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10 artistas plásticos em filmes ( e um bônus)

Por Oscar D'Ambrosio (*) | 15/12/2017 09:55

Lidar com a vida e a obra de artistas plásticos sempre é um desafio. Esta lista, incompleta como qualquer outra, apresenta filmes realizados com os mais diversos enfoques. É uma jornada por diversos estilos de trabalho, mas todos voltados para destacar e discutir o talento de criadores visuais que constituem autênticos patrimônios da humanidade.

(1) Michelangelo (1475-1564)

Agonia e Êxtase (1965)
Direção: Carol Reed
É uma imperdível reflexão sobre as relações entre a arte e o poder. Foca a tumultuada relação entre o Papa Júlio II (Rex Harrison) e Michelangelo (Charlton Heston), contratado para pintar o teto da Capela Sistina. As discussões obre o projeto, os prazos, a liberdade criativa e a simbologia na execução são muitos atuais.

(2) Caravaggio (1571-1610)

Caravaggio (1986)
Direção: Derek Jarman
Trata a vida e a obra de Michelangelo Merisi da Caravaggio (Nigel Terry) de uma maneira ousada. Além da fotografia, toda marcada pelo claro e escuro que caracteriza o artista italiano, faz intervenções surpreendentes, como o ruído das pás de um helicóptero, para lembrar que a obra do pintor estava além do seu tempo.

(3) Johannes Vermeer (1632-1675)

Moça com Brinco de Pérola (2004)
Direção: Peter Webber
Graças a este filme de extrema delicadeza e cuidado visuais, conhecemos melhor a técnica de Johannes Vermeer (Colin Firth), um dos mais importantes pintores do século XVII. O foco central está na tela que intitula o filme, que teve como modelo Griet (Scarlett Johansson), uma jovem holandesa que trabalha na casa do pintor.

(4) William Turner (1775-1851)

Mr. Turner (2015)
Direção: Mike Leigh
Este retrato feito de J.M.W Turner (Timothy Spall), um dos mais importantes pintores ingleses, enfatiza a sua personalidade introspectiva e a fascinação pela luz. Além de tratar de uma improvável paixão próximo ao fim da vida, dá uma boa ideia do processo criativo de um artista que é uma rferência obrigatória em termos de qualidade e técnica de pintura.

(5) Auguste Rodin (1840-1917)

Rodin (2017)
Direção: Jacques Doillon
É um filme que desperta paixão e ódio. Alguns amam, outros condenam. O principal mérito está em tratar menos da relação do escultor Auguste Rodin (Vincent Lindon) com a esposa e com a amante Camille Claudel e mais de seu processo de criação diferenciado, marcado pela liberdade do pensar e pelo questionamento do poder.

(6) Paul Gauguin (1848-1903)

Há aqui há duas visões que se complementam.

Gauguin - Um Lobo Atrás da Porta (1986)
Direção: Henning Carlsen
Em 1883, após uma longa permanência no Taiti, o pintor Paul Gauguin (Donald Sutherland) retorna a Paris, com muitas telas e uma nova visão de mundo. Investe tudo o que tem numa exposição, que fracassa. Surge assim um artista dividido entre seu passado europeu e o desejo de desfrutar a nova vida descoberta no Pacífico.

Gauguin (2017)
Direção: Edouard Deluc
Aqui, em 1891, Gauguin (Vincent Cassel), agora morando no Taiti, enfrenta nova decepção. Está longe dos códigos europeus, mas começa a sucumbir em meio à selva, à solidão, à pobreza e a doenças. Revela-se cada vez mais como um artista sem lugar, pois não pertence ao sombrio mundo europeu, mas também não é um solar nativo tropical.

(7) Vincent Van Gogh (1853-1890)
Aqui temos, no mínimo, quatro excelentes opções para refletir.

Sede de Viver (1956)
Diretor: Vincente Minnelli
Adaptado do livro de Irving Stone, o filme se inicia em 1877, com Van Gogh (Kirk Douglas) em sua tentativa de ser pastor na Bélgica junto aos mineiros. O foco é a conturbada relação com Paul Gauguin (Anthony Quinn). A figura do artista é exaltada romanticamente, mas o duelo entre dois dos melhores artistas de uma geração vale a pena.

