Após escala em SP, processo sobre avião do “Fantasma da Fronteira” fica em MS
Do alto escalão do tráfico, ele tentou fugir e quebrou celular ao ser preso pela PF em fazenda
O TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) decidiu que vai tramitar em Mato Grosso do Sul a ação sobre a apreensão da aeronave que trouxe Caio Bernasconi Braga, mais conhecido como o “Fantasma da Fronteira”, à fazenda de Amambai. Ele foi preso após o desembarque, em 2 de maio de 2023.
RESUMO
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A Justiça Federal determinou que o processo sobre a apreensão da aeronave que transportou Caio Bernasconi Braga, conhecido como "Fantasma da Fronteira", tramitará em Mato Grosso do Sul. O avião modelo Beech Aircraft foi confiscado em maio de 2023, quando Braga foi detido em Amambai. O caso, que inicialmente transitou por diferentes varas federais, foi finalmente designado à 5ª Vara da Subseção Judiciária de Campo Grande. A aeronave, apreendida durante investigação sobre tráfico internacional de drogas, foi posteriormente cedida ao governo sul-mato-grossense em 2024.
O processo do sequestro da aeronave, modelo Beech Aircraft, com capacidade para oito pessoas e operada por empresa de entregas, começou a tramitar na 2ª Vara Federal de Ponta Porã.
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Na sequência, foi repassada para a 5ª Vara Federal de Campo Grande, especializada em lavagem de dinheiro. Que, por sua vez, declinou a ação de branqueamento de capitais relativa à aeronave para a Justiça de São Paulo. Mas a 9ª Vara Criminal de São Paulo “devolveu" o caso para MS.
A 5ª Vara Federal de Campo Grande alegou que deveria ser julgado em Mato Grosso do Sul somente o processo relativo a uma segunda aeronave. A Justiça da Capital pontuou que as empresas e pessoas investigadas estão em São Paulo. O TRF foi acionado e declarou a competência da 5ª Vara da Subseção Judiciária de Campo Grande. Apreendido em investigação sobre o tráfico internacional de drogas, o King Air B200 chegou a ser cedido em 2024 para o governo de Mato Grosso do Sul.
Perseguição e celular destruído – Em 1º de maio de 2023, a PF (Polícia Federal) identificou que um grande traficante de drogas com mandado de prisão em aberto, chamado Caio Bernasconi, o “Fantasma da Fronteira”, pousaria em aeródromo na zona rural de Amambai.
O apelido de fantasma veio por se manter nas sombras durante oito anos, atuando como importante “importador” de cocaína do Paraguai para organizações criminosas brasileiras.
Em 2 de maio de 2023, por volta das 9h, um avião de menor porte pousou na fazenda e em seguida um avião de porte maior também desceu, tendo os tripulantes da aeronave maior descido rapidamente e partido para a menor.
“Nesse momento, diante de fundadas suspeitas de atividade ilícita, principalmente de se tratar de área próxima à fronteira com o Paraguai e ser incomum a aterrissagem de aeronave de alto padrão no local, a equipe decidiu realizar a abordagem dos tripulantes das aeronaves, ocasião em que um deles tentou empreender fuga”, detalha a PF.
Após rápida perseguição, o homem quebrou o celular e se jogou no chão. Caio usava documento falso. Ele foi preso porque tinha mandado de prisão em aberto na Justiça Federal do Recife, resultante da Operação Além-Mar.
“Na mesma oportunidade, constataram a existência de três documentos de identidade falsos em posse de Caio Bernasconi Braga, dos quais utilizava-se para permanecer foragido, além de ter ao seu dispor equipe distribuída em duas aeronaves na região de fronteira Brasil-Paraguai, e destruição do próprio aparelho celular. Ao avistar os policiais, Caio empreendeu fuga e, percebendo a iminência da captura, jogou-se ao solo e destruiu o aparelho celular que portava, sinalizando a intenção de ocultação de dados constantes do telefone”.
Após a prisão, ele foi levado para a delegacia da PF em Ponta Porã, onde passou um dia sob forte aparato de segurança, que contou inclusive com tanques de guerra circulando pelas ruas da cidade.
Operação da PF, a Além-Mar, que cumpriu mandados em Mato Grosso do Sul, foi deflagrada em agosto de 2020. A ofensiva sequestrou lista expressiva de bens: sete aviões, cinco helicópteros, 42 caminhões, 35 imóveis, fazendas e ordem para bloqueio de R$ 100 milhões. Durante as investigações, foram apreendidas 11 toneladas de cocaína no Brasil e na Europa.
Preso famoso - Em junho de 2023, Caio foi retirado da Penitenciária Masculina de Regime Fechado Gameleira I, a “Supermáxima” de Campo Grande, e levado para a Penitenciária Federal, em operação sigilosa. De lá, seguiu para a unidade de Brasília.
A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) justificou a medida com base em informações de inteligência sobre um possível plano de resgate, que envolveria integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
A defesa alega que nunca teve acesso às informações usadas para a internação no sistema federal, o que, segundo a advogada Josimary Rocha de Vilhena, viola direitos constitucionais do réu, como o contraditório e a ampla defesa.
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