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As lesões silenciosas que deixam corredores e médicos de "cabelo em pé"

Roberto R. Cisneros (*) | 05/11/2013 21:02

Com a corrida de rua se intensificando em Mato Grosso do Sul, os praticantes do esporte estão começando a entender que – além de prazeroso – a corrida esconde riscos, e deve ser acompanhada por especialistas.

Dos conhecidos “couch potatoes” (termo em inglês para pessoas sedentárias) aos corredores amadores, é visível o aumento de praticantes da corrida de rua, e o incremento da participação em competições regionais, nacionais e internacionais, o que antes nunca poderia ter sido imaginado nem mesmo pelos corredores amadores.

A corrida é um esporte de puro prazer biológico, até pela intensa liberação de endorfina, porém, a medida que vai se tornando uma busca de recordes pessoais – uma constante nesse esporte – os atletas, qualquer que seja a categoria (amador, recreativo ou competitivo), começam a se expor ao risco de lesões.

Aqui reside a grande diferença entre a corrida e esportes de contato: enquanto na segunda a maioria das lesões ocorre por trauma súbito durante a prática (como no futebol), na corrida de rua a busca por melhoras de tempo e “performance” pode levar o corredor a esforços que ele ainda não pode dimensionar, em relação ao próprio corpo – sua capacidade cardiorrespiratória e biomecânica – ocasionando lesões, principalmente nos membros inferiores. Esse ponto pode frustrar o novo atleta, em especial na tentativa de retornar ao esporte.

Essas lesões ocorrem devido a práticas não estruturadas, não disciplinadas e não orientadas, e têm como característica principal o fato de serem quase sempre silenciosas, onde a busca por assistência médica se faz em quase 100% das vezes pelo aparecimento de dor após ou durante a prática da corrida de rua.

Essa falta de sintomas gera um problema para os amantes da corrida de rua. Quando a dor se manifesta, o aparelho locomotor do atleta já está com sofrimento de longa data, previamente e decorrente de desequilíbrio biomecânico que o corpo já vinha sofrendo, desequilíbrio este que permitia apenas atividades diárias leves. Porém, a prática esportiva mais pesada culmina no aparecimento da dor, que leva o corredor ao médico.

Temos um segundo problema na hora que a dor desaparece. Com um tratamento bem conduzido, o atleta logo fica sem dores e, sem as devidas compensações físicas e cardiorrespiratórias, tende a acreditar que o problema acabou, e acaba voltando cedo demais ao esporte.

Para o praticante da corrida de rua, a recomendação é a realização de avaliações no início e durante determinados períodos da prática (musculoesquelética e cardiorrespiratória), assim como uma disciplina de orientação da prática esportiva, com avaliações periódicas, realizadas por profissionais especializados.

Seja disciplinado, busque ajuda e faça o melhor por você. Afinal, seu sonho não pode e não deve acabar.

(*) Roberto R. Cisneros é médico ortopedista, cirurgião de joelho e traumatologia do no esporte

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