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A César, o que é de César

Por Alicio Mende (*) | 15/03/2014 14:25

Com a experiência de exercer por três vezes a Presidência da Câmara Municipal da Cidade de Lins- SP é que me proponho a tecer algumas considerações a respeito dos Senhores Vereadores de Campo Grande, que ao longo do primeiro ano de governo do Ex Prefeito Bernal, foram duramente criticados por grande parte do eleitorado da Capital. “DEIXA O HOMEM TRABALHA” foi uma das frases mais utilizadas, para se dar uma conotação de que o governo progressista não deslanchava em função do comportamento dos vereadores que supostamente lhe faziam uma oposição sufocante que não lhe dava condições de desenvolver uma administração à altura.

Entretanto, observou-se que desde o início da nova gestão, o Presidente da Câmara e vários vereadores, até mesmo do PMDB, embora ainda amargassem o peso da derrota nas urnas procuraram o Chefe do Executivo Municipal, propondo uma união pelo bem da cidade e nem si quer foram por ele recebido, tendo acontecido o mesmo com o Vice Prefeito que também foi colocado à parte da administração. A partir de então as coisas foram se complicando, os ânimos se acirrando, os ataques mútuos se sucedendo, o personalismo do prefeito se acentuando para transformá-lo, me parece, numa réplica de um ex presidente que também foi cassado.

Sempre se soube que os Poderes são independentes e harmônicos entre si. Portanto é necessário que exista uma espécie de simbiose entre eles, para que as coisas caminhem bem. Uma família jamais sobreviverá se não contar com a harmonia entre seus principais membros . E assim também deverá ser com as instituições e os governos de uma maneira geral.

Durante todo esse tempo, acompanhei o desenrolar dos acontecimentos entre Executivo e Legislativo Municipal e como homem do meio, não consegui vislumbrar, qualquer comportamento da Câmara Municipal como um todo, que pudesse deixar transparecer que ali existisse um conspiração ou coisa parecida para desestabilizar o Prefeito. O papel desenvolvido pelos senhores vereadores foi desenvolvido dentro de linhas convencionais , estabelecidas pelo Regulamento Interno da Casa, que obriga o edil a ajudar a cuidar do município, especialmente no que diz respeito às normas e leis estabelecidas. Fiscalizar a administração, é o mínimo a ser exigido de um vereador. Se ele recebe informações sobre possíveis irregularidades e se não se dignar a procurar fundamentos sobre elas, estará incorrendo também em crime de responsabilidade e omissão no exercício de sua função.

Ao longo do ano que se passou, quase que diariamente víamos estampadas nas páginas de nossos Jornais, noticias sobre possíveis irresponsabilidades administrativas por parte do Executivo, onde Ministério Público e Tribunais se manifestavam a respeito , sendo que as coisas iam se arrastando, sem que atitudes mais imediatas fossem tomadas para se colocar as coisas em pratos limpos. Arrastou-se tanto que chegava-se até a pensar que todas as insinuações ou notícias existentes contra o prefeito não passavam mesmo, de intriga das oposição.E o Prefeito se sentia então, cada vez mais forte e autoritário, um verdadeiro Odorico Paraguaçu, sem as três irmãs é claro!!!

Mas, como ex vereador, tenho a satisfação de dizer, que a classe de vereadores de Campo Grande, ao contrario do que muitos possam imaginar, desempenharam o seu papel de maneira exemplar. A s comissões instaladas na Câmara, criadas de acordo com a proporcionalidade prevista no RI , muito embora sofressem agressões verbais constantes e sistemáticas, desempenharam seus trabalhos com o comportamento de políticos preocupados em buscar evidências para elucidação dos fatos relacionados e assim chegarem aos relatórios finais sob consenso.

O Brasil atravessa um período de manifesta ausência de credibilidade. Mas é preciso que se deixe de lado as paixões e não taxar apenas a classe política como a única vilã. O MENSALÂO comprovou que a corrupção se instalou no País com a efetiva participação também de segmentos do empresariado.

Nossos vereadores, até então, só detiveram críticas contundentes, mas demonstraram que não estão preocupados apenas em agradar a galera e sim em votar de acordo com as suas consciências naquilo que achavam correto estabelecido pelos próprios pares, chegando-se a uma maioria jamais imaginada. Pelo que se conheceu dos fatos julgados , o voto contrário só se justificava por questões de fidelidade.

Por outro lado, o novo Prefeito, já de início, demonstra maturidade , credibilidade , prestígio e vontade política para colocar o bonde novamente nos trilhos. Demonstra entender que ninguém pode governar sozinho e busca de início uma das condições mais importantes para a governabilidade que é a independência e a harmonia entre os Poderes. Se Deus quiser, tudo vai dar certo.

(*) Alicio Mende,  ex-vereador e Presidente da Câmara de Lins (SP)

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