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Capital

Advogado de policial não vai à reconstituição e espera fim do inquérito

Aline dos Santos | 11/01/2017 11:36
Ricardo (de calça jeans clara e colete da polícia) repetiu gesto dos disparos. (Foto: Marcos Ermínio)
Ricardo (de calça jeans clara e colete da polícia) repetiu gesto dos disparos. (Foto: Marcos Ermínio)

A defesa do policial rodoviário federal que matou um empresário em Campo Grande não participou da reconstituição do crime, realizada entre 5h e 8h20 desta quarta-feira (dia 11) na avenida Ernesto Geisel. “Não acompanhei. Tem que deixar com a polícia, que quer fazer o trabalho dela”, afirma o advogado Renê Siufi.

Apesar de o policial Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, estar preso, a defesa aguarda o encerramento do inquérito para tomar qualquer medida. “Vou esperar o inquérito, estão encerrando agora, por esses dias”, diz Siufi.

De acordo com o advogado, o policial manteve a versão de legítima defesa. “Manteve como foi o fato”, afirma. Nesta quarta-feira, conforme investigadores que participaram da reconstituição, Ricardo disse que atirou em direção à caminhonete Hilux, conduzida pelo empresário Adriano Correia do Nascimento, 32 anos, por acreditar que seria atropelado.

Adriano foi atingido por cinco tiros, perdeu o controle da direção, a caminhonete bateu em um poste e o condutor morreu no local.

Versões - O crime, ocorrido na manhã de 31 de dezembro de 2016, um sábado, teria começado após uma briga no trânsito. Na versão do policial, que é lotado na PRF (Polícia Rodoviária Federal) e seguia em um Mitsubishi Pajeto para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e fez a abordagem após ter sido fechado.

Ele reforçou que sempre se identificou como policial. Na reconstituição, Ricardo usou colete à prova de balas e a polícia interditou dois trechos da avenida, o que resultou em congestionamento por volta das 7h, horário de pico no trânsito.

Com a morte de Adriano, a versão sobre o que aconteceu naquele sábado foi dada pelos passageiros Agnaldo Espinosa da Silva, 48 anos, e seu filho de 17 anos, que foi baleado. Eles afirmam que Ricardo não se identificou como policial e que não tiveram conduta capaz de justificar os disparos efetuados pelo PRF. Pai e filho contam que houve troca de ofensas.

Idas e voltas – Desde o dia do crime, o caso é marcado por conflitos. Primeiro, o juiz concedeu liberdade ao policial, que foi solto em primeiro de janeiro. A decisão foi alvo de reclamação da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil), que anunciou que entraria com representação sobre o caso no CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Contudo no dia 5, o mesmo juiz, a pedido do MPE (Ministério Público estadual), decretou a prisão preventiva. O Ministério Pública alegou que o caso teve circunstâncias especialmente graves e cita fatos que não podem ser “desprezados”. Como Ricardo ser um policial, portanto com dever legal de proteger os cidadãos e que, por ser da PRF, tem um dos treinamentos mais rígidos dentre as forças policiais.

Segundo o MPE, apesar do registro informar que Ricardo foi conduzido pela PM (Polícia Militar), ele compareceu à delegacia de forma espontânea, onde recebeu a voz de prisão em flagrante. Também é destacado que o crime foi às 5h40 e o depoimento do policial foi encerrado às 12h55.

Para a promotoria, “indício de que houve atuação irregular” em favor de Ricardo. O Ministério Público pediu que a conduta dos policiais militares seja averiguada por meio de inquérito da Polícia Civil. Desde ontem, com o fim do recesso do Poder Judiciário, o caso tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

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