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Capital

Pisos táteis irregulares viram obstáculos para deficientes visuais

Bruno Chaves | 27/10/2013 08:57
Direito de ir e vir de deficiente visual é ferido por causa de calçadas irregulares (Foto: Cleber Gellio)
Direito de ir e vir de deficiente visual é ferido por causa de calçadas irregulares (Foto: Cleber Gellio)

Se caminhar pelas calçadas irregulares de Campo Grande é difícil para aqueles que possuem mobilidade plena ou reduzida – idosos, obesos, mães com carrinho de bebê e outros –, para quem é deficiente visual a tarefa se torna mais árdua. Por causa de obstáculos como postes, árvores e resquícios de orelhões, os cegos são os mais prejudicados e têm o direito do “ir e vir” ferido.

Mais de 409 mil pessoas que moram em Mato Grosso do Sul possuem algum tipo de deficiência visual, de acordo com o último Censo Demográfico do IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística), elaborado em 2010, e apesar de legislações que discorrem sobre a acessibilidade – Norma 9050 ABNT e Decreto Federal 5.296 de 2 de dezembro de 2004 – o poder público e a sociedade tem feito pouca coisa para facilitar a locomoção do deficiente visual.

“Não é somente a instalação do piso tátil. Nossa necessidade é de calçadas mais acessíveis, niveladas, sem buracos e com rampas adequadas, além de mobiliário urbano – postes, árvores e outros – adequado”, revela a presidente do Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos), Telma Nantes.

Para a presidente do instituto, nos últimos anos, a sociedade se mobilizou para oferecer acessibilidade aos deficientes em geral, inclusive aos visuais. No entanto, falta informação e orientação da prefeitura para que as calçadas com piso tátil possam ser construídas de forma correta.

“O município deve assumir a responsabilidade do passeio público [...] existem muitas falhas na construção de calçadas. Eu mesma tive dificuldades para construir a da minha casa. Um vizinho faz de um jeito e o outro não faz. Tudo isso atrapalha”, comenta. Telma ainda lembra que para o deficiente, conquistar o direito de ir e vir é o primeiro passo para adquirir autonomia e independência.

Acostumada a sair de casa três vezes por semana, cantora Rosimeire diz que maior dificuldade está nos bairros (Foto: Cleber Gellio)
Acostumada a sair de casa três vezes por semana, cantora Rosimeire diz que maior dificuldade está nos bairros (Foto: Cleber Gellio)

Vivência pelas ruas – Moradora do bairro Aero Rancho, a cantora Rosemeire Castilho, 35 anos, deficiente visual desde os 12 anos depois de um descolamento de retina, costuma sair de casa três vezes por semana para ir ao centro da cidade. Ela anda de ônibus e afirma que as dificuldades são enormes.

“São pisos colocados fora do lugar, em alto relevo e desnivelados. O caminho fica bastante complicado. Mas esse não é só o problema, eu pediria a sociedade que se conscientize sobre buracos e árvores, que também atrapalham o caminho do piso tátil”, explica.

Rosemeire ainda lembra que a situação nos bairros é mais difícil. “Tem muitos erros. Algumas calçadas têm o piso tátil e outras não. Aí, fica um pedaço com caminho e outro sem”. Para a cantora, Campo Grande não possui uma calçada perfeita, que segue as regras de acessibilidade.

“Mas tem bons exemplos como a calçada da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, onde existe uma parte de grama, uma de piso tátil e outra de calçada. Dessa forma, separa bem os terrenos e facilita a travessia do pedestre”, opina.

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