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Cidades

Mortes por síndrome respiratória aumentam quase 20% no Estado em ano de covid-19

SRAG pode ser causada por diversos vírus, entre eles o novo coronavírus, que já matou 36 pessoas este ano em MS

Lucia Morel | 16/06/2020 16:47
Identificação do tpo de vírus causador da síndrome é feito pelo método RT-PCR, com coleta da mucosa nasal ou da garganta. (Foto: Franz Mendes/Arquivo)
Identificação do tpo de vírus causador da síndrome é feito pelo método RT-PCR, com coleta da mucosa nasal ou da garganta. (Foto: Franz Mendes/Arquivo)

Com 237 mortes por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) este ano em Mato Grosso do Sul, o total supera 19,7% todos os óbitos registrados de janeiro a junho de 2019 pela síndrome, segundo dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde).

As notificações de SRAG se tornaram obrigatórias em todo mundo com a chegada do novo coronavírus, já que a doença também causa a síndrome.

Os dados da SES indicam que nos seis primeiros meses do ano passado, foram 198 óbitos cuja causa foi a SRAG, que pode ser causada por gripe, covid-19 e outras doenças.

Levantamentos nacionais sugerem que há um avanço da síndrome em todo Brasil e estados onde há poucas mortes por covid-19, como é o caso de Mato Grosso do Sul, haveria ainda mais mortes pela síndrome, mas devido a ausência de testes que possam detectar o vírus causador da insuficiência respiratória.

A SES nega essa possibilidade aqui em MS, primeiro porque, como mostra reportagem do Campo Grande News, oito de cada mil habitantes do Estado já passaram por algum exame de identificação de covid-19 este ano, sendo uma das melhores taxas do País.

Além disso, a secretaria revela, em nota, que no ano de 2016 ocorreu o pico de casos de óbito por SRAG no Estado, conforme levantamento solicitado pela reportagem. Naquele ano, foram 292 mortes decorrentes da síndrome, o que para a secretaria, enterra a possibilidade dos atuais óbitos serem decorrentes de subnotificações de covid-19.

Vale lembra que em março deste ano, a Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz) apontou pela primeira vez a possível relação entre SRAG e covid, ao observar um disparo nas internações por síndrome respiratória em todo o Brasil, simultâneo à circulação mundial do novo coronavírus. A prática recomendada e geralmente adotada, então, foi testar casos de SRAG como suspeitos de portar o vírus.

Em nota, assinada pela gerente técnica de Influenza e doenças respiratórias da SES, Lívia de Mello Almeida Maziero, diante dos números de óbitos pela síndrome, não há padrão que “permita identificar uma tendência” do agente causador. Ou seja, não é possível saber se os casos cujo exame não identificou a causa tenham sido provocados por covid ou outra doença.

Arte: Thiago Mesdes
Arte: Thiago Mesdes

“Observa-se a inexistência de padrão que permita identificar uma tendência, tendo em vista que as SRAGs podem ter múltiplas causas, e múltiplos fatores que interferem na ocorrência da mesma, como fatores climáticos, faixa etária, doenças prévias, cepas novas circulantes, entre outros”, revela.

Além disso, comparando a atual situação com a de 2016, a gerente é taxativa em afirmar que “no ano de 2020 a quantidade de casos fica 18,8% inferior ao período de 2016, de onde, não se pode inferir que os óbitos declarados e notificados como SRAG, são casos de COVID-19 não identificados”.

Segundo Lívia, outra questão que rebate e hipótese de subnotificação, é que todos os óbitos “além de terem sido testados em sua totalidade para SARSCOV2, INFLUENZA e outros vírus respiratórios, apresentam um volume compatível com a evolução apresentada nos últimos anos, de onde a hipótese levantada não se sustenta”.

Pela média dos últimos cinco anos, são 172 mortes por SRAG anualmente no Estado, tendo sido registradas 65 no período de janeiro a junho de 2015; 292 em 2016; 104 em 2017; 137 em 2018; 198 no ano passado e 237 agora.

Vale lembrar que dentre os principais agentes que contribuem para que uma pessoa evolua para uma SRAG, estão “os vírus da influenza, dengue, vírus sincicial respiratório, adenovírus, coronavírus, entre outros; do mesmo modo que outros agentes etiológicos como diversas bactérias, leishmaniose, leptospirose, etc”, ressalta nota.

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