Advogado vai responder por "importunação sexual" por assediar motorista
Passageiro, de 27 anos, confirmou a proposta e disse que não entendeu situação como assédio

A Polícia Civil identificou e ouviu o passageiro acusado de assédio por mulher de 31 anos, motorista de aplicativo em Campo Grande. Na madrugada do dia 27 outubro, o homem pediu para a condutora encostar o carro, porque "queria transar". O advogado irá responder pelo crime de importunação sexual.
Em depoimento prestado no dia 18 de novembro à delegada Sueili Araújo, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o advogado confirmou o pedido, mas disse que não entendeu aquilo como assédio e pediu desculpas à vítima.
Conforme a delegada, a situação serve de alerta. “Ela estava no lugar de trabalho, ela foi simpática e atenciosa, porque se tratava de um cliente. Não é porque conversou que ela esta disposta a manter uma relação sexual. Falta consciência do homem em respeitar a mulher como pessoa e não um objeto sexual”, ressaltou.
Suleili explica que o que pode parecer uma cantada, na verdade trata-se de assédio sexual dependo da situação em que é feita. A delegada ainda não concluiu o inquérito, mas o advogado deve ser indiciado a importunação sexual.
A identificação do suspeito foi feita com base em dados fornecidos pela empresa reponsável pelo aplicativo de corrida. Com primeiro nome, endereço e telefon, foi iniciada busca pesquisa nas redes socais. Pelas imagens adquiridas, a motorista conseguiu confirma a identidade do advogado.

“Fiquei sem reação” – A motorista de aplicativo relatou que por volta das 2h, do dia 27 de outubro, aceitou uma corrida no Carandá Bosque com destino ao Bairro Piratininga. Durante o trajeto, o homem disse estar com problemas, abaixou a cabeça e respirou fundo. "Fiquei sem reação", afirmou a vítima na época à reportagem do Campo Grande News.
Preocupada, a motorista disse ter perguntado se o passageiro estava passando mal e se ele queria parar o carro. Ele disse que não e pediu que a mulher continuasse dirigindo. Momentos depois, o rapaz passou a elogiar a vítima, que ficou quieta. Quando passava pela Avenida Fernando Corrêa da Costa, numa área mais escura e isolada, a mulher foi surpreendida pelo suspeito que disse: "Encosta o carro porque quero transar com você".
Em depoimento, o passageiro relatou que tinha solicitado a corrida da sua para casa de um amigo. Durante o trajeto, começou a conversar com a motorista e “sentiu receptividade no diálogo” e então teria propôs manter relação sexual com a vítima. O advogado afirma que não teve a intenção de constranger ou humilhar a mulher, pois, deduziu que poderia fazer a proposta.
Importunação sexual – Sancionada em setembro do ano passado, a lei da importunação sexual, define como crime a prática de um ato libidinoso contra alguém sem o consentimento da pessoa. Na verdade, a medida preenche um vácuo legislativo.
Levantamento realizado pela CBN, em outubro deste ano, mostra que quase 10 mil casos aconteceram no País, um ano após a sanção da lei. Em Mato Grosso do Sul, 382 registros neste período. O Estado é o sétimo colocado em lista de 21 que disponibilizaram os dados.