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Capital

Centenária, imagem de Abadia é restaurada e volta amanhã à Catedral

A “entronização” da imagem será dia 20, a partir das 19h, na Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio

Aline dos Santos | 19/12/2018 12:51
Imagem veio de trem, carroça e carro de boi para chegar a Campo Grande em 1912. (Foto: Kisie Ainoã)
Imagem veio de trem, carroça e carro de boi para chegar a Campo Grande em 1912. (Foto: Kisie Ainoã)

Habituada a longas jornadas, a imagem de Nossa Senhora de Abadia, que chegou a Campo Grande em 1912, volta amanhã para o altar da catedral. A cerimônia de “entronização” acontece depois de um delicado processo de restauração, que resgatou a beleza encoberta pelo tempo, excesso de cola e tinta.

O trabalho, que durou quatro meses, coube à restauradora Mara Inês da Cruz Silva. Ela conta que o manto da santa foi quem mais exigiu cuidados.

“Diante de uma imagem centenária e de extremo valor devocional, as dificuldades apresentadas também são grandes. Tinha problemas sérios: descolamento da camada pictórica, sujidade, porosidade. Tudo isso devido à idade da imagem. O manto estava muito comprometido”, diz.

Nos 120 dias de convivência no ateliê, interação, cuidados e emoção. “Diante da minha concentração no trabalho e em oração, percebi que ela ia se mostrando para mim. Isso foi maravilhoso. Fui resgatando a história dela e tem a ver comigo. Ela passou pela minha terra, Presidente Epitácio, e ficava pensando no percurso até aqui. Me sentia emocionada, tenho que agradecer a Deus por essa oportunidade”, afirma Mara Inês.

A “entronização” da imagem será amanhã (dia 20), a partir das 19h, na Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio, localizada na Travessa Lydia Baís, esquina com a avenida Calógeras, Centro.

A celebração também terá a benção do novo sacrário. Em julho deste ano, invasores destruíram o local onde se guarda o Santíssimo Sacramento. O sacrário, que pesa muitos quilos, foi arrancado da parede e jogado no chão. Para os católicos, a violação do Santíssimo Sacramento é grave sacrilégios, pois as hóstias consagradas são o próprio Jesus.

Restauração durou quatro meses. " Tenho que agradecer a Deus por essa oportunidade", diz Mara Inês. (Foto: Kisie Ainoã)
Restauração durou quatro meses. " Tenho que agradecer a Deus por essa oportunidade", diz Mara Inês. (Foto: Kisie Ainoã)

Saga de Abadia - De origem francesa, a imagem, que deve contar ao menos com 116 anos, chegou em 3 de agosto de 1912 à Capital. Primeiro, veio de trem de São Paulo a Três Lagoas, onde terminava os trilhos.

Depois, seguiu viagem de carroça até Ribas do Rio Pardo e os quase 100 quilômetros restantes até Campo Grande foram completados de carro de boi. Seis dias depois, em 9 de agosto, foi entronizada na “pequenina e modesta igreja de Santo Antônio”.

A primeira parada em solo campo-grandense foi na fazenda Rancharia, onde hoje está o condomínio de luxo da Dahma. Abadia foi a primeira devoção local à Nossa Senhora. A festa da chegada, em 1912, ganha retrato em texto da professora Lygia Carriço de Oliveira Lima.

“Foram calculadas duas mil pessoas no séquito. Umas até choravam de alegria e de felicidade. Muitas famílias resolveram colocar em suas janelas toalhas brancas, vasos de flores, velas e imagens de santos. No altar pairava um grande e inaudito sentimento de religiosidade. E a presença de Nossa Senhora de Abadia prenunciava um novo tempo para Campo Grande”.

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