Ministra cobra prefeitos: é preciso falar de violência doméstica todos os dias
Ela disse que o assunto precisa ser debatido exaustivamente e que violência não combina com desenvolvimento

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, defendeu que os prefeitos devem abraçar a causa do combate à violência contra as mulheres e serem incisivos com o tema, repetindo-o todos os dias. Hoje cedo, ela participou da abertura do 3º Encontro Nacional das Casas da Mulher Brasileira, no auditório da Faculdade Insted.
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Márcia disse que Mato Grosso do Sul é o 19º estado que visita e quer voltar para uma reunião com os gestores municipais. “Se cada prefeito disser todos os dias, ou na rádio, ou no discurso, ou onde ele estiver 'aqui nesse município nós não vamos ter violência contra as mulheres', isso muda”, falou, de forma incisiva.
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O evento reúne gestoras das 15 unidades do país, por dois dias, na Capital, para debater como atender às vítimas e tentar reduzir a violência. A Casa da Mulher de Campo Grande foi a primeira a ser inaugurada no Brasil, em 2015. Proporcionalmente, Mato Grosso do Sul está entre os estados com mais casos de assassinatos de mulheres por companheiros ou ex-companheiros. Foram 37 casos neste ano.
A ministra disse que os prefeitos são as autoridades mais próximas à comunidade, daí o papel determinante em se manifestar contra a violência doméstica para ajudar a reverter o cenário.
A ministra observou a realidade local. Citou que o estado apresenta bons indicadores econômicos e sociais, situação que não combina com números elevados de violência doméstica. “Mato Grosso do Sul tem tudo para não existir violência contra as mulheres. Nós temos praticamente um milhão e meio de mulheres que vivem nos 79 municípios, nós temos um estado gigante do ponto de vista do seu potencial econômico, então não combina violência com desenvolvimento. Nós não queremos nunca mais ver Mato Grosso do Sul como um dos estados onde aumentou a violência contra a mulher.”
Ela ainda falou sobre a importância da valorização das mulheres no mercado de trabalho, para que estejam fortalecidas e tenham autossuficiência. “Quando as mulheres têm mais acesso à renda, elas têm mais autonomia, têm mais segurança.”
O vice-governador do estado, José Carlos Barbosa, representava o governo no evento. Desde que, em fevereiro deste ano, a jornalista Vanessa Ricarte foi vítima de feminicídio, ele assumiu as discussões sobre o aperfeiçoamento dos serviços às mulheres vítimas de violência doméstica. A ministra disse que espera que “o Mato Grosso do Sul seja um exemplo, que eu possa andar pelo Brasil e falar bem do Mato Grosso do Sul, é isso que eu espero.”
Barbosinha defendeu que é preciso “tirar o mal” do feminicídio da sociedade. Uma vítima que fosse “já nos envergonha”, admitiu. Ele argumentou que é preciso enfrentar o machismo estrutural, que motiva a violência. “Nós temos que trabalhar esse conceito nas escolas, nas igrejas, para construir na futura geração que quem ama não agride, não bate, não mata.”


