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Cidades

PF mira quadrilha de ex-deputado que adulterava aviões para o tráfico de drogas

Esquema usava aeronaves e empresas para mascarar transporte de drogas nos estados e países da América do Sul

Dayene Paz | 20/10/2021 11:40
Aeródromo de ex-deputado foi alvo de operação. (Foto: Divulgação PF)
Aeródromo de ex-deputado foi alvo de operação. (Foto: Divulgação PF)

Pilotos de avião e o ex-deputado estadual pelo Amapá, Isaac Alcolumbre, estão entre os presos da Operação Vikare, deflagrada pela PF (Polícia Federal) nesta quarta-feira (20), contra organização criminosa que atuava no tráfico internacional de drogas e esquema de lavagem de dinheiro. Em Mato Grosso do Sul, os mandados são cumpridos em Campo Grande, Paranhos e Aral Moreira.

A operação conta com o apoio do Ministério Público Federal. Cerca de 300 policiais federais estão nas ruas para cumprir 24 mandados de prisão preventiva, além de 49 mandados de busca e apreensão, em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pará, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Ceará e Piauí.

No Amapá, foram cumpridos quatro mandados de busca e dois mandados de prisão preventiva, em empresas e duas residências localizadas em Macapá, também o aeródromo do ex-deputado Isaac.

Investigação - Durante as investigações, foi apurado que o grupo utilizava o Estado do Amapá como base operacional para o tráfico de drogas, que era feito por aeronaves e distribuídas para diferentes pontos do País. A PF então chegou a uma grande e articulada organização criminosa com participação de brasileiros e estrangeiros, voltada à prática de diversos crimes, principalmente, tráfico internacional de drogas.

Dinheiro apreendido durante operação. (Foto: Divulgação PF)
Dinheiro apreendido durante operação. (Foto: Divulgação PF)

Foi descoberto que havia uma rota que passava por países da América do Sul, principalmente, Colômbia e Venezuela, e tinha o estado do Amapá como uma de suas bases logísticas fundamentais, de onde as drogas partiriam para outras regiões do Brasil. Para mascarar o dinheiro ilegal, o grupo contava com empresas de “fachada” de outros Estados.

A organização possuía na estrutura, mecânicos de aeronaves, pilotos, operadores financeiros responsáveis pelo dinheiro, além de terceiros, que recebiam quantias em contas pessoais e empresas, cujo objetivo era dar aparência de tudo era feito legalmente.

Início - A apuração começou em maio de 2020, quando investigações da PF no Amapá descobriram movimentações suspeitas de aeronaves na região. Foram descobertos destroços de um avião de pequeno porte, que ficou atolado em uma região no município de Calçoene/AP. Este estava, em grande parte, destruído por um incêndio. Os policiais ainda perceberam que o avião estava adaptado para transportar drogas, semelhante ao que é feito com outros apreendidos em ações policiais Brasil afora.

Os investigadores levantaram informações de que uma outra aeronave pousou no mesmo local e resgatou os tripulantes e a carga. Com o avanço da investigação, verificou-se que o proprietário do avião foi preso em julho do mesmo ano no Paraguai, enquanto pousava uma outra aeronave carregada com 425 kg de cocaína.

Produtos apreendidos na Operação Vikare. (Foto: Divulgação PF)
Produtos apreendidos na Operação Vikare. (Foto: Divulgação PF)

A aeronave de pequeno porte utilizada para resgate das pessoas e carga, que havia caído em Calçoene (AP), em março, foi vendida a um outro homem. Este, em novembro de 2020, também foi preso em flagrante na cidade de Ipixuna (PA), transportando 450 kg de “skunk”, logo após deixar Macapá, saindo de um aeródromo do Amapá.

No Amapá, a PF encontrou indícios de que este aeródromo fornecia apoio logístico, como combustível, para aeronave fazer esses voos aos demais estados brasileiros, bem como a outros países fornecedores da droga, como Colômbia e Venezuela.

O local também foi utilizado como ponto de apoio para realização dos preparativos da aeronave de modo a deixá-la em condições para voar com autonomia para longas distâncias e assim, trazer a maior quantidade de drogas possível.

Uma das empresas investigadas foi constituída no ramo de cosméticos, sob a administração de uma mulher de origem colombiana, residente em Sorocaba, o que facilitava o acesso a produtos químicos usados no refino de drogas. Constatou-se indícios de que a suspeita já havia sido presa em 2012 por tráfico de drogas e era a principal responsável pelo fornecimento de drogas da organização criminosa.

A investigação revelou também que uma empresa do ramo de venda de peixes no Rio de Janeiro foi identificada como integrante da organização criminosa, cuja atuação consistia em esconder as drogas no meio da carga de peixe, na tentativa de dificultar o trabalho da polícia.

Além dos mandados de prisão e busca e apreensão, a Justiça Federal no Amapá, após representação da PF, ainda impôs medidas de sequestro de bens, direitos e valores de 68 pessoas físicas e jurídicas: 95 veículos, entre carros, caminhões e motos, boa parte de luxo, com proibição da transferência de propriedade; 3 aeronaves com indisponibilidade e restrição de uso; 19 embarcações com indisponibilidade e restrição de uso; Indisponibilidade de diversos imóveis em nome de 41 pessoas físicas e jurídicas; Bloqueio de ativos financeiros de pessoas físicas e jurídicas, que chegam ao montante de R$ 5,8 milhões. Os valores são individuais, ou seja, aplicados a cada envolvido.

Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelos delitos de tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem chegar a 51 anos de reclusão, além do pagamento de multa.

Isaac é primo do senador e ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre. O senador não é investigado na Operação Vikare.

Mandados - Também são alvos pessoas físicas e empresas com endereços nos estados do Pará (Belém e Ananindeua), Amazonas (Manaus e Itacoatiara), Piauí (Teresina), Ceará (Fortaleza), Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Paranhos e Aral Moreira), São Paulo (capital e Sorocaba); Rio de Janeiro (capital) e Paraná (Foz do Iguaçu e Londrina).

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