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O nascedouro de uma revolução

Por Jeovah de Moura Nunes (*) | 21/05/2011 07:04

Tempos atrás encontrei, por acaso, dados estatísticos sobre a riqueza embarcada para Portugal de 1714 a 1746 quando mais de 200 veleiros levaram do Brasil para o rei de Portugal Dom João V e seus cortesãos, além das amadas amantes e prêmios aos parentes, as seguintes cargas: 681 arrobas de ouro em pó; 315 marcos de prata; 12 milhões em diamantes; 392 oitavas de diamantes; 22 caixas de ouro em obra.

Tudo isto em apenas 32 anos e sem contar as cargas de valores menores como, por exemplo, o pau-brasil, pau-preto, pau-catinga, pau-dágua, pau-ferro e pau-santo. Tudo retirado das florestas brasileiras e levado para Portugal e outros países.

O metal precioso e as pedras preciosas que naquela época somavam quantias fabulosas foram utilizadas a bel prazer pela casa real em pagamentos altíssimos à Igreja Católica Romana para, entre outras futilidades: que os seus serviçais religiosos pudessem usar meias de cor vermelha; que o rei de Portugal fosse tratado por Fidelíssimo; que a capela real tivesse estas e aquelas distinções vãs; que fosse permitido à igreja lusitana celebrar três missas no dia de finados; que fosse permitida a Lisboa fazer suas procissões com as pompas e os mesmos rituais das realizadas em Roma.

Todas essas riquezas retiradas da colônia brasileira eram gastas em frivolidades e bobagens da época, quando o povo do reino de Portugal afundava na penúria, sem estradas, sem escolas, sem hospitais, sem academias de ciência e sem segurança para o povo pobre, diante da gigantesca criminalidade na época, chamada de pirataria e etc.

Ainda assim o rei propôs a criação de impostos mais pesados ao povo português e à colônia brasileira. Acho isto igualzinho ao comportamento dos políticos brasileiros, principalmente da presidenta, que ao se apossar do poder no primeiro dia de janeiro irá instalar a defunta CPMF, segundo previsões da própria querência “angustiada” da nova presidenta.

É um retorno à espoliação do cidadão através dos cheques, já que a saúde nunca foi bem cuidada pelo Lula lá, em sendo uma obrigação federal com ou sem CPMF.

Mas, voltando ao passado terrível, enquanto ocorriam em Portugal as fantasias dos poderes e por quebra no Brasil também, na mesma época as colônias americanas da Nova Inglaterra praticavam a democracia pura e usavam a riqueza do país para a sua construção; tinham a reclamar somente da imposição da Inglaterra sobre a obrigação de importar manufaturados ingleses. Não é à toa essa fábula de riqueza capitalista dos Estados Unidos.

Quando nós vegetávamos, eles já eram ricos e a sociedade era e é até hoje igualitária e democrática, enquanto nós ainda não temos uma sociedade totalmente democrática e que se possa chamar de igualitária com tantos ladrões nos podres poderes, além das gigantescas diferenças sociais. Nossa democracia vive dependendo muito de quem governa, e às vezes ocorrem ditaduras, cuja soma chega a décadas.

Realmente, quando o destino de um povo é comandado por um individuo, ou por uma família, ou por um grupo, ou por algumas classes, não adianta recordes de arrecadação fiscal com permanente criação e aumentos de impostos, quando tudo será encaminhado sob os caprichos e interesses de grupos e a riqueza se dissipará rapidamente. E quem paga essa riqueza somos nós, o povo pobre, alienado da cultura, sem esperanças no futuro do próprio país em que vive.

Daí vem o governo mais popular deste país com bolsa família ou a bolsa-esmola: uma vergonha para nós, os honestos, porque acostuma e orienta o vagabundo a continuar vagabundo. Tudo isto contradiz uma sociedade verdadeiramente democrática. O verdadeiro homem democrático e livre é aquele que não vive de esmolas e sim do seu salário muito bem pago, coisa que não ocorre no Brasil e sim nas grandes democracias.

A maioria dos brasileiros vive a derrota de não conquistar o conhecimento que eleva o homem, ou a mulher, ao mesmo tempo em que é tratado pelo poder como um deficiente ao receber bolsa isto e bolsa aquilo. O governo brasileiro não se posta frente à frente com a miséria, simplesmente esconde e abafa essa miséria com migalhas que darão continuidade à mesma miséria.

No Brasil nossas rodovias estão em frangalhos, o tráfego aéreo entra em colapsos rotineiramente, sofríveis transportes públicos e portos desaparelhados para suportarem as crescentes exportações, com quase 50 milhões de pessoas vivendo em estado de pobreza, e com uma violência inconcebível empurrando os cidadãos para jaulas particulares, etc.

O rei francês Luiz XIV tinha a mania de distribuir mesadas a príncipes e reis de outros países com o dinheiro da nação gaulesa, tal e qual o que andou fazendo o nosso presidente barbudo. Quando o rei morreu, acrescentou outras puerilidades e o resto foi aproveitado para a luxúria e farras do rei seguinte: o magnânimo Luís XV. A única coisa positiva de toda essa estupidez e incompetências do poder foram o terreno preparado para o povo francês se decidir por uma revolução sem precedentes na história da humanidade.

Revolução esta que mudou o mundo totalmente com as divisas: Fraternidade, Igualdade, Liberdade, que nós, brasileiros, fingimos possuir no Brasil, quando a fraternidade é uma piada; a igualdade outra enorme piada de mau gosto; e a liberdade é monitorada, a exemplo do que fizeram com o jornal “O Estado de São Paulo”. Este é “aquele” Brasil que eu particularmente detesto.

Atualmente, já com a idade avançada, gostaria de na próxima reencarnação nascer em quaisquer dos seguintes países: Estados Unidos, França ou Canadá. Que Deus me ajude neste meu desejo porque o Brasil infelizmente não vai melhorar para os próximos duzentos anos. Com tanta criminalidade estamos amarrados a um sistema dos mais impiedosos do mundo, posto que o bandido tem a liberdade, nós, os honestos é que vivemos presos dentro de nossas casas fechadas.

Recentemente coloquei na janela dos fundos um engradado de ferro chumbado na parede do lado de fora. A grade parece a janela de uma prisão. É isto o que está ocorrendo no Brasil. Nós, os honestos, estamos presos, sofrendo uma opressão que os criminosos não conhecem.

(*) Jeovah de Moura Nunes é escritor e jornalista, autor de vários livros, entre eles: “Pleorama”.

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