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O papel da internet móvel nos grandes eventos

Por Dane Avanzi (*) | 25/06/2013 06:03

As manifestações contra a classe política trouxe à tona vários problemas que assolam a vida do brasileiro. Dentre os inúmeros pedidos levantados pelos movimentos populares Brasil afora, a Copa do Mundo de 2014 foi um dos temas mais citados pelos manifestantes. Seja pelos gastos impostos direta ou indiretamente aos bancos e cofres públicos, seja pela infraestrutura do evento que ainda não está funcionando conforme as exigências da FIFA - principalmente no que tange a rede 4G implantada nos estádios.

Pudemos ver que o uso dos aparelhos celulares nas manifestações foi de extrema importância para disseminar as ações dos manifestantes, além do compartilhamento de fotos e vídeos em todas as redes sociais e quase que em tempo real. Porém, vale salientar que pela quantidade de usuários com acesso a internet móvel ao mesmo tempo, ficou provada que a infraestrutura disponível ao sistema 3G e agora ao 4G, ainda deixa muito a desejar.

No que tange a Copa do Mundo, a preocupação da Fifa ocorre por diversas razões. A primeira delas é a faixa de 2,5 GHZ designada pela Anatel para o 4G, que tecnicamente não é a melhor para propagação do sinal especialmente em áreas indoor. Por conta disso, para o bom funcionamento do sistema, além do sinal na parte externa dos estádios que necessariamente precisa ter intensidade e estabilidade, repetidores internos também deverão ser instalados de modo a garantir qualidade aos usuários.

Outro importante fator a ser considerado deve ser a quantidade de equipamentos e linhas de transmissão disponíveis nas torres que suportam o sinal no entorno dos estádios. Tais equipamentos devem estar dimensionados em quantidade e contingência para prover linhas e canais suficientes aos usuários que comumente trafegam na região. Por isso, a demanda adicional que ocorrerá por conta da concentração de pessoas no evento que utilizarão tanto os canais de voz como os canais de acesso ao serviço de internet rápida, serão enormes.

Como no 4G só uma pequena parte da população terá acesso ao sistema por se tratar de um serviço mais caro e disponível somente aos usuários que possuem smartphones, se pensarmos em qualidade lato sensu, há que se reforçar e adequar as antenas do 3G também. Para entender melhor o funcionamento do sistema temos que ter em mente uma engrenagem girando e outra no que tange a infraestrutura. Havendo antenas, equipamentos e linhas de transmissão suficientes, temos que levar em consideração as fibras óticas que interligam as torres acima referidas aos backbones (centrais de roteamento e encaminhamento de dados e ligações ) das operadoras. Tudo isso é ligado em cadeia, um item suportando ao outro.

Nesse contexto, costumo exemplificar em termos simples o funcionamento de uma rede de telefonia móvel, fazendo uma analogia com uma caixa d’água, onde as águas são as ligações e a caixa d’água o sistema que suporta essas ligações. Imaginemos que a caixa d’água possui capacidade para mil litros e que cada acesso seja uma ligação, um SMS ou uma conexão com a internet. Tudo vai bem enquanto a caixa d’água consegue conter as ligações. No momento em que a capacidade se esgota, o sistema entra em colapso e o usuário não consegue mais realizar ou receber ligações, acessar serviços de dados, entre outros. Isso ocorre quando a milésima primeira ligação ou acesso é feito. O sistema fica esgotado e entra em colapso.

Como pode se ver, a palavra-chave é planejamento e fiscalização. Medindo-se qual o tráfego normal de ligações e acessos da área e projetando qual será o incremento de demanda em razão dos eventos, é perfeitamente plausível resolver os problemas de cobertura e tráfego da rede. Cabe ao governo arregaçar as mangas e redimensionar as redes junto com as operadoras.

(*) Dane Avanzi é advogado, empresário do Setor de Engenharia Civil, Elétrica e de Telecomunicações e Diretor Superintendente do Instituto Avanzi, ONG de defesa dos direitos do Consumidor de Telecomunicações.

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