ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 18º

Capital

Após 3 anos de luta, vaga especial é instalada, mas no pior local da rua

Flávia Lima | 18/03/2015 14:10
Vaga sinalizada sobre bueiro dificulta transporte de alunos. (Foto:Marcos Ermínio)
Vaga sinalizada sobre bueiro dificulta transporte de alunos. (Foto:Marcos Ermínio)
Gisele questiona a demora e a localização da vaga especial. (Foto:Marcos Ermínio)
Gisele questiona a demora e a localização da vaga especial. (Foto:Marcos Ermínio)

Após aguardar pelo menos três anos pela vaga de estacionamento destinada a portadores de necessidades especiais, mães da escola municipal Geraldo Castelo, localizada na rua Padre João Crippa, na Capital, foram surpreendidas pelo local escolhido para a implantação do espaço: uma boca-de-lobo. Além do bueiro, uma árvore na calçada e o poste de identificação da vaga também dificultam a utilização do espaço. O caso serve de exemplo para tantas outras situações semelhantes na rede de ensino de Campo Grande.

A dona-de-casa Gisele Ferlin, uma das mães que batalharam pela vaga há mais de dois anos, não entende os motivos que levaram os funcionários da Agetran (Agência Municipal de Trânsito) a escolher um espaço inadequado para implantar a vaga. “Nenhuma mãe está utilizando o espaço porque temos medo de parar o carro em cima de uma grade de bueiro. Sem falar na complicação que é tirar a criança com cadeiras de roda numa situação dessas”, reclama.

Mãe da pequena Mariana Ferlin, 6, que estuda há dois anos na escola e utiliza cadeira de rodas devido a uma paralisia cerebral, Gisele conta que ano passado a antiga diretora colocava cones utilizados na sinalização de trânsito para guardar a vaga. “Os guardas municipais eram compreensivos e permitiam essa prática, mas esse ano não foi mais permitido fazer isso”, diz.

A escolha do local também foi criticado pela dona-de-casa Camila Romeiro Blan, mãe de Rafael, 6, que tem dificuldade de locomoção por usar órtese nas duas pernas. Ela revela que devido a ausência de vaga especial em frente a escola, geralmente precisava parar o carro longe do portão, o que já provocou algumas quedas do menino. “Ele não consegue caminhar longas distâncias e já está pesado para ficar só no colo”, afirma.

As duas mães tem a autorização emitida pela Agetran para estacionar em vagas destinadas à portadores de necessidades especiais. Elas contam que o documento ficou pronto em 20 dias e não compreendem porque a sinalização da vaga em frente a escola demorou mais de dois anos. “E quando finalmente fica pronta, ainda sai no lugar errado”, diz Gisele.

De acordo com a assessoria da Agetran, a demora na implantação da vaga foi devido a grande demanda de pedidos, já que as solicitações, além das escolas, partem de diversos órgãos e entidades, como hospitais e comércio em geral. Atualmente, há uma média de mais de 500 solicitações de vagas especiais, no entanto, é necessário fazer o pedido na Agetran, onde será verificada a viabilidade após análise técnica para executar o serviço.

Solidária com as mães, a diretora da escola, Priscila Rodrigues de Souza ligou para a Agetran enquanto a reportagem do Campo Grande News estava no local e foi prometido que o erro seria reparado ainda na tarde desta quarta-feira (18). A escola oferece da Educação Infantil até a 5ª série do Ensino Fundamental e tem 544 alunos. Desses, 21 são portadores de alguma necessidade especial, porém nem todos tem dificuldade de locomoção. “A maioria tem algum comprometimento intelectual. Na verdade apenas duas crianças necessitam da vaga especial para o embarque e desembarque, mas como todo ano cresce o número de alunos especiais, a qualquer momento pode chegar mais alunos que utilizam cadeira de rodas”, ressalta.

Priscila disse que os funcionários da Agetran identificaram a vaga na tarde de terça-feira, e ao ver o posicionamento dela na rua, tentou argumentar dizendo que seria perigoso as crianças desembarcarem em cima de um bueiro, mas um dos funcionários teria dito que a ordem era sinalizar o espaço próximo a uma rampa ou guia rebaixada.

De fato, há uma guia rebaixada próximo a vaga, que dá acesso a garagem da escola, mas a diretora insistiu nos riscos que o bueiro oferece, especialmente porque a escola está localizada em uma rua com declive acentuado, o que dificulta ainda mais a entrada e saída da crianças do veículo. “Era só sinalizar a vaga um pouco mais à frente. As mães não precisariam andar nem um metro a mais para chegar até a entrada da garagem”, diz.

Reformas

Mas a questão da vaga especial não é o único problema da escola. Construído em 1959, o prédio ainda tem grande parte de suas características sem adaptação para facilitar a acessibilidade. A diretora explica que rampas de acesso foram construídas em vários pontos do pátio e quadra, mas os banheiros ainda são antigos. “Tem um trocador que facilita, mas não há barras de segurança nem piso táctil”, diz.

No entanto, ela afirma que um engenheiro da Semed (Secretaria Municipal de Educação) já esteve no colégio este ano fazendo o levantamento das necessidades do prédio para adequá-lo de acordo com a lei da acessibilidade. A entrada da escola é o espaço que mais precisa da reforma, já que a escadaria impossibilita o trânsito dos alunos com dificuldade motora, exigindo que eles sejam carregados no colo. Segundo ela, as obras devem começar até o final do semestre.

Apesar de a entrada da garagem ser liberada para o acesso dessas crianças, Gisele explica que é complicado ficar retirando a filha com a cadeira de rodas, já que a distância que precisa ser percorrida é maior. O equipamento utilizado por Mariana é diferente das cadeiras normalmente usadas pelas pessoas que tem alguma deficiência física. Como Mariana tem paralisia cerebral, a cadeira precisa ser adaptada e é feita de um material mais pesado. "Eu nem levo a cadeira para casa porque lá ela já tem outra. É muito pesada para ficar manejando", explica.

Nos siga no Google Notícias