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A natureza e os sinais de alerta

Ângelo Rabelo(*) | 28/06/2022 14:15

Uma das experiências vivenciadas por mim no caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, foi permitir resgatar minha atenção aos “sinais”. Nossa rotina intensa nos tira esta sensibilidade, pois todos os dias, de alguma forma recebemos sinais que nos indicam algo. Não quero entrar em suas origens, sejam energias ou espiritualidade, mas esses sinais costumam mostrar caminhos.

Fazendo uma analogia, o pânico criado nos pescadores profissionais e amadores da região do Pantanal com a nova lista de espécies de peixes ameaçados, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente (PORTARIA MMA No 148, DE 7 DE JUNHO DE 2022), onde o pintado (Pseudoplatstoma Corruscans) aparece na condição de vulnerável foi enorme. Depois de consultar alguns técnicos envolvidos na composição da lista, foi esclarecido que trata-se de fato da mesma espécie do Pantanal, mas a condição de “vulnerável“ refere-se, exclusivamente, a sua condição na bacia do Paraná e São Francisco. Um alívio para os usuários da bacia do rio Paraguai.

A lista é revisada por um corpo técnico altamente qualificado a cada 5 anos e analisa vários fatores ambientais relacionados a espécie, e avalia sua condição de risco no seu habitat. Está avaliação técnica analisa num conjunto de fatores como: pesca predatória, perda da qualidade da água em função do lançamento de esgoto, processo de assoreamento,redução das chuvas e volume de água, especialmente nos tributários (pequenos córregos e rios que drenam para calha do rio principal). Ou seja, a bacia começa apresentar perda de qualidade ambiental. À redução do estoque foi e deve ser analisada de forma abrangente, todo ambiente que o peixe vive, reproduza, desenvolva e se alimente. É como um corpo humano quando partes do organismo começam apresentar deficiências.

O alerta deve servir para que possamos refletir se na bacia do alto Paraguai estamos atentos aos perigo de, há qualquer momento, colocarmos em risco nossas espécies, como o pintados, dourado, pacu, entre outros. Conseguem imaginar o que representa para a economia, para cultura e para a nossa biodiversidade?

Cuidar das nascentes, proteger matas ciliares, não lançar esgoto nos rios, evitar pesca predatória, são algumas das regras simples para evitar que isto aconteça. Iniciativas de fomento à criação de peixes, adoção de “pesque e solte” são medidas que amenizam o risco e aumentam a proteção das espécies.

 A criação do aquário em Campo Grande pelo Governo do Estado, tem o objetivo de valorizar e divulgar a nossa riqueza em biodiversidade, especialmente nossos recursos hídricos e jamais servir como um espaço de memória. Podemos e devemos agir para não entrarmos em nenhuma lista de risco de extinção ou mesmo, vulneráveis. Você pode ajudar adotando pesque e solte, não comprando peixes sem procedência e denunciando pesca predatória. Não ignore os sinais! Juntos faremos a diferença, juntos podemos sobreviver.

Cel Ângelo Rabelo - ex Comandante da Polícia Militar Ambiental - Atualmente Presidente do Instituto Homem Pantaneiro

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