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Os índices e o aprimoramento humano

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 26/11/2025 13:30

Após séculos de monarquia, a sociedade deu ao Estado-nação uma estrutura tecnocrática, o qual acabou sendo gerenciado pela política burocrática, mas atualmente muitas nações mostram estagnação e dívidas. Não houve preocupação com o aprimoramento da espécie humana, o que teria, por si, elevado o crescimento e o desenvolvimento econômico de forma compatível com a população, com bom preparo para a vida e o trabalho, mas a realidade revela falta de preparo. No Brasil, cerca de metade da população carece de alfabetização plena.

A dívida das nações é considerada, no jargão econômico, "passivo" para o governo e toda a população e "ativo" para aplicadores do setor privado. O problema maior não é a dívida em si, mas faltam benfeitorias gerais, e o que aparece é só o passivo. A soma das dívidas soberanas está próxima a 100% do PIB (Produto Interno Bruto) global, enquanto a dívida global atingiu US$ 337,7 trilhões no segundo trimestre de 2025. A pergunta é: onde estaria todo esse dinheiro se os EUA e outras nações não devessem tanto? Talvez nem tivesse sido criado.

Governantes estão endividando as nações, criando dinheiro e dívidas, pagando mais juros e precarizando a vida da população que tem a sua renda corroída. O engenhoso sistema financeiro, atualizado ao longo dos séculos, promove acúmulo de riqueza desigual e controle das nações que se endividam. De forma permanente, parte da riqueza produzida vai sendo absorvida pelo sistema; no entanto, a questão mais dramática é a desfaçatez de muitos governantes que endividam a nação, sem que isso traga para a população a continuada melhora das condições gerais de vida e o aprimoramento, revelando que dessa forma o sistema tende a fragilizar e destruir a humanidade.

Argentina e Brasil são bons exemplos de desleixo nas contas públicas. Vivem caindo no labirinto financeiro. A Argentina, como outras nações, enfrenta os efeitos das próprias decisões políticas, com dependência externa e desequilíbrios estruturais.

Em meio a perdas na renda, pessoas que conversavam, trocavam ideias e faziam intercâmbio de saberes não fazem mais isso. Atualmente, o algoritmo se tornou dominante, as pessoas desaprenderam o significado do diálogo, estão perdendo a capacidade de se comunicar, a individualidade e a capacidade de compreender o que está se passando, vão ficando parecidas com os robôs, ou seja, perdem a visão sobre a própria vida e vão se arrastando sem estabelecer alvos pessoais.

A sensação de que estamos numa fase de incertezas com aperto financeiro está levando as pessoas a serem mais cautelosas com os seus gastos. O dinheiro saía do bolso, mas voltava; o clima atual é de incertezas sobre o amanhã.

Os tecnocratas criaram índices relativos às atividades desenvolvidas, tais como o PIB (Produto Interno Bruto) para medir o tamanho da economia, somando todos os bens e serviços produzidos em um país durante um ano; o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) criado pela ONU, que quer mostrar o desenvolvimento de um país no que tange à qualidade de vida da população, examinando a renda per capita em relação ao PIB, a educação (anos de estudo e escolaridade esperada) e a expectativa de vida (saúde).

Há ainda o IFH (Índice de Felicidade Humana), um relatório anual da ONU para medir a felicidade global, classificando os países com base em indicadores como saúde mental, apoio social, confiança nas instituições e generosidade. O Brasil subiu para a 36ª posição no ranking de 2024, uma colocação melhor em relação ao ano anterior.

No entanto, falta o índice essencial: o IAEH (Índice do Aprimoramento da Espécie Humana), o qual, ultimamente, vem apresentando significativo declínio. Nele deveriam estar refletidos a qualidade das pessoas, o seu preparo para a vida, o seu discernimento, a sua capacidade de raciocinar com lucidez e de prosseguir aprendendo sempre para trabalhar, ter uma renda condigna e contribuir para a melhora das condições gerais de vida. Enfim, agir como ser humano de qualidade.

Os robôs podem ser iguais entre si, mas os humanos são dotados de características individuais que não devem ser sufocadas; precisam buscar continuadamente o caminho do aprimoramento da espécie, algo em que a IA (inteligência artificial) precisa ter ativa participação, como a grande justificativa de ter sido descoberta. É preciso despertar novamente a individualidade do ser humano para que não seja transformado num simples número de identificação, mas que alcance o apogeu material, mental e espiritual, ficando apto a utilizar todo o potencial do cérebro, do cerebelo e da alma, para fazer reflexões intuitivas abrangentes sobre a vida e sua finalidade e evoluir.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo)

 

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