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É o fim da era dos preenchedores?

Por Fernanda Pizarro (*) | 02/12/2025 13:30

Desde cedo, somos condicionados a observar nosso reflexo — hábito que começa ainda na infância, quando o espelho ajuda a formar a noção de identidade. Ao longo da vida, esse impulso persiste: adolescentes, adultos e idosos continuam buscando algum grau de satisfação no rosto que enxergam no espelho.

No entanto, à medida que o tempo e a gravidade agem sobre a pele e os ossos, essa relação pode se tornar mais crítica. Perceber os sinais do envelhecimento pode provocar uma estranheza em relação a si próprio, ainda mais em uma sociedade marcada pelo uso extremo das redes sociais.

Recorrer a pequenos ajustes estéticos para recuperar a confiança não deveria ser visto como sinal de futilidade, mas como parte de um autocuidado legítimo. O avanço da dermatologia estética trouxe uma série de soluções para suavizar os sinais do tempo e isso deve ser celebrado. Entre elas, os preenchedores, produtos injetáveis que ganharam protagonismo por ajudar a restaurar volume, sustentar áreas flácidas ou mesmo aperfeiçoar o contorno da face.

Nos últimos anos, testemunhamos a era dos excessos estéticos. Celebridades de Hollywood e influenciadoras digitais popularizaram e até incentivaram o uso de preenchedores. Agora, o movimento é inverso: essas mesmas figuras expõem publicamente a reversão dos procedimentos, levando muitos a reavaliar suas escolhas. Mas será este o fim dos preenchedores?

A resposta é não. O que mudou foram as expectativas. O excesso de cores, formas e volumes deu lugar a um novo ideal: a discrição. Surgiu, assim, o conceito de quiet beauty, ou beleza silenciosa, que privilegia traços naturais e harmonia facial. Tal mudança na tendência estética, que hoje valoriza traços mais equilibrados e harmônicos, reflete tanto os novos desejos dos pacientes quanto uma postura mais consciente de profissionais da área da beleza.

É importante esclarecer que a ideia do "quiet beauty" não significa que é preciso rejeitar os procedimentos estéticos para levantar, preencher ou restaurar o volume do rosto. Os preenchedores continuam sendo o mesmo tratamento aprovado pelos órgãos de saúde de sempre — e novas formulações, mais elegantes, continuam surgindo a cada ano.

A exemplo do biorremodelador, feito de ácido hialurônico ultrapuro, ele estimula o corpo a reconhecer as células que pararam de produzir colágeno e substituí-las por novas e funcionais. O resultado é a renovação do tecido, com melhora da hidratação, viço e firmeza da pele, tudo isso sem volumizar.

Além disso, há casos em que a própria anatomia do paciente pede correções — como queixos naturalmente retraídos ou regiões que nunca tiveram uma boa projeção óssea. Nessas situações, o uso de ácido hialurônico permite simular estruturas profundas, como os ossos da bochecha ou do mento, promovendo uma reestruturação facial mais harmônica e funcional, respeitando as necessidades individuais de cada rosto.

Assim como em qualquer outro aspecto da estética, o uso de injetáveis deve buscar o equilíbrio. Os preenchedores, quando aplicados com sensatez, podem realçar a beleza de forma sutil e natural, respeitando a individualidade de cada paciente. O verdadeiro propósito da estética é promover o bem-estar e a confiança, criando harmonia entre corpo e mente. O mais importante é sentir-se bem consigo mesmo.

O papel do médico vai além de simplesmente atender a desejos estéticos; é orientar e oferecer suporte para que qualquer decisão sobre ajustes seja tomada de forma segura, criteriosa e com resultados harmoniosos. O médico atua como um guia, respeitando os desejos do paciente, mas sempre assegurando que a escolha seja alinhada ao bem-estar e à saúde. Envelhecer com liberdade e autonomia para decidir como se cuidar é, de fato, um reflexo de empoderamento pessoal e é esse equilíbrio que os profissionais da saúde buscam proporcionar, sempre com ética e responsabilidade.

(*) Fernanda Pizarro é dermatologista.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.