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Capital

Defesa de Obara chama acusação de absurda e questiona testemunha

Os advogados lembram que a acusação contra o delegado partiu do depoimento da mulher do guarda municipal Marcelo Rios

Geisy Garnes | 07/08/2020 17:17
Delegado Obara, na época titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), durante entrevista coletiva(Foto: Arquivo)
Delegado Obara, na época titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), durante entrevista coletiva(Foto: Arquivo)

Alegando acusação absurda e provas fantasiosas, a defesa do delegado Márcio Shiro Obara, preso desde o dia 19 de junho por supostamente esconder provas na apuração sobre o assassinato do policial militar reformado Ilson Martins de Figueiredo, pediu que a justiça o declare inocente ou desconsidere a denúncia feita pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul contra ele.

Na manifestação enviada para a 1° Vara Criminal de Campo Grande, a defesa de Obara afirma que a denúncias “desrespeita” os preceitos no sistema processual penal e por isso deve ser rejeitada. Ao longo o documento, defende que o Ministério Público Estadual acusa o delegado de corrupção passiva, obstrução à justiça e lavagem de capital, "com fatos genéricos e sem respaldo fático".

Para os advogados William Wagner Maksoud Machado, Ricardo Machado Filho e Fábio Azato, a falta de provas inviabiliza até mesmo o trabalho da defesa.

“Como realizar a defesa técnica do acusado Marcio Shiro Obara, sem saber sequer onde ocorreram os supostos crimes, em qual momento? E qual foi a conduta praticado pela Acusado que levou à conclusão de tal acusação? De que forma foram praticados os abusos? Quais os meios utilizados?”, escrevem.

Ao decorrer do pedido, os advogados lembram que a acusação contra o delegado partiu do depoimento da mulher do guarda municipal Marcelo Rios, preso com arsenal de arma que pertenceria a organização criminosa responsável por pelo menos quatro homicídios na cidade e desarticulada pela Operação Omertà. Alegam então que a versão foi desmentida pela testemunha em audiência na 2ª Vara do Tribunal do Júri e por isso deveria ser desconsiderada.

Para a polícia, a mulher afirmou que “um delegado” recebeu R$ 100 mil para “deixar de apurar” o assassinado do policial militar Ilson Martins Figueiredo. Na época, Obara era o titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) e o responsável pela investigação do crime.

A defesa chama o depoimento de vago, “fantasioso e extremamente grave”. Reforça ainda que a testemunha não aponta quem seria o delegado ou seque em qual delegacia seria levado o dinheiro. “Tal acusação é absurda, desprovida de razoabilidade e carecedora de qualquer suporte probatório”, escrevem os defensores.

Os advogados também rebatem as provas dos autos que comprovam movimentações bancárias de Obara. Para o Ministério Público, os depósitos e transferências seriam referentes ao pagamento da propina. Um deles, inclusive, foi feito ao investigador Célio Rodrigues Monteiro, também denunciado por envolvimento com a organização criminosa.

Para a defesa, a movimentação bancária é “inteiramente explicável”, já que além de profissional com mais de 20 anos de serviço, Obara recebeu herança quando a mãe faleceu, em 2018. De forma detalhada, os advogados afirmam que o dinheiro foi transferido pelo irmão do delegado, que ele fez empréstimo para compra de um terreno e que a quantia transferida para o investigador, R$ 10 mil, era pagamento por uma arma.

“Se, por suposição, o paciente, Delegado de Polícia, tivesse recebido R$ 100 mil em espécie e depois de mais de um ano e dois meses fosse dividir tal propina com o investigador lotado no mesmo local de trabalho, por que o faria na proporção de 60%para o referido policial? Não é lógico, não é prático e muito menos usual neste tipo de delito, já que, à luz do raciocínio de quem pretende ocultar o resultado da propina, o usual é dividir de imediato a propina em espécie ainda em meados de junho de 2018”.

Por fim, os advogados pedem que a denúncia feita pelo Ministério Público seja declarada inepta e que Obara seja absolvido sumariamente de todos os crimes que é acusado. A defesa protestou contra as provas e também passou uma lista de testemunhas a serem intimadas pela justiça em caso de continuação do processo.

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