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Cidades

Terra indígena de MS passa por “diagnóstico” para construção da Nova Ferroeste

Traçado do modal ferroviário passará próximo ao campamento Pakurity, povo Guarani estabelecido em Dourados

Por Jhefferson Gamarra | 26/02/2024 13:47
Indígenas reunidos durante apresentação dos coordenadores da Nova Ferroeste (Foto: Divulgação/Governo PR)
Indígenas reunidos durante apresentação dos coordenadores da Nova Ferroeste (Foto: Divulgação/Governo PR)

A segunda etapa dos estudos indígenas relacionados à Nova Ferroeste está em andamento, com a análise detalhada da rotina e cultura de três áreas indígenas no Paraná e uma no Mato Grosso do Sul. A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) solicitou a inclusão das Terra Indígenas: Tupâ Nhe Kretã (na Serra do Mar, em Morretes-PR), Boa Vista (Nova Laranjeiras-PR) e Guasú Guavirá (Guaíra-PR) e o acampamento Pakurity, povo Guarani estabelecido em Dourados.

Uma equipe do Governo do Paraná, juntamente com representantes da Funai de Brasília e dos escritórios regionais do Paraná e Mato Grosso do Sul, esteve presente nas aldeias entre janeiro e fevereiro para estabelecer diretrizes em conjunto com os caciques. O procedimento adotado nesta fase segue a abordagem utilizada em 2022 na Terra Indígena Rio das Cobras, que abrangeu 10 aldeias e mais de 3 mil habitantes.

Os trilhos da Nova Ferroeste estão previstos para passar próximo ao limite dessas terras, situadas num raio de até 5 km do traçado proposto. A avaliação incluiu a organização territorial, política e sociocultural, realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas ).

A equipe multidisciplinar, composta por antropólogos, biólogos, sociólogos e historiadores, realizou oficinas e mapeamentos, além de encontros coletivos e entrevistas individuais para compreender as mudanças desencadeadas pela proposta do empreendimento.

Valdir Schwengber, coordenador dos estudos, destaca que o diagnóstico consiste em um amplo raio-x da comunidade, do modo de vida e organização, bem como das fontes de obtenção de recursos e maiores dificuldades.

"Quando entendemos o modo de vida, avaliamos os potenciais impactos da Nova Ferroeste no seu cotidiano. A partir disso, elaboramos as ações que devem ser feitas para mitigar ou compensar as mudanças", explicou o coordenador.

O ECI (Estudo do Componente Indígena) faz parte do licenciamento ambiental, realizado junto ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis). Órgãos como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) já emitiram pareceres favoráveis ao empreendimento.

Luiz Henrique Fagundes, coordenador do Plano Estadual Ferroviário, explica que, quando a Funai identificou a necessidade de novos estudos indígenas, a equipe realizou visitas técnicas ao longo do traçado para identificar comunidades próximas à futura linha férrea. "A partir daí, foi elaborado um plano de trabalho que coube ao Governo do Paraná executar."

A Nova Ferroeste, que visa conectar Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, tem como objetivo transformar o Estado em uma grande central logística e promover uma redução de 30% no transporte de insumos e produtos, incluindo principalmente grãos e proteína animal.

O leilão do projeto ferroviário, agora programado para 2025, permitirá que a empresa vencedora construa e explore o empreendimento por um período de 99 anos, com um lance mínimo estabelecido em R$ 110 milhões.

Mapa da expansão da Nova Ferroeste, que inclui os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina (Imagem: Reprodução/Governo PR)
Mapa da expansão da Nova Ferroeste, que inclui os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina (Imagem: Reprodução/Governo PR)


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