Após oito meses de espera, corpo de idoso será exumado para sepultamento digno
Marques Ribeiro Gomes, de 66 anos, morreu após um incêndio tomar conta de sua casa no Núcleo Industrial
Após reunião com o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), a família de Marques Ribeiro Gomes, de 66 anos, enterrado como indigente, conseguiu autorização para exumação e posterior sepultamento digno do idoso. O "pesadelo" da família já dura quase oito meses, entre espera pelo resultado de exame de DNA e processo judicial.
Conforme a irmã do idoso, Aparecida Ribeiro Gomes, de 48 anos, ficou definido que o corpo de Marques será exumado e transladado dentro das próximas 48 horas. Ela contou à reportagem que, durante a reunião, diversas explicações foram apresentadas para justificar o fato de o irmão ter sido enterrado sem conhecimento da família.
"Eles disseram que tentaram entrar em contato e não conseguiram, mas eu falei que não aceitava essa desculpa, porque eles tinham o meu telefone e o da minha irmã. E nós tínhamos ido diversas vezes ao Imol. Poderiam ter mandado um WhatsApp", relatou Aparecida.
Ainda segundo ela, os servidores do instituto informaram que a orientação dada pela funerária foi imprecisa, já que o sepultamento, mesmo fora do prazo habitual, pode ocorrer até 90 dias após o óbito sem necessidade de autorização judicial. A informação foi confirmada posteriormente pela Perícia Oficial.
“Mais um detalhe: foi exigido um exame de DNA para o reconhecimento do corpo, mas dois dias após a morte do meu irmão ele já havia sido identificado por meio de uma digital. Mesmo assim, ninguém nos comunicou. Então, não havia necessidade de tanto gasto, tanta dor de cabeça. Eles já tinham a identificação e não nos avisaram”, completou Aparecida.
A família afirma que o novo sepultamento será feito no Cemitério Santo Amaro, em Campo Grande. “Nada que eles justifiquem vai amenizar o que aconteceu. Agora ficou para eles resolverem a exumação e o traslado em até 48 horas”, finalizou.
Em nota, a Perícia Oficial de Mato Grosso do Sul informou que, apesar do avançado estado de carbonização, a identificação do corpo foi realizada pelo Instituto de Identificação por meio de exame papiloscópico em digitais preservadas, dois dias após o exame necroscópico, feito em 22 de agosto de 2024.
O termo de liberação para sepultamento foi assinado por familiares em 31 de outubro. No entanto, o corpo não foi sepultado na época porque a funerária alegou, de forma equivocada, que seria necessário aval judicial por se tratar de sepultamento tardio. Na realidade, conforme a própria perícia, o enterro pode ocorrer até 90 dias após a morte sem exigência judicial.
O corpo de Marques acabou sendo sepultado no dia 28 de dezembro pela SAS (Secretaria de Assistência Social), após, segundo a nota, "diversas tentativas de contato telefônico com os familiares, todas sem sucesso".
“Atualmente, a Polícia Científica de Mato Grosso do Sul, por meio do Instituto de Medicina e Odontologia Legal, está empreendendo esforços para auxiliar a família na realização do sepultamento no local desejado pelos parentes”, finaliza o comunicado.

Incêndio - Imóvel onde funcionava comércio de bebidas e até de combustível foi tomado pelo fogo na noite do dia 21 de agosto de 2024. Um homem foi encontrado carbonizado. Na data do ocorrido, a irmã do morador afirmou que ele morava sozinho no local.
Na noite do incêndio, vizinhos relataram ter visto Marques na frente do imóvel pouco antes das chamas começarem. Uma testemunha afirmou ter visto um homem chamando os bombeiros, mas a identidade dele nunca foi confirmada.
O corpo da vítima foi encontrado no cômodo onde o fogo se concentrou, próximo a um fogão e a um botijão de gás. A polícia e a perícia estiveram no local, e a investigação inicial apontou que apenas o exame de DNA poderia confirmar a identidade da vítima.
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