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Capital

Além de igreja, casal pode ter de se mudar, mas prefeito busca solução

Prefeitura colocou à venda o terreno onde comunidade católica construiu há 25 anos; Arquidiocese quer comprar

Anahi Zurutuza e Richelieu de Carlo | 29/05/2017 18:51
Apesar da preocupação com o impasse, o sorriso de dona Francisca é de quem tem fé em Deus (Foto: Marina Pacheco)
Apesar da preocupação com o impasse, o sorriso de dona Francisca é de quem tem fé em Deus (Foto: Marina Pacheco)

Morando há quase 20 anos na casa construída na comunidade católica Nossa Senhora das Graças, Francisca Lima dos Santos, de 69 anos, e o marido Olivino dos Santos, 67, terão de procurar outro local para viver caso os terrenos onde ficam os espaços mantidos pela igreja não sejam vendidos pela Arquidiocese de Campo Grande. Os dois trabalham como zeladores no local.

Na área de 2.121,73 metros quadrados, há pouco mais de 25 anos, com recursos da própria comunidade, angariados com festas e doações, foram construídos a capela, um salão de festas, oito salas para a catequese, além da casa onde vivem dona Francisca e o marido.

Neste ano, contudo, o terreno, que na verdade pertence ao município, foi colocado à venda pela Prefeitura de Campo Grande por R$ 1,445 milhão.

Para que a igreja permaneça no local, a Arquidiocese manifestou interesse na aquisição do imóvel. A negociação ainda não foi concluída, mas o problema é a Igreja Católica em Campo Grande que não teria todo o dinheiro e por isso, a intenção é oferecer dois terrenos como parte da transação.

“A prefeitura tem que ser amiga da gente. Somos cristãos, então tem que ser a prestação, não é? A gente vai confiando em Deus, juntando dinheiro e pagando aos poucos”, opinou Francisca em entrevista do Campo Grande News.

O casal trabalha na jardinagem e na faxina dos espaços da comunidade Nossa Senhora das Graças desde 2000 em troca da moradia. “Fazemos tudo e somos voluntários”, conta seu Olivino.

A história dos dois na igreja é mais antiga. Dona Francisca, por exemplo, lembra que frequenta a capela desde 1991.

Negociação – O prefeito Marquinhos Trad (PSD) garantiu que vai cuidar pessoalmente da negociação. “Vamos vender ou permutar a área”, afirmou.

O objetivo da venda de imóveis que pertencem ao município seria arrecadar recursos para os cofres da prefeitura, que opera com deficit mensal de não que R$ 30 milhões e na semana passada anunciou cortes de gastos com a folha de pagamento para equilibrar as contas.

Na quarta-feira, o chefe do Executivo municipal, representantes da Arquidiocese e da comunidade se reunirão para discutir o assunto.

Capela da comunidade Nossa Senhora das Graças (Foto: Marina Pacheco)
Capela da comunidade Nossa Senhora das Graças (Foto: Marina Pacheco)
Local para orações foi construído há 25 anos (Foto: André Bittar)
Local para orações foi construído há 25 anos (Foto: André Bittar)

Desafetação – O processo de desafetação – tornar vendável ou apropriável um bem público em algo – se iniciou em 2003, com a publicação da Lei 4.114, do dia 8 de dezembro daquele ano, na gestão do então prefeito André Puccinelli (PMDB).

Essa lei autorizou o Executivo municipal a desafetar diversas áreas públicas, entre as quais os quatro terrenos, onde estão as instalações da comunidade Nossa Senhora das Graças.

Desde a publicação da lei, diversas pessoas e instituições já foram notificadas e algumas áreas já tiveram a situação regularizada. No caso da igreja do Vilas Boas – bairro localizado na região central em área considerada nobre da Capital –, a notificação é de 2 de abril deste ano, conforme informou o coordenador do CPC (Conselho Pastoral Comunitário), Marcos Vieira, no domingo (29).

Na notificação, a prefeitura deu prazo de 60 dias para a Arquidiocese manifestar interesse na compra da área, o que foi feito no dia 8 deste mês. “Claro que estamos preocupados, mas não é uma situação desesperadora e pode, perfeitamente, ser resolvida”, acredita o coordenador.

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