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Perigo da importação do leite, e o bom "Leite Forte"

Por Ruy Sant’Anna (*) | 02/07/2012 13:44

O mercado de leite vive um momento, com boa demanda, porém com o problema da não estiagem neste período, o que descaracteriza o início do inverno. O campo está cheio de pasto e o gado leiteiro feliz enquanto ainda tem o suplemento da ração... No entanto o produtor de lácteo está preocupado com o preço de seu produto caindo.

E o que deve estar ocupando a mente do produtor é a crescente importação de leite em pó, queijos e manteiga pelo Brasil, pois se as compras continuarem crescendo, na próxima futura safra no centro oeste e na região sudeste, nos próximos meses, os preços ao produtor tenderá cair, além da situação atual.

Aí, como dizem alguns produtores: se o preço piora, o pecuarista deixa de dar ração, e o gado fica só no pasto, e a produção de leite cai. Por isso, o governo federal deve agir para evitar o prejuízo, aos produtores, com os excessos de importação do leite: a importação do leite tem de ser equilibrada para não prejudicar a produção interna.

O Ministério da Agricultura mostrou que as importações brasileiras de produtos lácteos nos primeiros quatro meses deste ano foram equilibradas com relação ao ano passado neste período. Enquanto as importações cresceram 27,5%, alcançando US$ 230,4 milhões, as nossas exportações cresceram apenas 10%, com a receita baseada em 18,6% correspondendo a US$ 40 milhões.

O déficit da balança de lácteos de janeiro a abril deste ano já somou US$ 190,3 bilhões, valor 30% acima do observado no mesmo período do ano passado. Em razão disso, se exige medidas drásticas no controle da importação de lácteo, principalmente da Argentina, maior exportador para o Brasil. E é a mesma Argentina quem proíbe a importação de calçados, veículos e outros produtos industrializados brasileiros descumprindo acordo entre o Brasil e aquele país.

A Argentina age ardilosamente: ela tem um acordo com o Brasil firmado em novembro de 2011 onde deveria limitar as exportações para este país. Então o que acontece: no primeiro quadrimestre deste ano as vendas argentinas de leite em pó para o mercado brasileiro ficaram dentro da média mensal de 3,6 mil toneladas acertadas pelo setor privado dos dois países, graças à redução de 20,3% no volume exportado.

Entretanto, “los hermanos” mais que triplicaram as exportações de queijo e dobraram as vendas de manteiga para o Brasil, o que manteve o volume total de lácteo praticamente inalterado em relação aos primeiros quatro meses do ano passado (daí a alta de 0,79% para 31,2 mil toneladas). É nesse ponto que o governo federal tem de agir com rigor, para estancar a sangria na nossa economia.

Quanto ao governo do Estado está agindo corretamente através de sua Secretaria de Pecuária colocando-se objetivamente junto ao produtor de lácteo, através do programa Leite Forte, principalmente quando, nessa primeira etapa, 1.500 leiteiros, em todo o Estado, serão atendidos com assistência técnica e gerencial.

Visa o governo estadual, com essa atitude, a duplicação da produção e produtividade de leite dos pequenos produtores. Realmente Mato Grosso do Sul precisa expor-se na vitrine como respeitável produtor de lei e derivados. Objetiva-se a profissionalização desse importante setor.

“Nossa meta é dobrar de 1,2 milhões de litros/dia para dois milhões de litros/dia a nossa produção diária de leite até 2014, fazendo com que Mato Grosso do Sul comece a aparecer no mapa brasileiro de produtores de leite”, disse a secretária estadual de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias. A produção e qualidade serão aumentadas no total de até 240 mil/litros/dia, em 17 municípios ao final de três anos, com a condição de aumentar a renda do produtor, inicialmente na região central do Estado.

É benéfico o programa do Leite Forte, na media em que devemos lembrar: Mato Grosso do Sul há dez anos já produziu um bilhão de litros de leite/ano, segundo o presidente do Conselho Administrativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) “e hoje a produção é de cerca 500 mil litros/ano”. Para a recuperação nesse setor o Estado age bem.

Tais providências agregarão mais incentivos ao produtor rural junto dos treinamentos para a qualidade do leite que já estão programados no Leite Forte. Com isso os fornecedores aumentarão os lucros através das indústrias beneficiadoras, com melhor qualidade. A “briga” contra o excesso na importação do leite da Argentina, porém, tem que ser iniciada pelos parlamentares federais para obrigar medida acautelatória e restritiva do governo federal.

Diante dessa união de interesses positivos para a comunidade sul-mato-grossense, entre o poder político estadual e os pequenos produtores de leite, é que lhes dou bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é advogado e jornalista.

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