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Cidades

MS é 8º estado mais lento na efetivação de processos de adoção no Brasil

Em 5 anos, 415 crianças foram recebidas em famílias do coração em MS, Luiza foi uma delas

Lucia Morel | 25/05/2020 16:14
Família adotou Luiza quando ela tinha 11 meses de idade e hoje, já está completamente integrada. (Foto: Arquivo Pessoal)
Família adotou Luiza quando ela tinha 11 meses de idade e hoje, já está completamente integrada. (Foto: Arquivo Pessoal)

Luiza, hoje com 3 anos de idade, chegou para completar a família há dois. Com 11 meses de idade, ela foi adotada pela mamãe Ana Cássia Pelegrini Mattos, de 39 anos, que conta um pouquinho desse processo. “Eu nem lembro que ela é adotada”, diz.

A pequena é uma das 415 crianças e adolescentes adotados em Mato Grosso do Sul entre maio de 2015 e maio deste ano. Outras 124 estão em processo, segundo dados divulgados pelo do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em alusão ao Dia Nacional da Adoção, comemorado hoje.

“A Luiza é a filha que eu sempre quis. Ela é totalmente integrada à família, carinhosa e é nítido que ela me tem mesmo como mãe”, conta Ana, que tem outros dois filhos biológicos de 10 anos e de 2 anos.

Desejar adotar uma criança nasceu no coração de Ana Cássia depois de três abortos espontâneos, na tentativa de ter o segundo filho. Com diagnóstico de trombofilia (maior facilidade para formar coágulos de sangue, aumentando o risco de complicações como trombose venosa, AVC ou embolia pulmonar), ela se informou bastante antes de decidir pela medida.

“Depois que comecei a estudar sobre adoção, demorou um ano até eu fazer de fato o cadastro”, conta a mãe, que revela ainda que Luiza chegou bem rápido à família, somente sete meses depois de ela estar apta à adoção.

E foi rápido mesmo, já que 56% dos processos de adoção em Mato Grosso do Sul leva mais de 240 dias. Somente 13% dos processos levam menos de 120 para serem encerrados. Na média, a espera entre o início do processo e a data da sentença de adoção é de 12,6 meses.

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Segundo o CNJ, MS é o 8º Estado mais lento do Brasil na efetivação das adoções, superando apenas Paraíba, Mato Grosso, Minas Gerais , Goiás, Espírito Santo, Amapá e Rio de Janeiro .

Filha do coração – Segundo Ana Cássia, ela e o marido já explicam, de forma lúdica à Luiza, que ela nasceu do coração e não da barriga. Ela acredita que isso é importante principalmente porque a pequena acompanhou a gravidez da mãe enquanto esperava o filho mais novo, de 2 anos.

“Eu não achava mais que ia engravidar, mas aí veio o mais novo e ela acompanhou tudo, fez o ensaio de fotos junto, e antes que ela pergunte alguma coisa, nós já vamos explicando, tudo com muito amor, na linguagem dela”, explica a mãe.

Ela lembra que quando preencheu o cadastro optava por adotar crianças com  até cinco anos de idade, fosse menino ou meninas e sem opção de etnia. Qual foi a surpresa ao receber uma menininha de apenas 11 meses de idade.

“Foi maravilhoso porque eu já tinha um menino e normalmente é assim: você deseja um casalzinho, então, foi maravilhoso”, destaca.

Moradora de Bataguassu, onde o marido atua no Tribunal de Justiça, Ana Cássia participa do grupo de adoção da comarca e acaba tendo contato frequente com aqueles que também desejam adotar.

Para esses, ela aconselha principalmente a ler bastante sobre o tema, porque “a adoção é uma filiação real, com todas as dificuldades que isso implica”, ressalta, lembrando de casos que já viu de pais adotivos que devolveram a criança adotada por “idealizarem um filho”.

“A adoção parece muito bonita, todo mundo fala, mas tem que pensar bem, analisar bem, porque depois, num caso assim, em que se devolve a criança, o maior trauma é na criança”, avalia.

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Outros números -  O relatório do CNJ mostra ainda que até o dia 5 de maio havia 230 pessoas aptas a adotarem no Estado. Há ainda 752 crianças e adolescentes acolhidas em abrigos, não aptas a serem adotadas e outras 40 acolhidas em famílias não biológicas de forma temporária.

Além disso, entre outubro de 2019 e maio deste ano, 197 crianças e adolescentes foram reintegrados aos pais biológicos e outros 45 chegaram à maioridade sem nunca terem sido adotados.

Em todo Brasil, de maio de 2015 até o início de maio de 2020, mais de dez mil crianças e adolescentes foram adotados e em 5 de maio de 2020, havia 5.026 crianças disponíveis para adoção e 34.443 pretendentes.

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