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A importância da pesquisa científica na iniciação esportiva

Por Cláudia Cezar (*) | 14/10/2011 06:05

O esporte de alto nível de um país depende do esporte de base, quer dizer, da iniciação esportiva realizada nos clubes e nas escolas. A idade de 12 anos é, em geral, o período mais adequado para aprendizagem das habilidades específicas exigidas nas modalidades esportivas. Usa-se o tempo cronológico como referência, mas o que vale é identificar se a pessoa adquiriu habilidades básicas, como correr, saltar, pegar e arremessar. No entanto, atualmente sabe-se que este começo de contato com uma modalidade esportiva pode ocorrer antes desta fase por meio dos grandes jogos, que são exercícios pedagógicos com menos regras e absolutamente lúdicos.

Desta forma, brincando e se divertindo muito, a criança passa a se interessar por dominar o próprio gesto motor, por conseguir realizar tarefas desafiadoras com o corpo e, até mesmo, a empenhar-se repetidas vezes em algum movimento de autossuperação como, por exemplo, tentar acertar um alvo ou uma cesta com a bola.

Observe-se que falamos aqui não de esporte nem de competição, mas do prazer pelo movimento, o qual somente pode ser obtido por meio do autoconhecimento e da autovalorização, vertentes poderosas para amenizar as doenças crônico-degenerativas tão em voga na atualidade.

Ao brincar e jogar mais, as crianças e adolescentes passam a ter um interesse maior por suas escolhas, pois compreendem, na prática, como elas influenciam seu corpo e sua saúde. Ao fazerem escolhas adequadas, elas podem, na mais tenra idade, diminuir o próprio sedentarismo e evitar (ou amenizar) a obesidade. No entanto, cabe aos adultos e, em especial, aos educadores, apontar estes caminhos de forma agradável e tangível.

Acreditamos que o processo mais curto e rápido para isto é a pesquisa científica ser realizada pelos educadores na própria prática deles, pois ao pesquisar eles aprendem a encurtar processos ou a torná-los mais profícuos. Para incentivar este importante processo, realizaremos o “I Fórum sobre pesquisa científica em iniciação esportiva” nos dias 21 e 22 de outubro, em São Paulo. O evento é gratuito, aberto a professores de todo o Brasil e será transmitido ao vivo pela internet.

Para finalizar, quero citar a resposta que um paciente de oito anos me deu após eu lhe perguntar o que mais gosta de fazer: “gosto das atividades que não usam o corpo, sabe?” O problema principal é que esta criança está em tratamento para emagrecer. O sedentarismo é avassalador do ponto de vista emocional, bioquímico e fisiológico. Precisamos fazer algo, mas não é uma tarefa simples nem fácil.

É um processo de longo prazo que demanda o esforço coletivo de todos os profissionais, mas, em especial, daqueles que trabalham com esporte e com educação física. Também não acreditamos que após este fórum os participantes saiam implementando pesquisa científica por aí, mas acreditamos que os exemplos apresentados lhes darão muita vontade de fazer igual, ou melhor. O Brasil precisa, e merece, ter novos pesquisadores nos mais diferentes níveis. Para isso ainda precisamos estudar muito.

(*) Cláudia Cezar é doutora em Nutrição Humana Aplicada (USP), mestre em Nutrição e Metabolismo (UNIFESP), especialista em Fisiologia do Exercício (UNIFESP) e coordenadora do Instituto Perfil Esportivo de Pesquisa e Consultoria.

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