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Quem quer o “conflito indígena”?

Por Valfrido M. Chaves (*) | 09/01/2014 17:35

As propriedades invadidas, ou não, com as quais o governo Dilma pretende coroar a expansão de aldeias indígenas pelo Brasil a fora, podem ter tanta legitimidade quanto os terrenos em que estão a UCDB, os apartamentos e casas particulares dos membros do MPF, ou a sede dessa instituição estatal. Mais ainda, onde estão a sede do bispado ou a casa de cada cidadão que tem um teto sobre a cabeça.

Quando o leitor compra um terreno, uma casa, bicicleta ou fazenda, ele o faz após verificar se “os papeis” desses bens são bons e legítimos, após instâncias do Estado brasileiro conferir-lhes tal legitimidade. Após qualquer compra legítima, ninguém é obrigado a adquirir armas quaisquer ou contratar seguranças para defender seus direitos humanos ou constitucionais.

Afinal, não vivemos ainda num Estado de anarquia e cabe ao Estado brasileiro garantir o respeito às leis e aos direitos constitucionais de cada cidadão, sem discriminação étnica, econômica ou social. Que o leitor nos perdoe por palavras tão óbvias, mas não há como não trazê-las, diante do Estado de abusos que transcorre hoje em MS e outros espaços brasileiros.

Estado de abusos, quando o Ministério Público Federal consagra o conceito de “Retomada”, constitucionalmente herético e apócrifo, para a justificação da violação dos mais lídimos direitos constitucionais do cidadão, bem como para a justificação de crimes, quando praticados por indígenas e outros que os manipulam, incitando-os ao crime.

Ou estou delirante, mas a missão constitucional de defender o índio não abrange justificar e acoitar crimes praticados por índios. Abrangeria, salvo melhor juízo, impedir que entidades espúrias adentrassem nas aldeias para promover ódios, retirando do Estado a responsabilidade pela condição de vida lamentável do índio, para transformar seus vizinhos proprietários em bodes expiatórios por tal situação.

As Forças de Segurança estaduais e federais sabem o que se passa, mas até a Justiça Federal já prefere basear-se em notícias plantadas na imprensa por aqueles que manipulam e promovem o ódio nas comunidades indígenas, para tomar decisões para paralisar ações legais de defesa de interesses legítimos, da parte do produtor rural. Portanto, escolhido e definido como bode expiatório de uma política indigenista sórdida, pois tem lançado o índio em condições de vida infelizes.

O índice de criminalidade entre os índios é o dobro da comunidade em geral. Os quase trezentos assassinatos entre eles, vergonhosamente, falsamente, de modo consciente, são lançados na grande imprensa nacional e internacional, como “assassinato de índios em conflitos de terra”. Entidades estatais, religiosas e para-religiosas se incumbem dessa promoção maligna contra a dignidade e a honra de nossa nação, sobretudo de MS.

Não adianta a Secretaria de Segurança de MS trazer os esclarecimentos, de público. Continuam mentindo do mesmo jeito, pois sabem o que querem, que é provocar a marginalização das comunidades indígenas, semeando o ódio em seu seio. Impedir que essa malignidade transcorresse, através de justos esclarecimentos, não seria uma obrigação do MPF, na sua tarefa de defender o índio?

Afinal, leitor, que maldição existe para que os óbvios caminhos para a justiça e a paz não sejam encontrados? Ou o que se quer mesmo é o conflito e a marginalização, o afastamento das comunidades indígenas? Onde querem chegar, através do conflito e do ódio?

(*) Valfrido M. Chaves, psicanalista e produtor rural

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