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As seleções de Doutorado deveriam ser mais parecidas com os vestibulares

Por Wellington Anselmo Martins | 13/02/2018 14:17

Assim, os alunos poderiam gastar mais tempo focados nos estudos de verdade (que é o que academicamente importa) e não em puxar saco de possíveis professores orientadores.

Assim, existiriam provas com questões objetivas para avaliar a real formação dos alunos. Em vez dos testes dissertativos, que recebem notas facilmente manipuladas pela arbitrariedade de professores anônimos.

Assim, acabaria o privilégio dos alunos que são amigos ou parentes apadrinhados por professores dados à corrupção e nepotismo.

Assim, enfraqueceria o autoritarismo de bancas de arguição que fingem ler projetos e ouvir defesas dos alunos quando, na realidade, tantas vezes já sabem antes da defesa qual é o aluno que receberá a vaga.

Assim, as vagas de mestrado/doutorado seriam realmente abertas. Pois não dependeriam mais de simpatia ou perseguição de orientador ou de coordenador de programa. Seriam conquistadas prioritariamente em razão do próprio potencial dos alunos.

Assim, cairia a xenofobia acadêmica, pois não haveria preconceito durante a seleção contra os alunos vindos de universidades privadas, EaD, ou de públicas de outras partes do país. Apenas as provas objetivas, enfim, definiriam o novo mestre ou novo doutor. E não mais a procedência da marca do currículo dele, se é título de grife ou não.

Assim, não haveria mais o absurdo de sobrar vagas livres após os processos seletivos da pós-graduação brasileira, com tantos brasileiros capazes e interessados de seguir na carreira acadêmica. Diminuiria tal desperdício de inteligência.

Assim, a análise do currículo Lattes só faria sentido nesse processo seletivo mais objetivo, se os critérios de pontuação fossem claramente anunciados nos editais. E de modo algum os primeiros colocados em provas objetivas e em pontuação de análises curriculares poderiam, no final de todo o trajeto de avaliação, ter o seu mérito simplesmente anulado por alguma decisão meramente pessoal e injustificada de um professor orientador ou coordenador de programa.

Assim, por visar a objetividade do processo, igualmente os testes de idiomas só fariam sentido se colocados sob critério mais específicos de pontuação. Não mais submetidos então à subjetividade de notas dadas livremente, sobre dissertações feitas, de novo por avaliadores anônimos que variam suas notas até em decimais, mas não se sentem obrigados a justificar suas decisões.

Assim, acabaria o sofrimento desnecessário dos funcionários públicos, aqui os professores orientadores, que com essa seleção mais objetiva então não precisariam mais passar pela dor de escolher, arbitrariamente, o aluno A, B, C, D... ou Z, sendo que todos parecem tão merecedores, tão simpáticos e tão talentosos. Ora, a decisão seria demonstrada pelo próprio processo de seleção. E não mais pela possível sábia intuição de professores.

Assim, enfim, a própria capacidade objetiva do aluno, a transparência do processo, o interesse público do não desperdício acadêmico e social de talentos, seriam impostos sobre todo esse personalismo, arbitrariedades, corrupção e demais interesses escusos de professores, orientadores ou alguns programas atuais. Ganharíamos todos com tal justiça! Só perderiam, mesmo, os funcionários públicos que, até hoje, tiveram possibilidade institucional de se julgarem donos das universidades e da ciência brasileiras.

(*) Wellington Anselmo Martins é professor, graduado em Filosofia e Meste em Comunicação pela Unesp.

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