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Universidades inovadoras também devem inovar a si mesmas

Por Renato Dias Baptista (*) | 24/05/2017 14:22

A universidade pública demanda por uma revisão de valores com o objetivo de atender aos novos desafios relacionados ao seu papel. A estrutura lenta, preocupada com a própria folha de pagamentos e permeada pela procrastinação não pode desertar das reformulações. 

Muito distante de uma concepção clichê, é preciso reafirmar o valor do planejamento estratégico e da responsabilidade na gestão dos recursos para acolher os anseios da pesquisa, do ensino, da extensão, bem como das novas conexões que a realidade global requer. E, como ocorre em qualquer organismo vivo, a demanda por mudanças é um pré-requisito para continuar a existir.

Os momentos de crise apenas evidenciam essa obrigação. Se os que ‘pensam sobre a universidade’ - que em princípio deveriam ser inovadores - não apresentam os caminhos, a contabilidade ocupará esse espaço inabitado. Todos nós sabemos que os números tendem a contemplar a complexidade em outro estilo.

Veja-se o caso da preconizada terceirização das atividades fim, ela espreita os espaços da administração pública e, de tanto espreitar, será convidada a entrar. Essa realidade é estimulada pela própria condescendência dos indivíduos ou da inexistência de sugestões efetivas. Por não se propor soluções permite-se o convencional.

Tal qual ocorre em todas as esferas do Estado, essa proposição se baseia na ideia de que o termo ‘inovação da universidade’ é algo aversivo, principalmente para os que consideram a instituição pública como um lugar individual, uma propriedade onde os temperamentos são aflorados, onde a estabilidade confunde-se com estagnação, instantes em que os pontos de vista são modelos de gerenciamento e opiniões determinam os caminhos ao labirinto do adiamento.

A universidade pública não atingirá a inovação se não iniciar em si mesma essa ação. É preciso abandonar o corporativismo e a apatia, muitas vezes fomentada por uma antiquada estrutura de cargos, promoções que privilegiam o tempo de serviço e nomeações que não vinculam às competências. Há muito tempo já se afirma que a capacidade de gestão não é nomeada, mas desenvolvida.

As mudanças internas poderão gradualmente facilitar o deslocamento em direção aos melhores conceitos globais de ensino, pesquisa, extensão e de conectividade. Sim, conectividade, esse é o termo evidenciado por Ellie Bothwell - Which universities are the most innovative? – da Times Higher Education and The World University Rankings ao afirmar que as parcerias entre universidades e indústrias são cada vez mais comuns no mundo todo. A proposito, ao citar Robert Tijssen da Universidade de Leiden, ele afirma que a conectividade universidade-indústria é uma nova missão da universidade.

Essa missão será possível quando os interesses restritos derem espaço à coerência e quando a inovação vencer a inércia. 

(*) Renato Dias Baptista, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, é professor assistente doutor da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Tupã.

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