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Escola para quem? Principal indagação da retrospectiva 2017

Por Marisa Ester Rosseto (*) | 16/01/2018 09:03

Temos observado que de um tempo pra cá o tema ‘Educação’ tem sido destaque em diferentes mídias, o que mostra a importância do tema. Porém, também devemos tomar cuidado para dar mais munições - contextos e conceitos críticos e interessantes -, que vão além de meros dados. Assim, o presente artigo pretende mapear alguns dos principais acontecimentos em 2017.

Quais cenas estiveram presentes como marcas da educação? Quais fatos foram comentados? O que eles nos dizem a respeito das representações da educação de hoje?

Uma cena comoveu o país, um professor de música da Rede Municipal de uma escola do Rio de Janeiro cantou para distrair as crianças – que estavam abaixadas nos corredores da instituição de ensino - de um tiroteio que acontecia na rua. A mensagem da canção girava em torno de que é possível sonhar com um mundo melhor. Pelo menos naquele corredor, um mundo se fez melhor, por uns instantes.

Em 2017, houve muitas discussões em torno da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e suas versões. A Base foi aprovada em dezembro, mas o processo de aprovação acabou gerando polêmica, pois de acordo com alguns educadores, apesar de o texto estar mais enxuto, o documento parece estar mais conteudista. Para quê? Para quem?

Também esteve na pauta do governo a Reforma do Ensino Médio. Muito se falou e se discutiu, mas muitas dúvidas e incertezas estão presentes. Como todas as implementações acontecerão nos diferentes espaços de ensino e aprendizagem? Com tantas realidades distintas no país, como as ações farão a diferença na vida escolar e no mundo do trabalho dos jovens brasileiros? Será que as Universidades estão dispostas a reverem suas políticas de ingresso?

Os dados contextuais não avançaram: de acordo com levantamento feito pelo Todos Pela Educação, baseado nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), cerca de 2,5 milhões de brasileiros de 4 a 17 anos estão fora da escola. E os dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) mostram que o Brasil ainda é um dos seis países com maior taxa de jovens estudantes no mercado de trabalho.

Iniciativas de sucesso foram isoladas, mas nem por isso menos inspiradoras. Colégios da capital trabalharam com ações de conscientização para mudança de atitude nas pessoas de toda comunidade, não apenas das crianças e jovens, mas também dos adultos. Trataram o lixo de uma forma profissional, incluindo desde o processo da separação até a transformação do material orgânico em adubo a partir de composteira e cultivo de horta na própria escola.

Na Olimpíada Internacional de Física na Indonésia, 5 brasileiros conquistaram medalhas de ouro e bronze. Sucesso absoluto dos nossos estudantes.

A Finlândia ocupou espaço nos veículos de comunicação por ‘planejar a educação do futuro’. Inovação, desenvolvimento de habilidades emocionais, parceria com os pais, fim de paredes físicas figuram entre as medidas para alcançar a educação que é e será ainda mais referência no mundo.

Contudo, compreendemos hoje que, diante de outros segmentos, a escola pouco mudou. Mas nem sempre mudar é sinônimo de qualificar. Mudar sim e sempre, mas com atenção ao entorno, saindo para fora dos próprios muros e sabendo para onde ir. Diante dos destaques expostos ficam interrogações: de que escola estamos falando? Para quem e para que queremos nossas escolas? As crianças e jovens se sentem incluídos nos Projetos Políticos Pedagógicos de suas escolas?

E assim, vamos iniciar 2018 matutando acerca da frase de Mia Couto: “O bom do caminho é haver volta. Para ida sem vinda. Basta o tempo”.

(*) Por Marisa Ester Rosseto, Diretora Educacional do Colégio Marista Arquidiocesano, do Grupo Marista.

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