Bebê morto pelo pai e menina atacada meio da rua causaram comoção
Não teve um só mês em que crianças e adolescentes deixaram de ser manchete, vítimas de crimes ou tragédias
De janeiro a dezembro de 2019, não teve um só mês em que crianças e adolescentes deixaram de ser manchete no Campo Grande News envolvidas em casos comoventes. Crimes que chocaram, como o do homem preso por estuprar e matar a enteada de 7 anos; do pai que afogou bebê para se vingar da ex-mulher; e da menina Eloá morta atacada por desconhecido na rua. Acidentes que entristeceram, como o de Eloíza Daiane afogada em balde de comida para porcos ou menino ferido por cerol de pipa, e denúncias que revoltaram como o de menino espancado pelos pais adotivos.
Na maioria das reportagens, o nome das vítimas não é divulgado. É uma imposição do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) para preservar a imagens dos envolvidos. Vez ou outra, o hábito de ler “mais um menino foi morto” ou “uma menina foi agredida” pode tirar a sensibilidade de entender que “cada caso é um caso”. São vidas e não números.
Janeiro - No primeiro mês do ano, um homem de 31 anos foi preso em Campo Grande, suspeito de estuprar as duas filhas, de 8 e 9 anos. Além de cometer o crime contra as meninas, o homem também teria obrigado os enteados, de 15 e 11 anos, a abusarem das irmãs.
O caso veio à tona após a menina de 9 anos relatar para uma prima que havia sido abusada pelo pai. Para a mãe, a menina disse que há um ano o pai mandou os irmãos, de 11 e 15 anos, abusarem dela. Depois, ela também teria sido estuprada pelo homem.
O adolescente de 15 anos, enteado do homem, relatou que foi obrigado a violentar a irmã e teria sido estuprado pelo pai. Ainda segundo a polícia, o menino de 11, filho somente da mulher, também foi abusado pelo padrasto. Todas as vítimas relataram que eram ameaçadas durante os abusos.
Fevereiro - Uma menina de 8 meses morreu após ser atacada por um cachorro da raça Pitbull em Antônio João, cidade distante a 279 quilômetros de Campo Grande. A criança estava brincando na área da casa onde o cachorro da família costumava ficar solto, quando foi atacada pelo animal.
Ela, que já era acostumada a brincar com o animal, foi mordida em várias partes do corpo. A menina chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
Ainda em fevereiro, um adolescente de 15 anos foi apreendido por estuprar uma menina de 1 ano e 4 meses no Loteamento Cristo Redentor, em Campo Grande. A criança só foi encontrada três horas depois, desacordada e ferida em um terreno baldio. Na delegacia, o infrator confessou o crime e disse que estava sob o efeito de pasta-base de cocaína.
Março - No dia 17, a filha de um subtenente da Polícia Militar morreu com um tiro na cabeça em Mundo Novo, cidade distante a 476 quilômetros de Campo Grande. A arma era de uso particular do militar. A criança estava em um quarto da casa onde morava com a família, quando foi atingida na cabeça por tiro de pistola .40. A menina morreu na hora. Após investigações, a polícia descobriu que a criança teve a intenção de se ferir.
Abril - Mulher de 28 anos foi presa após agredir os filhos - uma menina de 12 e menino de 7 anos - em Costa Rica, distante 305 quilômetros da Capital. Segunda a Polícia Civil, ela chegou a arremessar uma das crianças contra a parede.
Ainda em abril, uma menina de 1 ano e 2 meses, nascida em Costa Rica, morreu espancada pelo padrasto, em Santa Rita do Araguaia, no interior de Goiás. Gabriel Felizardo Silva, 21 anos, confessou o crime e disse que estava embriagado.
Maio - Um bebê de um ano e dois meses morreu após cair em um buraco aberto na casa da vizinha no Jardim Noroeste, em Campo Grande enquanto brincava. Jennifer Lara caiu em uma vala com cerca de 2,5 metros de profundidade e ficou cerca de 40 minutos soterrada.
A menina chegou a ser socorrida em um resgate que mobilizou o Corpo de Bombeiros, PM e agentes penitenciários, já que o local onde caiu fica atrás do Presídio de Segurança Máxima. Ela morreu a caminho do hospital.
Ainda em maio, uma brincadeira de criança fez mãe descobrir que filha havia sido vítima de abuso sexual em creche de Rio Verde, distante a 207 quilômetros de Campo Grande. Após a primeira denúncia, outros pais procuraram a creche e a professora denunciada foi presa e afastada das atividades.
