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Cidades

Zona-chave do crime, MS é rota de 80% da maconha e da cocaína que entram no País

Hegemonia do PCC nas rotas entre Bolívia e Brasil ajuda a conter disputas e reduzir a violência, diz estudo

Por Inara Silva | 08/11/2025 16:33
Zona-chave do crime, MS é rota de 80% da maconha e da cocaína que entram no País
Em setembro, PRF apreendeu 3,3 toneladas de maconha em um caminhão, em Bataguassu (Foto/Arquivo)

Mato Grosso do Sul é descrito no Atlas da Violência 2025 como o principal entreposto logístico de drogas e armas do Brasil. A pesquisa, divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), mostra que o território sul-mato-grossense é uma rota estratégica do tráfico internacional, por onde passam cerca de 80% da cocaína e da maconha que entram no país.

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Mato Grosso do Sul, principal rota de tráfico de drogas e armas do Brasil, registrou taxas de homicídio abaixo da média nacional em 2023, com 21,3 mortes por 100 mil habitantes. Apesar da posição estratégica, próxima à Bolívia e ao Paraguai, e da presença de facções criminosas, o Estado mantém um cenário de "coabitação criminal de baixa intensidade", evitando conflitos violentos. Municípios fronteiriços, como Ponta Porã e Corumbá, apresentam índices de homicídio acima da média estadual, refletindo a vulnerabilidade à violência transnacional. Políticas de segurança integradas e a hegemonia do PCC sobre as rotas de drogas contribuem para a contenção da violência, colocando o Estado entre os sete com menores taxas de homicídios do país.

A pesquisa, denominada "Retratos dos municípios brasileiros e dinâmica regional do crime organizado", cita que a proximidade com a Bolívia e o Paraguai, aliada à extensa malha rodoviária e à baixa densidade populacional, transforma o Estado em uma zona-chave para o escoamento de drogas e armas para o restante do país.  O documento foi divulgado pelo Ipea nesta sexta-feira (7).

Mesmo diante desse contexto, o Estado registrou, em 2023, índices de homicídio abaixo da média nacional e regional. No período, foram 21,3 mortes por 100 mil habitantes, enquanto a média do país foi de 23, e a do Centro-Oeste ficou acima desse patamar, puxada pelos índices mais altos de Mato Grosso (31,8).

Além da posição geográfica estratégica para o tráfico de drogas e armas, outro fator relacionado à violência no Estado são os conflitos envolvendo populações indígenas e produtores rurais, especialmente em Amambai, território Kaiowá e Guarani, onde ocorreram episódios marcantes de violência.

Mortes – Entre os municípios sul-mato-grossenses com mais de 100 mil habitantes, todos registraram taxas de homicídio inferiores à média nacional: Três Lagoas, com 21,6; Campo Grande, com 21,1; e Dourados, com 16,0.

Um dado que chama a atenção entre os menores é que Corumbá e Ponta Porã, municípios fronteiriços, se destacam pela vulnerabilidade à violência transnacional. Localizadas nas fronteiras com a Bolívia e o Paraguai, respectivamente, as duas cidades se tornaram pontos de passagem e armazenamento de drogas, armas e contrabando. Em Ponta Porã, que faz fronteira direta com Pedro Juan Caballero (Paraguai), o índice de homicídios chegou a 24,9 por 100 mil habitantes, ligeiramente acima da média estadual. Em Corumbá, o número foi de 23 por 100 mil.

Convivência com o crime – Outra característica da violência no Estado é a expansão da atuação das facções criminosas. Conforme o estudo, 10 das 12 principais facções brasileiras mantêm núcleos em Mato Grosso do Sul, transformando o Estado em um "hub para as facções nacionais". Enquanto em estados como Bahia e Pernambuco há disputas territoriais com elevado número de mortes, em Mato Grosso do Sul “as disputas parecem envolver conflitos de baixa intensidade de violência letal”, aponta o relatório.

Segundo o Atlas, a hegemonia do PCC (Primeiro Comando da Capital) sobre as rotas que ligam a Bolívia ao Brasil explica parte dessa contenção. A facção domina o fluxo do narcotráfico e evita confrontos diretos com outros grupos, cenário que os pesquisadores classificam como “coabitação criminal de baixa intensidade”.

Centro-Oeste – O relatório destaca ainda que, dentro do panorama regional, o Mato Grosso do Sul apresenta a segunda menor taxa de homicídios do Centro-Oeste, ficando atrás apenas do Distrito Federal (11,6) e à frente de Goiás (21,8) e Mato Grosso (31,8). Já no panorama nacional, o Estado figura entre as sete menores taxas de homicídios estimados do país, mantendo posição de destaque entre as unidades federativas com melhor desempenho em segurança pública.

Conforme a pesquisa, há uma combinação de fatores que têm contribuído para evitar a explosão de homicídios, entre eles ações policiais integradas, políticas de segurança estáveis e a própria dinâmica do crime organizado, que busca manter o controle territorial sem conflitos abertos.

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