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O mau olhado e a mão caloteira em MS

Por Valfrido M. Chaves (*) | 05/05/2011 10:55

No tempo da NOB, Noroeste do Brasil, construída à sangue, suor e fibra, seus trens tocados à carvão desempenharam um nobre papel no antigo Mato-Grosso quando, de Bauru à Corumbá, rasgavam imensidões unindo Estados, transportando riquezas e semeando esperanças. Das terras basálticas de Bauru até à bacia sedimentar pantaneira, cumpriu seu destino: unir, desenvolver.

Se fosse ser construída hoje, numa sabia observação do então Governador José Orcírio, “as ONGs não permitiriam nem que o assunto fosse discutido”. “Aumentará a temperatura”, “impactará o meio ambiente, as culturas Terena e Cadiwéu” diriam elas, levando pessoas ingênuas até a reis e fóruns internacionais para depor contra um projeto sadio de desenvolvimento e integração.

Viajávamos dias e noites chamusqueando nossas camisas, por um imenso deserto verde onde nada se via a não ser as estações da N.O.B. , Água Clara e Três Lagoas. Contemplando o vasto e uniforme Cerrado arenoso, ainda menino, com destino a Lins, ouvia sem entender: “.tem que ter reforma agrária”! “Como é que pode, tanta terra sem ser aproveitada”! No braço da NOB para Ponta Porã, era quase a mesma coisa, pois o Cerrado mais empastado permitia criação extensiva de gado. Suas terras fixavam as raízes do Jaraguá e do Colonião, permitindo o melhor aproveitamento do espaço.

Mas gira a roda do tempo, surgem novas técnicas, pastos e plantações, e o “deserto verde” torna-se fonte de riquezas e emprego, com o desenvolvimento de uma agro-pecuária de “primeiro mundo”, aliás, para Primeiro Mundo ver, invejar e tentar atrapalhar, como é sobejamente visto e sabido.

Lançam sobre nossos esforços e sucessos um “mau olhado”, aquele mesmo olhar de Cain sobre as ofertas de Abel aceitas por Deus e que levou ao bíblico parricídio. E “mau olhado”, leitor, em latim é “envídeo”, que originou “invídia”, em espanhol e “inveja” em português. Expressa o sentimento sorrateiro, não admitido pelos que o acalentam, mas eficaz na gênese de ações das quais resultam paralisação de práticas produtivas, férteis, úteis à sociedade, como a produção de alimento onde quer que seja.

A eficácia do discurso que se segue ao “mau olhado” é tal que a expressão “terra beneficiada”, para se referir à terra limpa e preparada para o plantio, foi substituída pelo termo “devastada”. Quem prepara a terra, antes um herói anônimo que põe o alimento na mesa de seus filhos e irmãos citadinos, seria, portanto, “devastador”.

Essa é, leitor, a matriz da manipulação que seduz almas ingênuas para eficazes campanhas de satanização do produtor rural brasileiro. A partir daí a propriedade rural está sujeita a toda sorte de abusos onde, quase sempre, está presente a mão do Estado brasileiro impregnado de ideologia e, na prática, a serviço de interesses antinacionais.

O indigenismo e o ambientalismo internacionais são tão férteis e criativos na arte de assenhorear-se de propriedades produtivas, quanto o são incompetentes em administrar suas reservas ambientais ou indígenas, assim como para indenizar os proprietários que preservaram os espaços cobiçados e sobre os quais o Estado mete o mau olhado e a mão “má pagadora”.

A “Serra da Bodoquena” não nos desmente, nem nos desmentem as pretensões da Funai em nossas fronteiras, em Aquidauana, Dois Irmãos, onde pioneiros que guarneceram as áreas e as tornaram férteis, delas podem ser expulsos como invasores, numa ação ideológica e manipuladora que visa encobrir a incompetência do Estado brasileiro em promover o progresso e bem estar de nossos índios.

É o estatuto da propriedade privada que querem atacar, por isso não indenizam, dão calote, numa ação ideológica, sempre a reboque do “mau olhado” e sua militância. Quem comprou, pagou, preserva e cumpre o bíblico mandamento “com o suor de teu rosto comerás o teu pão”, teria que engolir tais práticas perversas, antinacionais e caloteiras?

Até quando veremos em nossas fronteiras, Serra da Bodoquena, o triunfo do "mau olhado" através da vergonhosa união entre o Estado brasileiro ideologizado com organizações internacionais indigenistas e ditas ambientalistas, sobre o Brasil brasileiro que trabalha, gera riquezas e emprego, promove o progresso e cumpre leis?

(*)Valfrido M. Chaves é psicanalista e pós-graduado em Políticas e Estratégia.

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