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Cidades

A juiz, funcionários dizem que Giroto pagou mansão com dinheiro em sacolas

Sócio e empregados da construtora responsável pela obra testemunharam em audiência na 3° Vara Federal, nesta terça-feira

Tainá Jara | 24/09/2019 18:01
Mansão de Giroto fica no Residencial Damha I, em Campo Grande (Foto: Arquivo)
Mansão de Giroto fica no Residencial Damha I, em Campo Grande (Foto: Arquivo)

Parte dos milhões utilizados na construção da mansão do ex-secretário de Obras Públicas e Transporte e ex-deputado federal, Edson Giroto, foram pagos com dinheiro em espécie, entregues em envelopes e sacolas à Construtora Maksoud Rahe. O método de pagamento foi relatado pelas três testemunhas de acusação ouvidas na tarde desta terça-feira, em audiência na 3° Vara da Justiça Federal, em Campo Grande. A ação faz parte da Operação Lama Asfáltica.

Conforme a denúncia, o valor do imóvel de luxo, construído entre os anos de 2012 e 2014, em residencial de alto padrão, o Damha I, na Capital, é incompatível com a renda de Giroto. Além disto, o MPF (Ministério Público Federal) aponta que parte do dinheiro utilizado para execução da obra foi ocultado. Também são réus na ação, a esposa do ex-deputado, a empresária Rachel Rosana de Jesus Portela Giroto, e sua ex-secretária, Denize Monteiro Coelho.

Estimativa do Sócio da Construtora Maksoud Rahe, responsável por tocar a obra da mansão, José Eduardo Maksoud Rahe, é de que foram executados R$ 3,68 milhões em serviços na propriedade, sem contar gastos como paisagismo, decoração e arquitetura. Deste total, a empresa deveria receber 8%, que não foram pagos.

Em depoimento ao juiz Bruno Texeira, o empresários afirmou que parte deste pagamento foi feito com dinheiro em espécie entregue em envelopes, transportados dentro de sacolas. As entregas, cujos valores variavam entre R$ 20 mil e R$ 200 mil, eram feitas pela secretaria ou pelo motorista de Giroto.

Contador e gerente da construtora, Elder D'Ávila Moraes, também ouvido nesta tarde, estima que os valores pagos em dinheiro vivo cheguem a R$ 1,5 milhão, portanto, quase metade do total de serviços prestados. Foram realizadas desta forma entre 10 e 15 entregas.

A conferência das notas de R$ 50 e R$ 100 era feita em sala da empresa, pelos próprios funcionários. Recibos foram gerados apenas no início das transações, sendo o registro em sistema de controle de caixa, único comprovante dos recebimentos. “Não era entregue recibo”, afirmou o contador sobre a maioria dos pagamentos.

Audiência da Lama Asfáltica foi realizada na tarde desta terça-feira, em Campo Grande (Foto: Tainá Jara)
Audiência da Lama Asfáltica foi realizada na tarde desta terça-feira, em Campo Grande (Foto: Tainá Jara)

Além de Elder, também chegou a receber os valores em espécie para pagamento à construtora, a funcionária do setor de contabilidade, Emília Renata de Oliveira. Em depoimento, ela confirmou os repasses de dinheiro em espécie e o método de controle utilizado para recebimento e saída de caixa: feito apenas por planilha no Excel.

Em junho deste ano, o juiz da 3° Vara Federal de Campo Grande, rejeitou pedido para arquivamento de denúncia envolvendo o imóvel.

Não compatível - Em 2015, a PF (Polícia Federal) estimou valor de R$ 7 milhões para a mansão de Giroto no Damha I, mais do que o triplo do patrimônio declarado por ele em 2012. À época, quando disputou a prefeitura de Campo Grande, ele informou à Justiça Eleitoral ter bens avaliados em R$ 2.029.591,62.

A casa é um dos maiores imóveis do condomínio de luxo. São em torno de mil metros quadrados de área construída e terreno de 2 mil metros quadrados. O residencial é endereço de quem pode pagar R$ 1.200 pelo metro do terreno ou R$ 5 mil por metro de área construída.

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