Outra brincadeira de criança terminou com pai preso. No dia 12 de maio, Danilo Rodrigues Dantas, de 33 anos, foi preso por espancar o filho de 5 anos. Na delegacia, disse que cometeu o crime porque teria visto o menor de idade beijar outro garoto. O caso aconteceu durante na casa da família, no Bairro Vila Almeida, em Dourados.
Junho - Menino de 11 anos foi identificado como Luis Otávio Santana de Lima foi morto com um tiro à queima roupa no abdômen na propriedade rural (Fazenda Furnas), localizada nas imediações da Producel, distante 30 quilômetros do perímetro urbano de Sidrolândia. O menino foi obrigado a ajoelhar e rezar antes de ser morto.
Suspeito pelo crime, Ivan Alyffer Albuquerque Rocha, 23 anos, conhecido dos familiares da vítima, foi preso em flagrante. Na delegacia, ele disse ter feito uma "brincadeira".
No dia 19, um homem de 65 anos foi preso suspeito de amarrar e estuprar uma menina de 7 anos, em crime ocorrido na Aquidauana, distante 135 quilômetros. A mãe da criança ouviu os gritos da filha quando acordou durante a madrugada.
Julho - Doméstica de 25 anos foi presa em flagrante por agredir o filho de 6 anos após sentir falta de R$ 10. O caso aconteceu no dia 9 de julho, em área invadida da Homex, na região do Bairro Centro-Oeste, em Campo Grande.
Segundo relatos de testemunhas à polícia, a mãe usou triciclo de brinquedo para bater na cabeça do menino. Na sequência, queimou a mão da criança no fogo aceso do fogão. Segundo a denúncia, a mãe também servia bebida alcoólica para o filho.
Agosto - Aparecido Donizete Celestiano, 63 anos, conhecido como Diabo Loiro, foi preso sob suspeita de estuprar e matar asfixiada a enteada Clara Vitória Simões de Souza, 7 anos.
A menina foi encontrada morta ao lado da mãe, Carla Adriana Simões da Silva, 38 anos, no dia 1º de agosto, na Rua das Jabuticabas, em Sonora, distante 364 quilômetros de Campo Grande.
Quem descobriu o caso foi o pai da criança que após ligar várias vezes para a menina e não ter resposta decidiu ir até a casa. A mãe da criança estava dopada e disse não ter visto nada.
Ainda em agosto, adolescente de 12 anos denunciou o próprio pai, um homem de 43 anos, por abuso sexual. Ela revelou em depoimento à polícia que os abusos aconteciam desde que tinha 7 anos. Pego em flagrante pela mãe da garota, o agressor foi preso no dia 24 de agosto, no município de Paranhos – a 469 quilômetros da Capital.
O homem ameaçava a filha afirmando que a família passaria fome caso ele fosse preso.
Setembro - Um idoso de 71 anos foi preso por abuso sexual de crianças e adolescentes no dia 19 de setembro. Segundo a polícia, ele aliciava e estuprava crianças e adolescentes em Sete Quedas, cidade distante a 471 quilômetros de Campo Grande.
Ele estava sendo investigado e foi descoberto após ir até um supermercado com uma adolescente de 15 anos portadora de deficiência mental.
No local, o suspeito comprou doces e, na rua, começou a passar a mão no corpo da menina. A polícia foi acionada e o idoso localizado no centro da cidade com parte dos doces que havia comprado.
Ainda em setembro, um caso envolvendo pai e filho causou comoção em toda a cidade. Miguel Henrique dos Santos Zenteno, de apenas 2 anos, morreu após ter sido afogado pelo próprio pai Evaldo Christyan Dias Zenteno, 21 anos. O bebê foi colocado dentro da bacia enquanto dormia no dia 19 de setembro, no bairro Aero Rancho, em Campo Grande.
Evaldo colocou o filho para dormir e encheu uma bacia com água. A criança foi colocada no recipiente enquanto dormia. Na delegacia, ele contou que desenvolveu depressão após ser supostamente traído pela ex-esposa e que matou a criança porque queria machucar a mãe do menino.
No dia 16 de setembro, em Mundo Novo, a 476 quilômetros da Capital, duas pessoas foram presas em flagrante suspeitas de agredirem até a morte um menino, de 1 ano e 7 meses. Uma das pessoas é a mãe da criança, uma jovem, de 23 anos, que chegou a afirmar que o bebê havia se afogado ao tomar água, mas teve a versão contestada por exames realizados. Outro preso era padrasto do bebê.
