Calor, estragos e prejuízo que chega a R$ 4 mil é cenário depois do temporal
Ventos chegaram a rajadas de 62,64 Km/h em Campo Grande e atingiu casas das região do Caiobá
Ninguém culpa a chuva de ontem, mas que ela poderia ter vindo com menos ventania, isso teria sido um alento para moradores dos bairros Residencial Celina Jallad e Loteamento Vilagio Rivieira, na região do Caiobá, em Campo Grande. Famílias tiveram casas destelhadas e ainda ficaram sem energia elétrica durante algumas horas, o que significou muito calor dentro de casa.
Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), ventos chegaram a rajadas de 62,64 Km/h em Campo Grande, onde choveu cerca de 5,8 mm até o fim da tarde de ontem.
Aposentado, seu Heriberto Carlos Lacerda, de 46 anos, é morador do Residencial Celina Jallad e conta que ontem a luz ficou indo e vindo do comecinho da noite até o início da madrugada.

"A situação é ruim, mas ninguém teve culpa, foi culpa do temporal, do vento que estava muito forte", comenta. Ele e a esposa têm uma mercearia na varanda de casa e chegaram a ligar para a Energisa que informou que estava tomando providências. "Com luz o calor já é ruim, imagina sem? Eu sou hipertenso e esse tempo o calor faz minha pressão subir", acrescenta.
Moradora do Celina Jallad há quatro anos, a dona de casa Crislaine Silva de Souza, de 40 anos, conta que bastou chover para acabar a luz. "Toda vez que chove acaba e demora para voltar, ontem não chegou a acabar, mas ficou oscilando e a cada 10 minutos caía e voltava", relata.
Ela mora com o marido e duas crianças que ficaram sem ver televisão e nem poder ligar o ventilador das 19h até 23h. "Aí normalizou, mas da outra vez que acabou a luz e demorou, até leite da geladeira azedou. É insuportável ficar em casa sem luz nesse calor, que não dá nem para ligar ventilador. Foi difícil dormir", comenta.

Com uma televisão novinha, o medo de perder o aparelho fez com que Crislaine tirasse da tomada. Ela conta que não chegou a ligar na Energisa por estar sem celular, mas acredita que falta manutenção por parte da concessionária. "Tem que dar manutenção no transformador aqui do bairro, porque ele sempre explode ou acaba a luz, até fogo já pegou".
No Vilagio Rivieira, como o loteamento é recente, a área é toda aberta, o que deixa o vento ainda mais forte. Na casa da babá Cinthia Rosa Nunes, de 32 anos, dos seis cômodos de casa, o quarto dos filhos foi o mais atingido. Ela, o marido e os filhos não estavam na residência quando o temporal começou e quando chegaram, só encontraram sujeira e água dentro de casa.
"A vizinhança falou que começou umas 3h da tarde, cheguei já estava sem energia em casa, tudo escuro. Vi com lanterna que no quarto das crianças estava tudo caído, as camas molhadas, as telhas caídas", descreve.
Hoje, ela nem teve como ir trabalhar para poder resolver os problemas de casa. O marido e os cunhados estavam consertando as telhas e a calha da casa que também saiu voando. "Estou esperando virem fazer o orçamento da calha, só de telha nova a gente gastou mais de 100 reais. Quando eu vi tudo caído, chorei muito, a gente rala para poder ter as coisas e acontece isso", desabafa Cinthia.

Ela fala que a culpa não foi da chuva, pelo contrário. "A gente estava precisando dessa chuva, porque estava muito calor, com muita poeira e esse tempo prejudica as pessoas que tem problema de saúde".
Mecânico, Bruno Henrique Fernandes, de 29 anos, foi avisado pelo pedreiro que está construindo sua casa na região que o muro tombou e o portão também veio ao chão pelo temporal.
"Tenho o terreno há quatro anos, estou construindo há um, é um prejuízo de mais de R$ 2 mil reais, porque vou ter que começar de novo o muro e o portão", contabiliza.
Para ele, o que "pesou" ali foi a área descampada. "Estamos expostos aqui, num local aberto, e estamos sujeitos a passar por isso. Talvez quando o bairro tiver mais loteado, isso não aconteça mais", espera.
Mecânico de maquinário pesado, Ivan Soares, de 36 anos, também contabiliza os prejuízos nesta manhã. No caso dele, o temporal derrubou o muro do barracão onde funciona a oficina.
"Estava construindo o muro para fechar a oficina e derrubou tudo. Estava quase pronto. Já fiz um orçamento, e para refazer o pedreiro me cobrou R$ 4mil reais. Mas não tem o que fazer, é a força da natureza".
Ainda na noite de ontem, ruas chegaram a ficar bloqueadas pela queda de árvores, como foi a Rua Flora Rica, na esquina com a Cayová, na região do Jardim São Lourenço. Os galhos não deixavam motoristas entrar na Cayová.
No Coophavilla II, os galhos e o vento acabaram por derrubar a fiação elétrica que está toda na calçada da Rua Beiramar.
A Energisa contabilizou 25 bairros que continuam sem luz.