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Cidades

MP denuncia 8 policiais civis por tortura contra assaltantes de banco

Denúncia foi confirmada por sindicato da categoria, que reagiu; criminosos explodiram agência do Banco do Brasil em 2016

Humberto Marques | 05/06/2019 17:31
Ataque a agência do BB causou terror em Sonora. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Ataque a agência do BB causou terror em Sonora. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

O Gacep (Grupo Especial de Atuação para o Controle Externo da Atividade Policial), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, denunciou à Justiça oito policiais civis por prática de tortura, supostamente voltada a criminosos que, em 2016, participaram de assalto a uma agência do Banco do Brasil em Sonora –a 364 km de Campo Grande– e que, à época, foi vinculada ao chamado “Novo Cangaço”.

A denúncia foi confirmada pelo Sinpol-MS (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) que, em nota, contestou a acusação, informando que outros órgãos de investigação já haviam rejeitado a acusação levantada pelo Gacep, considerada leviana.

O crime ocorreu por volta das 2h30 de 18 de abril de 2016, quando uma quadrilha formada por sete pessoas causou uma madrugada de terror em Sonora. Armados com fuzis, eles metralharam unidades das polícias Civil e Militar da cidade e explodiram a agência bancária. Eles fecharam a Avenida Marcelo Miranda Soares em meio a disparos, ferindo uma pessoa na perna. Pelo menos três pessoas foram feitas reféns. Foram levados quase R$ 800 mil.

As buscas aos criminosos foram comandadas pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) que, em 1º de julho daquele ano, apresentou quatro suspeitos de envolvimento no crime.

José Ronaldo dos Santos, Wellington Xavier e Márcio Rodrigues foram localizados em Várzea Grande (MT), enquanto Wemerson Felipes Alves foi preso em Goiás. Em dezembro daquele ano, Ronalth Correia Coelho foi preso em Balsas (MA) em ação conjunta com a segurança maranhense –e foi morto em maio de 2017 durante confronto com a polícia daquele Estado.

Bruno Saraiva Mota de Souza foi encontrado em janeiro de 2017 em Goiânia (GO) com 500 munições de fuzil, uma pistola, documentos falsos e R$ 40 mil em dinheiro. Valdir Duque, apontado como líder do bando, morreu no mesmo ano, em junho, durante ação contida por policiais em Paraupebas (PR) em meio a buscas por assaltantes de bancos.

Em 1º de julho de 2016, em coletiva, o Garras apresentou José Ronaldo, Wellington, Márcio e Wemerson, ocasião em que a autoridades relacionaram o grupo ao “Novo Cangaço” –onde quadrilhas organizadas agem de forma violenta e usando armamento pesado para cometer os assaltos e outros crimes.

Durante uma das prisões, foram encontrados mais explosivos. (Foto: Arquivo)
Durante uma das prisões, foram encontrados mais explosivos. (Foto: Arquivo)

O delegado Fábio Peró, que comandou as operações que culminaram nas prisões, informou que, com Márcio, foi encontrado um tonel que continha capuzes, rádio-comunicadores, explosivos e material de detonação que poderiam ser usados em, pelo menos, outros cinco assaltos. Então titular do Garras, Edilson dos Santos reforçou que as prisões contaram com parceria da Polícia Civil, GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) de Cuiabá (MT) e Delegacia de Roubo a Banco de Goiânia.

Reação – A denúncia do Gacep tramita em segredo de Justiça, sendo que a reportagem não teve acesso aos autos ou aos nomes dos denunciados. Em nota, o Sinpol-MS reagiu em relação às acusações contra os oito policiais civis, lembrando que Wemerson Alves e Wellington Xavier são réus confessos do assalto e acusados de cometerem crimes graves em outros Estados, “somando mais de 100 anos de condenação”.

“Sobre a denúncia de tortura, destaca-se que a juíza de Sonora sentenciou o caso com mais de 100 laudas e afastou qualquer indício de tortura, condenando todos os réus; inclusive parabenizando o trabalho policial realizado na ocasião”, destacou o comunicado, ao reforçar que outros setores do MPMS, como a Promotoria de Justiça de Sonora, Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Sexta Procuradoria de Justiça Criminal afastaram a alegada tortura, e que os exames de corpo de delito deram negativo.

“O único laudo que apresentou escoriação foi quando o preso já estava –há mais de 20 dias– no sistema carcerário, sendo que a idade da lesão apontada foi de uma semana, ou seja, impossível de ter sido feita dentro da Delegacia de Polícia”, prosseguiu o Sinpol, alegando, ainda, que um dos investigadores denunciados, após os atos em Sonora, “foi aposentado por invalidez, dada a impossibilidade de continuar exercendo suas funções policiais” –ele estava na delegacia no momento do ataque.

A entidade afirma que Wemerson e Wellington migraram para o regime semiaberto após progressão de pena, sendo que o primeiro estaria evadido do sistema prisional. Por fim, anota que “a defesa dos policiais civis demonstrará de forma cabal os equívocos e até mesmo, lamentavelmente, as leviandades da denúncia, que está a tentar jogar no fosso estigmatizante de uma ação penal, oito policiais que tem dedicado a vida em defesa da sociedade sul-mato-grossense”.

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