Outro caso emblemático que ocorreu no mês foi a prisão de José Maria Rodrigues Pereira, 41 anos, pela GCM (Guarda Civil Municipal). Ele é apontado como suspeito de ter invadido uma casa, onde estuprou duas irmãs de 12 e 16 anos. O crime ocorreu no dia 5 de setembro no Jardim Colorado, na região sul de Campo Grande.
Na ocasião, a adolescente de 16 anos estava em casa cuidando das irmãs, de 12 anos e 1 ano, quando o local foi invadido por José Maria. Ele usava camisa amarrada no rosto, rendeu as meninas e usou uma corda para amarrar as duas. O suspeito ainda agrediu o bebê, que sofreu ferimento no rosto.
Outubro - No dia 1º de outubro, um recém-nascido foi encontrado dentro de uma caixa de papelão em um terreno baldio no cruzamento das ruas Antônio Emílio de Figueiredo e Firmino Vieira de Matos, na área central de Dourados. O choro do bebê chamou a atenção de uma pessoa que passava pelo local e acionou o socorro. Pesando 3.308 gramas o recém-nascido foi internado e após receber alta foi levado para um abrigo. A mãe não foi localizada.
Outra mãe, uma manicure de 21 anos, Luana Stefany Gonçalves Peres foi presa por ter matado o filho durante o parto em um salão de beleza também na cidade de Dourados.
Teve a prisão de suspeito de estuprar e engravidar a enteada de 11 anos após um ano e três meses foragido. Ele foi encontrado no dia 8 de outubro. O caso aconteceu em Ladário, a 419 quilômetros de Campo Grande, e a mãe da menina também foi presa como cúmplice do crime. Conforme a Polícia Civil, o estupro aconteceu entre 2015 e 2016, quando a vítima tinha 11 anos.
Com os abusos, ela engravidou do padrasto, de 47 anos. As investigações da época apontaram que a mãe da menina sabia do crime e também que o marido era o pai do próprio neto, mas ainda assim manteve o relacionamento com o suspeito.
A Polícia Civil recebeu denúncia de um caso de agressão contra menina de 7 anos. Segundo a mãe da vítima, a filha teve parte do cabelo arrancado pela madrasta, em Campo Grande. O crime foi flagrado pelo irmão mais velha da criança, de 9 anos.
No dia 21, uma menina de um ano de idade, foi internada com suspeita de overdose depois de colocar na boca uma pedra de crack que pegou na bolsa da mãe. O caso aconteceu em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Ela foi medicada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e recebeu alta no dia seguinte. A mãe confessou ser usuária de drogas e perdeu a guarda do bebê.
Novembro - O descuido envolvendo uma criança de 1 ano e 2 meses terminou em tragédia no interior de Mato Grosso do Sul. A pequena Eloíza Daiane Ocampo Brito caiu em um balde e morreu afogada no dia 15 de novembro. O acidente ocorreu em Porto Murtinho, município localizado a 431 km de Campo Grande.
A mãe foi colocar outra criança para dormir dentro de casa, enquanto Eloíza teria ficado no quintal com a avó. Em determinado momento, a criança caiu no vasilhame destinado a porcos criados pela família. A menina ficou de 5 a 10 minutos sem respirar. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
Dezembro- Nos primeiros dias do mês uma notícia divulgada no Paraná abalou os sul-mato-grossenses. É que um menino de 9 anos adotado no Estado foi vítima de maus tratos pelos pais Sarah Carvalho, de 23 anos, e Israel Antunes, de 29 anos, em Londrina.
Ele teve de ser internado no Hospital Evangélico da cidade em decorrência das agressões. Após receber alta, o menino voltou para o Estado e foi levado para abrigo. Os pais foram presos e perderam a guarda da criança.
Outro caso marcante no mês de dezembro foi o da menina Eloá, conhecida na família como Lolô. Ela morreu quatro dias após ter dado entrada na Santa Casa de Campo Grande vítima de um ataque sofrido no meio da rua Baobá, no bairro Moreninha III, dia 12 de dezembro.
Ela estava acompanhada da mãe de dois irmãos, quando um desconhecido se aproximou, a puxou pelas pernas e arremessou contra o chão. O homem com esquizofrenia foi contido por moradores, preso e levado para o presídio de segurança Máxima de Campo Grande.
No dia 15 de dezembro, brincadeira de criança resultou em menino de 6 anos gravemente ferido por linha com cerol no último domingo (15), no Bairro Paulo Coelho Machado, em Campo Grande. O menino foi internado em estado grave na Santa Casa e já recebeu alta.
Quem fez a “brincadeira”, outro garoto de 10 anos prestou depoimento especial, na presença de psicólogos, e disse que não tinha noção do perigo. As investigações sobre o caso continuam.
