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Capital

"Como vou pagar?", desabafa paciente condenada a indenizar médico

Vera Lúcia fez uma postagem em sua rede social no mês passado, após ter levado a sobrinha na UPA Leblon, em Campo Grande

Mayara Bueno | 03/05/2019 14:13
Entrada da UPA do Leblon, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo).
Entrada da UPA do Leblon, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo).

A empregada Vera Lúcia Lopes, de 49 anos, não sabe como vai pagar a multa de R$ 10 mil, imposta pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). No mês passado, Vera divulgou a imagem de um médico conversando com colega na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Leblon em sua conta no Facebook. Sem dinheiro para pagar advogado, ela pretende buscar a Defensoria Pública para recorrer da determinação.

Na publicação, a paciente ironiza a conduta dos profissionais, enquanto a sobrinha aguardava atendimento no posto de saúde. A repercussão da postagem foi tanta e o caso parou na Justiça – o médico processou a mulher, que agora não sabe como pagará a multa, conforme relatado pelo portal Uol nesta sexta-feira (dia 3).

Vera conta que recebe salário de R$ 1 mil como empregada, é separada e mora com o filho de 21 anos. Ela relata que contou sua história para a juíza leiga (auxiliar da justiça) Edi Fátima Dalla Porta Franco, autora da decisão que impôs a multa. “Acho que é injusto esse valor de R$ 10 mil. No dia em que fui ao tribunal, expliquei para juíza. Ela não falou nada, nem pediu minha carteira profissional para ver quanto eu ganho”.

Com a decisão, Vera diz não saber da onde tirar o dinheiro da indenização, já que paga “luz, água e R$ 600 de prestação da casa”. Indignada, ela conta que apagou a postagem, conforme a Justiça determinou, mas não entende como um médico pede indenização a uma empregada doméstica.

"Como vou pagar?", desabafa paciente condenada a indenizar médico
"Como vou pagar?", desabafa paciente condenada a indenizar médico

David Amizio Frizzo, advogado do médico, sabia que a paciente tinha poucas condições financeiras quando entrou com o pedido de indenização por danos morais, segundo reportagem do Uol. “Não buscamos a Justiça por motivo financeiro, mas pedagógico”.

Afirmou, ainda, que as redes sociais se transformaram em “um campo aberto, expondo os médicos e outros trabalhadores de bem”. “Hoje em dia, o cidadão só aprende a tomar mais cuidado quando dói no bolso”.

Também disse que entende o “momento de estresse da paciente”, mas que o médico também sofre. O advogado afirma que falta equipamentos e insumos, além de remuneração baixa. “Se na audiência ela reconhecesse o erro, pedisse desculpas e se retratasse na rede social, talvez o meu cliente já tivesse desistido da ação. Não queremos os bens dela”.

Segundo o Uol, consta no processo, que a tia acompanhava a sobrinha que havia acabado de ser atendida com crise de cálculo na vesícula e emprestou o celular para a paciente, que fotografou a cena.

"Por isso que as UPAs não funcionam. Enquanto os pacientes padecem, os médicos ficam batendo papo", escreveu a paciente na legenda das fotos divulgadas no Facebook da tia. Nas imagens, além dos médicos conversando, aparecem pacientes em macas.

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