Van Gogh, Vida e Obra de um Gênio (1990)
Direção: Robert Altman
Os irmãos Vincent (Tim Roth) e Theo (Paul Rhys) são vividos com intensidade O destaque vai para a interpretação do diretor do isolamento do protagonista do mundo e da sociedade, em grande parte pela sua obsessão criadora e pela própria inquietação perante o próprio trabalho.

Van Gogh (1991)

Direção: Maurice Pialat
A abordagem aqui é dos últimos dois meses de vida do artista, interpretado por Jacques Dutronc, antes de ele cometer suicídio. É mostrado um momento de tensas discussões com o irmão Theo, além da perda de confiança no valor da sua arte e a incerteza sobre qualquer reconhecimento futuro.

Com Amor, Van Gogh (2017)
Direção: Dorota Kobiela, Hugh Welchman
Trata-se de uma animação única em sua proposta. No enredo, um ano após a morte do artista holandês, o filho do carteiro retratado pelo pintor quer entregar uma carta de Van Gogh ao irmão que nunca havia chegado ao destino. A investigação sobre o suicídio é o menos importante. O que fascina é o tratamento visual dados às telas do artista. Fenomenal!

(8) Pablo Picasso (1881-1973)
Dois filmes sobre ele são muito interessantes - e por motivos diferentes:

O Mistério de Picasso (1955)
Direção: Henri-Georges Clouzot
Clouzot mergulha na obra do mestre espanhol de uma maneira diferente. O artista faz 20 obras sob o olhar das lentes do cineasta francês, que usa técnicas diversas para acompanhar o misterioso processo de transformação de pensamentos em imagens. É obrigatório para penetrar na técnica e na poética de quem, para alguns, é o maior de todo os tempos.

Os Amores de Picasso (1996)
Direção: James Ivory
Qualquer recorte da vida de Picasso é imparcial e imperfeito. Este filme toma 1943 como referência. É quando o artista (Anthony Hopkins), com 60 anos, conhece Françoise Gilot (Natascha McElhone), 23. A abordagem é menos da obra e mais um relato que rendeu dois filhos, Claude e Paloma, e traições.

(9) Amadeo Modigliani (1884-1920)

Modigliani - A Paixão pela Vida (2004)
Direção: Mick Davis
O pintor Amedeo Modigliani é vivido com intensidade por Andy Garcia. A recriação da atmosfera de Paris do começo do século XX, com seus amores, rivalidades e amizades artísticas, ajuda a entender a fertilidade daquele período. As desavenças do artista italiano com Picasso, por exemplo, são um dos eixos da narrativa.

(10) Jackson Pollock (1912-1956)

Pollock (2001)
Direção: Ed Harris
Este projeto pessoal de Ed Harris, que dirige e interpreta o arista norte-americano Jakson Pollock, apresenta diversos aspectos de um dos mais importantes e influentes criadores do século XX. O filme trata do estilo e da vida dinâmica e conturbada de um pintor visceral. Sua inquietação existencial foi um requisito essencial do seu fazer artístico.

Bônus

(11) Jean-Michel Basquiat (1960-1988)

Basquiat - Traços de uma Vida (1996)
Direção: Julian Schnabel
Esta cinebiografia mostra como, em 1981, o jovem artista Jean-Michel Basquiat (Jeffrey Wright) é descoberto por Andy Warhol (David Bowie), tendo uma ascensão meteórica e se transformando numa estrela em Nova York. O sucesso traz consequências agradáveis, como o enriquecimento, mas trágicas, como a solidão e a perda da identidade.

E faltam muitos outros...

Ficam para outras listas, além daquela já publicada sobre artistas mulheres como protagonistas em http://www.unesp.br/portal#!/debate-academico/10-filmes-com-protagonistas-mulheres/

(*)Oscar D'Ambrosio é Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp, onde atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa.

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