Jonilton Jackson Leite de Almeida, 24 anos, e Dayane Aguirre Clarindo, 24 anos chegaram juntos ao local da audiência. O adolescente de 17 anos, irmão de Rafael, foi julgado no inicio de outubro e condenado a três anos de internação pelo crime latrocínio, roubo seguido de morte.

Além de latrocínio, os outros seis acusados respondem por formação de quadrilha, corrupção de menores e crime de roubo majorado.

O pai de Breno, Rubens Silvestrini, disse que tem receio de encontrar os acusados na rua no futuro e que acredita que eles são irrecuperáveis. “Esses meninos mataram pessoas de bem, nossos filhos pereceram na mão deles”, desabafou.

Rubens disse que é preciso muita coragem política para mudar o sistema penal brasileiro. “Queremos que o sistema penitenciário faça um trabalho rigoroso com eles”, afirmou.

A mãe de Leonardo, Angela Batista Fernandes, lembra a luta pelo fim da impunidade através da alteração do Código Penal Brasileiro mesmo que a nova Lei não afete o caso dos universitários. “Mas o candidato a marginal vai pensar melhor antes entrar para o crime”, desabafou.

A representante da UDVV (União em Defesa das Vítimas de Violência) em Mato Grosso do Sul, Raquel Ferraro, acompanhou a audiência e disse que espera para saber sobre quais crimes os seis serão responsabilizados. Ela vestia a camiseta com a foto de Breno e Leonardo e disse ter ficado espantada ao ver Rafael. “Quando ele viu que estava com a camiseta me encarou com cinismo”, revelou.

A audiência foi acompanhada também pela mãe de Raul, a auxiliar administrativa Márcia de Andrade, 37 anos. Ela diz que entende o sofrimento da família das vítimas e que ela também sofre muito com o caso.

“Além do Rafael ter acabado com as duas famílias, ele também estragou com a vida do meu filho”, desabafou. Apontado como mentor do crime, Rafael e o adolescente de 17 anos são primos de Raul.

Márcia afirma que a única participação do filho foi ter deixado o primo menor de idade dormir na casa dela. Ela disse que na noite do crime Raul estava com febre e que o adolescente chegou por volta das 22h, pediu para dormir lá e que até então ninguém sabia do crime.

Na versão da mãe, no dia seguinte ao crime o adolescente foi embora e só então contou o que havia ocorrido no final da tarde, quando voltou na casa dela. Márcia conta ainda que não sabia que ter deixado o sobrinho dormir em casa traria consequências para Raul. “Meu filho está há 115 dias preso e mesmo que seja absolvido, a prisão acabou com a vida dele. Todas as fotos dele estão estampadas no jornal”, lamenta.

A advogada Adelaide Benites Franco que representa Raul, Dayane e Weverson, afirma que Rafael foi o responsável pelo crime. “O que precisa ser esclarecido é o outro lado”, disse. Adelaide diz ainda que Weverson apenas atendeu a um pedido de Rafael e que ele e Dayane são “vítimas da droga”.

A defesa pediu um laudo de sanidade mental de Weverson, que apontou que ele tinha total consciência do crime e tinha controle da situação. O laudo foi contestado pela advogada que pediu uma nova avaliação, mas que foi negada pela juíza que disse que não foi encontrado nenhum problema no exame realizado.

De acordo com a defesa de Jonilton Jackson Leite de Almeida, 24 anos, acusado de ter intermediado a troca da caminhonete por cocaína, afirmou que ele está em um processo a parte. O advogado Marcílio Lins quer que o cliente responda somente por receptação e que o pedido pelo veiculo foi de Edson.

Caso - Breno e Leonardo foram sequestrados logo após terem saído do Bar 21, no bairro Chácara Cachoeira. Os criminosos levaram os rapazes para a saída para Sidrolândia. Na rodovia, os amigos foram agredidos e mortos. A quadrilha roubou a camionete Pajero dos jovens.

Como os estudantes não chegavam em casa, as famílias acionaram a Polícia e as primeiras prisões foram na fronteira com a Bolívia. Com as declarações dos presos, a Polícia chegou até o local onde os corpos foram encontrados. O carro foi recuperado.

A morte dos dois causou comoção em Campo Grande e indignação nas redes sociais, provocou inclusive audiências na Assembleia Legislativa, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e manifestações pela paz e fim da impunidade.

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