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Capital

Após 1ª operação, quadrilha passou a enviar dinheiro de propina para exterior

Nesta nova fase foi demonstrado como os investigados escondiam os recursos arrecadados em propina durante os governos de André Puccinelli.

Geisy Garnes | 27/11/2018 11:18
Na foto, José Paulo Barbiere, da CGU, Luciano Flores, superintendente regional da PF, Cleo Mazzotti, delegado regional executivo e José Maria de Moraes Nogueira, da Receita Federal, em coletiva de imprensa (Foto: Marina Pacheco)
Na foto, José Paulo Barbiere, da CGU, Luciano Flores, superintendente regional da PF, Cleo Mazzotti, delegado regional executivo e José Maria de Moraes Nogueira, da Receita Federal, em coletiva de imprensa (Foto: Marina Pacheco)

A quadrilha investigada pela Polícia Federal durante a Operação Lama Asfáltica enviava valores arrecadados em propina para contas no exterior - esquema conhecido como “dólar-cabo”. Conforme as investigações, os envolvidos no esquema decidiram enviar o dinheiro para outro país após a deflagração da primeira fase da operação, em 2015.

Segundo o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Luciano Flores, nesta nova fase foi demonstrado como os investigados escondiam os recursos arrecadados em propina durante os governos de André Puccinelli. Dois esquemas utilizados pelo grupo foram identificados pela Polícia Federal - o dólar-cabo e a lavagem de dinheiro atrás de notas frias.

“No dólar-cabo, doleiros do exterior comunicam com doleiros brasileiros e fazem a compensação de recursos que deveriam ser enviados ao exterior e recursos que deveriam ser enviados ao Brasil, mas em vez de fazer isso por meio de canais oficiais, por bancos autorizados pelo Banco Central, é feito pelo mercado negro, assim não fica registro e o indivíduo consegue usar desse subterfúgio para ocultar o dinheiro, caracterizando lavagem de dinheiro”, explicou Flores.

No esquema da Lava Asfáltica, o dinheiro era enviado para contas de laranjas e empresas comerciais no Paraguai. Conforme o delegado Cléo Matusiak Mazzotti, da Delegacia Regional Executiva, é investigado ainda o envio de valores em espécie para o país vizinho.

Já no segundo esquema identificados, empresas de informática forneciam notas fiscais de serviços que não foram prestados para fraudar pagamentos e fazer o dinheiro da corrupção chegar aos integrantes de altos cargos do governo de André.

Nesta terça-feira, foram alvos de prisão preventiva o dono New Tec João Baird, o ex-secretário-adjunto de Fazenda, André Luiz Cance, que está foragido, o empresário Antônio Celso Cortez, dona da PSG Tecnologia Ltda e um homem que atuava como "laranja", chamado Romilton Rodrigues de Oliveira, também foragido.

Fases Lama Asfáltica

A 1ª fase da operação foi deflagrada no dia 9 de julho de 2015. Ela apurava fraudes nas obras públicas de Campo Grande. Em maio do ano seguinte, a 2ª fase foi deflagrada - a Fazendas de Lema. Nela, a casa do ex-governador André Puccinelli foi alvo de busca e apreensão para a investigação da compra de fazendas com dinheiro de propina.

Em julho do mesmo ano, os alvos foram acusados de revender bens de alto valor, entre eles um avião no valor de R$ 2 milhões, e dividir o dinheiro com diversas pessoas, com o objetivo de ocultar a origem. A fase foi batizada de Aviões de Lama.

A Máquinas de Lama, 4ª fase da operação, foi deflagrada em maio de 2017. Nela as investigações denunciavam o direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras, e aquisição fictícia ou ilícita de produtos. Ela também identificou o repasse de propina para servidores públicos em troca de benefícios e isenção fiscal.

A 5ª fase, a Papiros de Lama, revelou uso de documentos falsos para justificar a continuidade de contratos. A investigação apontou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 235 milhões, levando-se em consideração as fraudes e as propinas pagas a integrantes da organização criminosa.

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